Três investimentos perdem para inflação no 1º semestre mesmo com desaceleração do IPCA; confira lista

Segundo estudo do Trademap, ouro, dólar e euro registraram perdas entre 2% e 7%; inflação no período ficou em 2,87%

Wellington Carvalho

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Três aplicações tiveram retorno negativo no acumulado do primeiro semestre e, consequentemente, perderam para a inflação do período – mesmo com a tendência de queda do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA de junho registrou deflação de 0,08%. Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 3,16% e, no ano, de 2,87%.

Mesmo com a desaceleração do índice, ouro, dólar e euro não conseguiram superar a variação da inflação oficial do País na primeira parte do ano, aponta levantamento feito por Einar Rivero, diretor comercial do TradeMap, que monitora 13 tipos de investimentos.

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Essas aplicações registraram perdas entre 2% e 7% no período. Com retorno de 65%, o Bitcoin (BTC) liderou os ganhos nos seis primeiros meses do ano, conforme mostra o ranking abaixo.

Fonte: Trademap

Em junho, o ouro registrou queda de 6,2%, o dólar de 5,4% e o euro de 3,06% – e também perderam para o IPCA do período, a deflação de 0,08% divulgada nesta terça-feira (11). No mês passado, o Ibovespa encabeçou a lista dos melhores investimentos.

Bitcoin

O Bitcoin (BTC) teve o melhor desempenho semestral dos últimos quatros anos, apesar dos aumentos de juros do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) e da batalha regulatória da SEC – equivalente americana da Comissão de Valores Mobiliários – contra as duas principais exchanges de criptomoedas do setor, a Coinbase e a Binance.

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O maior criptoativo do mercado valorizou 86% nos últimos seis meses, pulando de US$ 16.547 no último dia de 2022 para US$ 30.816 nesta sexta-feira (30). No mesmo período, o Ethereum (ETH), segundo maior token por capitalização, valorizou 57%, segundo o CoinMarketCap.

Parte do bom desempenho da criptomoeda, segundo José Gabriel Bernardes, sócio da Fuse Capital, se deve a movimentos recentes de gigantes financeiros no setor, como a BlackRock, que entrou com pedido de ETF (fundo de índice) spot de Bitcoin, e a EDX Markets, nova exchange apoiada por Citadel, Fidelity e Charles Schwab.

“São players institucionais maduros e conhecidos, que sabem como o mercado de capitais funciona, que vão operar com infraestrutura possivelmente descentralizada, mas usando regras do mercado tradicional. Isso é muito relevante”, disse ele.

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Ibovespa

O Ibovespa fechou o mês de junho e o semestre com ganhos expressivos de 9,17% e 7,61%, respectivamente, com uma visão de redução dos riscos fiscais e expectativa pelo início do ciclo de corte de juros pelo Banco Central no segundo semestre.

Na primeira metade deste ano, cinco ações tiveram ganhos acima de 60%. Foram elas: Azul (AZUL4), Yduqs (YDUQ3), Gol (GOLL4), IRB (IRBR3) e Cyrela (CYRE3). Em junho, Gol, Yduqs, Azul, Assaí (ASAI3) e Braskem (BRKM5) despontaram entre as maiores altas, com ganhos respectivos de 58,29%, 40,87%, 29,73%, 27,91% e 24,04%.

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Na primeira metade do ano, sete ações tiveram baixa acima de 20%: Alpargatas (ALPA4), Méliuz (CASH3), Assaí (apesar de se recuperar em junho), Vale (VALE3), Carrefour (CRFB3), CVC (CVCB3) e Bradespar (BRAP4). Traremos análises mais detalhadas sobre as cinco primeiras, mas é válido destacar que CVCB3 passou por uma oferta de ações para adequar a estrutura de capital. Nos cálculos do JP Morgan, a CVC precisaria de aproximadamente R$ 1 bilhão para sanar seus problemas de estrutura de capital em meio a resultados ainda fracos. Já o desempenho da Bradespar está bastante atrelado ao de Vale e minério de ferro.

Neste último mês, as cinco maiores baixas ficaram com Méliuz, Magazine Luiza (MGLU3), Alpargatas, Via (VIIA3) e Petz (PETZ3). As baixas foram de 12,25%, 11,32%, 10,92%, 9,66% e 9,24%, respectivamente, no último mês do semestre.

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Ifix

O Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa – aparece na quarta posição do estudo do Trademap, com valorização de 10% nos primeiros seis meses do ano.

O FII Tellus Properties (TEPP11) fechou o período com o melhor desempenho entre os principais fundos imobiliários do mercado. A carteira acumulou ganhos de 37%, reforçando a expectativa de uma nova fase para os FIIs de “tijolo” – que investem diretamente em imóveis.

O fundo faz parte do segmento de escritório, um dos mais prejudicados pelas restrições impostas pela pandemia da Covid-19. Diante da redução na circulação de pessoas, os FIIs de lajes corporativas tiveram nos últimos anos relevante perda de receita.

O ciclo de alta da taxa básica de juros da economia nacional, a Selic, que subiu de 2% no início de 2021 para os atuais 13,75% ao ano, também reduziu a atratividade desta classe de fundo.

Em junho, o Ifix acumulou alta de 4,7% e completou o terceiro mês seguido de ganhos – o que não ocorria desde outubro de 2022.

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Dividendos

No primeiro semestre de 2023, empresas listadas distribuíram R$ 117,9 bilhões a acionistas, 6% abaixo dos R$ 125,2 bilhões do primeiro semestre de 2022, segundo dados da plataforma Meu Dividendo.

O recuo podia ter sido maior. Segundo analistas, os pagamentos vieram graças a uma pequena “gordura” de lucros do exercício anterior, além de eventos extraordinários que impulsionaram proventos de algumas companhias — como é o caso da nova primeira colocada, que deixou a Petrobras, campeã de 2022, para trás.

Segundo levantamento do TradeMap, a maior pagadora de dividendos do semestre foi a empresa de calçados Grendene (GRND3), dona das marcas Ipanema, Melissa e Rider. A Grendene pagou R$ 1 bilhão em dividendos em maio.

O valor, represado entre abril de 2016 e dezembro de 2022, é referente à decisão do Tribunal Federal da 5ª Região que reconheceu, em 19 de dezembro do ano passado, o direito de a empresa não incluir valores correspondentes a benefícios fiscais concedidos pelo estado do Ceará na base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Com essa decisão, a empresa recebeu a permissão para distribuir valores que até então estavam reservados.

Na segunda e terceira posição entre as maiores pagadoras do semestre ficaram as ações preferenciais (PETR4) e ordinárias (PETR3) da Petrobras com dividend yield de 19,40% e 16,95%, respectivamente.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.