Amy Webb, a entusiasta das experiências que podem mudar o mundo

Futurista norte-americana é consultora de lideranças e aponta tendências tecnológicas e científicas que podem ditar os rumos da humanidade

Amy Webb
Crédito: Amanda Stronza / Getty Images
Nome completo:Amy Lynn Webb
Data de nascimento:18 de outubro de 1974
Local de nascimento:East Chicago, Indiana, Estados Unidos
Formação:Bacharelado em Ciência Política, Teoria dos Jogos e Economia e mestrado em Jornalismo
Ocupação:Professora da Universidade de Nova York e CEO do Future Today Institute

Quem é Amy Webb?

Futuristas – os bons – não são alquimistas, nem oráculos ou cartomantes. Identificar tendências socioeconômicas, geopolíticas, midiáticas e empresariais é muito mais ciência do que arte. É dessa maneira que a norte-americana Amy Webb, considerada um dos expoentes do pensamento moderno, busca explicar como se tornou uma futurista quantitativa.

Atualmente, é professora da Universidade de Nova York, na qual desenvolveu e leciona em um curso de MBA em prospectiva estratégica e previsão de futuros na Stern School of Business. É também fundadora e CEO do Future Today Institute (FTI), que investiga “riscos e oportunidades futuras”, como descrito pela própria instituição.

O objetivo é prestar consultoria a líderes empresariais e governos, auxiliando-os a lidar com questões complexas, que envolvam grandes incógnitas. Nesse sentido, Amy é pioneira na criação de uma metodologia para elaborar cenários prospectivos, orientada por dados e tecnologia, que é utilizada hoje em centenas de organizações.

A revista Forbes já incluiu a futurista no rol das “cinco mulheres que estão mudando o mundo”. Ela integra também a lista “Thinkers50” de 2021, que aponta os 50 intelectuais de gestão mais influentes do planeta.

Considerada uma autora de best-sellers, tem cinco livros publicados e sua obra mais recente se chama “The Genesis Machine” (A Máquina da Gênese, em tradução livre), lançada em fevereiro deste ano, em parceria com Andrew Hessel, especialista em biologia sintética. Juntos, discutem o futuro da promissora e controversa plataforma tecnológica que combina biologia e inteligência artificial.

A biologia sintética, aliás, é considerada por Amy a tecnologia mais importante da atualidade. “Em breve, vamos ouvir falar de synbio [abreviação de synthetic biology], e por uma boa razão”, comenta a autora, em sua página na internet. “A biologia sintética promete revelar como a vida é criada e como pode ser recriada, permitindo aos cientistas reescrever as regras da nossa realidade.”

Em termos práticos, pode ajudar a curar enfermidades sem o uso de medicamentos, promover culturas agrícolas sustentáveis e enfrentar catástrofes climáticas, por exemplo.

“Em breve, programaremos estruturas vivas, biológicas, como se fossem pequenos computadores”, diz Amy, que também lança a discussão sobre quem deve decidir como manusear os organismos vivos e se é preciso haver limites para os avanços humanos.

No início do ano, o FTI divulgou seu relatório “Tech Trends Report” de 2022, no qual analisa cerca de 600 tecnologias e tendências científicas que afetam a maioria dos setores industriais. Na apresentação dos principais “insights” da pesquisa, organizados em 13 grandes tópicos, Amy questiona: “O que é o novo normal?”

Segundo ela, a maioria de nós sente uma necessidade urgente de voltar ao normal, especialmente porque continuamos a testemunhar e suportar uma quantidade de mudanças sem precedentes. Ao mesmo tempo, quase todos os dias, um novo conjunto de sinais emerge para desafiar nossos modelos mentais existentes.

“O novo normal está se desdobrando para aqueles que sabem como re-perceber sinais no presente”, conclui Amy.

Da música para a ciência, rumo ao futuro

Amy Lynn Webb nasceu em East Chicago (Indiana), em 18 de outubro de 1974. É judia e reside em Baltimore, Maryland (EUA), com o marido e uma filha.

Ingressou na Universidade de Indiana para estudar clarinete clássico na Jacobs School of Music. Posteriormente, obteve bacharelado em Ciência Política, Teoria dos Jogos e Economia pela instituição. Possui também mestrado em Jornalismo, concluído em 2001, pela escola de pós-graduação da Universidade de Columbia.

Durante o ensino médio e a faculdade, teve diversos empregos. Foi professora de piano e de clarinete, secretária municipal adjunta da cidade de Bloomington – onde fica a Universidade de Indiana – e professora assistente de teoria dos jogos e economia, entre outras ocupações. Teve também uma pequena empresa de suporte técnico para computadores.

Antes de criar o FTI, em 2006, Amy trabalhou como jornalista correspondente no Japão, para revista Newsweek, e na China, para o The Wall Street Journal. Na passagem pela Ásia, obteve a certificação Nikyu, de proficiência em japonês, concedida pelo governo daquele país.

Ela integra a Academia de Artes e Ciências Televisivas e gosta de colaborar com escritores e produtores de Hollywood em filmes, programas e comerciais sobre ciência, tecnologia e futuro. Em seu reportório está a consultoria para a gigante de streaming Hulu na série “The First”, um drama de ficção científica – temática da qual é fã – sobre os primeiros humanos a viajar para Marte, lançada em 2018.

Pesquisar, escrever e compartilhar conhecimento

Amy conta que escreve bastante e que isso a ajuda a pesquisar e raciocinar. Contrariando o senso comum, decidiu há anos tornar públicas suas ferramentas de previsão e sua metodologia, entre outras informações e análises, que podem ser acessadas na página do FTI.

No relatório deste ano sobre tendências tecnológicas, um documento com mais de 650 páginas, há um vasto conteúdo sobre os mais diferentes temas, de inteligência artificial a questões relacionadas ao clima, passando, claro, por biologia sintética.

Amy comenta, por exemplo, que já é possível encomendar o sequenciamento completo de um genoma por US$ 99, cerca de metade do preço de um AirPod da Apple. Em seguida, lança a informação de que menos de 2% dos que tiveram seus genomas sequenciados são da África – “o que significa que um enorme número de pessoas não tem acesso aos benefícios da investigação genética”.

No tópico dedicado ao Metaverso – ambiente que promete integrar realidade virtual e mundo real –, acredita que os usuários criarão múltiplas versões digitais de si mesmos, adaptadas para propósitos específicos, e que isso deve resultar em uma fragmentação. O resultado, afirma, será um fosso cada vez maior entre quem é a pessoa no mundo físico e quem ela projeta ser nas várias plataformas online.

Ela chama atenção também para as lacunas regulatórias diante do acelerado avanço tecnológico. “Em alguns estados dos EUA, o reconhecimento facial sem consentimento agora é ilegal, mas não existem leis contra o reconhecimento emocional.”

Entusiasta do conhecimento, Amy contribui com pesquisas e análises para diversas publicações, incluindo Los Angeles Times, Wired, Harvard Business Review, MIT Sloan Management Review e Inc. Magazine.
Faixa preta de primeiro grau (Shodan) em Aikido, abandonou a arte marcial japonesa após um acidente. Atualmente, gosta de andar de bicicleta nos finais de semana, percorrendo trilhas de longa distância.

No livro “Data, A Love Story” (Dados, uma História de Amor, em tradução livre), lançado em 2013, Amy conta sua saga em busca de um namorado em sites relacionamento, um episódio também descrito por ela mesmo no vídeo “How I hacked online dating” (Como eu decifrei o sistema de sites de relacionamento, em tradução livre), com mais de 8 milhões de visualizações no link disponível em sua página pessoal.

Criando seu próprio “algoritmo do amor”, Amy acabou conhecendo Brian Woolf, que a pediu em casamento durante uma viagem a Petra (Jordânia). O nome da cidade foi escolhido para batizar a filha do casal, cuja imagem Amy nunca compartilha em redes sociais.

“Sou uma entusiasta das experiências”, diz ela, em sua biografia oficial. “Geralmente, quando não estou trabalhando, viajo para um destino diferente, não convencional, ou experimento algo novo.”

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