Inflação e juros altos favorecem investimentos alternativos, como créditos em recuperação, diz gestor da Jive

Momento é "muito especial" para os chamados "distressed assets", avalia Alexandre Cruz - que mira retornos de 20% ao ano nos fundos da gestora

Wellington Carvalho

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A combinação inflação e juros elevados tem assustado a maior parte da sociedade – mas, do ponto de vista dos negócios, o atual cenário tem sido de muitas oportunidades para quem foca em recuperação de crédito, direitos creditórios, precatórios e outros ativos classificados como distressed.

“É um momento muito especial para os investimentos alternativos”, afirma Alexandre Cruz, co-fundador da Jive Investments, plataforma que também financia empresas em recuperação judicial e investe em direitos discutidos na justiça e imóveis cujos proprietários possuem problemas de crédito.

O tema foi um dos destaques do painel Muito Além do Padrão, na edição 2022 da Expert XP — para acompanhar as palestras online ou presencialmente em São Paulo, inscreva-se aqui.

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No debate, Cruz traçou um cenário bastante otimista para este mercado, especialmente diante de uma Selic de dois dígitos – a taxa básica de juros da economia está em 13,25% ao ano atualmente.

O gestor lembra que o aumento dos juros e a própria inflação reduzem o poder de compra do consumidor e inibem a realização de novos empréstimos e financiamento, prejudicando vários segmentos da economia. No entanto, aponta, muitas operações já estão em andamento e podem gerar oportunidades para quem atua na recuperação de crédito.

“Para quem já tomou o dinheiro emprestado, vai ficar muito mais difícil honrar o compromisso”, prevê Cruz, lembrando que, além da Selic, os índices de inflação também elevados. “Acho que o cenário [de inadimplência] vai piorar e, consequentemente, vai melhorar para a gente”, reflete.

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Em momentos como o atual – de inadimplência subindo – bancos negociam carteiras de devedores duvidosos em troca de benefícios fiscais. Os fundos focados no segmento distressed ou special situation compram os ativos por um preço bem menor e miram em retornos mais elevados no longo prazo.

“A Jive mira hoje em um retorno na casa dos 20% ao ano para os cotistas”, calcula Cruz. Segundo ele, os ativos alternativos são uma boa opção para diversificação do portfólio do investidor que olha para o longo prazo. “A ideia é entrar em um negócio que, se der errado, você ganha dinheiro e, se der certo, você ganha muito mais”.

Embora não mantenha um setor específico no radar, o gestor cita o segmento de infraestrutura como um que possui boas oportunidades atualmente. Empresas envolvidas com concessões que não tiveram êxito ou mesmo citadas em operações policiais – e que podem estar em recuperação judicial – são exemplos de companhias financiadas pela Jive.

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Para o sucesso da operação, no entanto, o gestor lembra da importância de uma análise criteriosa dos ativos que poderão ser recuperados e gerar retorno para os cotistas.

Atualmente, Cruz cita que evita os segmentos que oferecem muitas incertezas, como é o caso do de lajes corporativas, que ainda discute o modelo de trabalho que prevalecerá no futuro – home office, presencial ou híbrido.

Com expectativa de mais de 30.000 visitantes in loco e um milhão de espectadores remotos, a Expert XP inclui, entre os convidados, nomes internacionais como Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido entre os anos de 2016 e 2019; Amy Webb, futurista americana, autora, fundadora e CEO do Future Today Institute; Lawrence H. Summers, ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos; Howard Marks, sócio fundador e co-chairman da Oaktree Capital Management; e Serena Williams, tenista norte-americana. Confira a lista dos demais convidados.

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.