Gestora Hashdex vai usar estratégia de renda passiva com criptos para reduzir taxas de administração

Empresa irá aplicar patrimônio de seus produtos no staking, mecanismo cripto que entrega "juros" sobre ativos depositados

Lucas Gabriel Marins Paulo Barros

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A gestora brasileira de fundos de criptoativos Hashdex anunciou nesta quarta-feira (5) que vai alocar parte do patrimônio de seus produtos de investimento em uma solução de renda passiva que permite obter “juros” em cima de criptomoedas, de modo a maximizar a rentabilidade dos ativos.

Pela estratégia, criptomoedas que compõem os portfólios de alguns ETFs e fundos da casa serão voltadas para o staking, um mecanismo utilizado por algumas criptomoedas que permite obter um rendimento em cima de unidades do ativo “paradas”.

Assim como clientes de alguns bancos podem obter 100% do CDI sobre um valor depositado em conta, o staking oferece uma remuneração para quem decide “travar” criptomoedas na rede blockchain. Mas, enquanto banco quer atrair capital para emprestar para outras pessoas, as criptos buscam pessoas interessadas em participar da execução da blockchain, contribuindo com sua segurança.

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Os rendimentos do staking são calculados em termos percentuais sobre o montante travado pelo usuário, pago na própria criptomoeda. No caso do Ethereum (ETH), o retorno está atualmente na casa dos 5% anuais.

Segundo a Hashdex, os valores arrecadados serão revertidos para a amortização de taxas de administração dos fundos.

Nos casos de fundos de gestão ativa, os ganhos serão usados para entregar retorno adicional ao cotista.

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Para o ETF ETHE11, que rastreia o preço do Ethereum, a gestora projeta que a receita obtida com os “juros” recebidos até superem os custos do produto. Em outros casos, como o do HASH11, que é composto por uma cesta variada de ativos, a estimativa é de que entre 40% e 80% dos custos sejam compensados pela nova receita gerada.

Além desses, os ETFs META11, DEFI11 e WEB311, bem como fundos de criptomoedas no exterior, serão beneficiados com a medida. Ficarão de fora apenas os produtos que investem em criptomoedas como o Bitcoin (BTC), que não é compatível com o staking.

Como o staking envolve “trancar” criptomoedas para receber recompensas automáticas, a Hashdex criou regras de segurança para mitigar riscos, garantindo liquidez para atender a resgates a qualquer momento.

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“Como cada ativo que suporta o staking tem regras específicas de saque, desenvolvemos uma metodologia que estabelece um limite máximo de quanto pode ser bloqueado em staking para cada um desses ativos em qualquer fundo. Dessa forma, é garantido que todos os eventuais pedidos de resgate possam ser honrados”, falou Samir Kerbage, CIO da Hashdex.

A gestora informou que divulgará periodicamente em seu site o retorno das criptomoedas depositadas em mecanismo de renda passiva, assim como o impacto nos fundos e ETFs.

O staking é utilizado por várias criptomoedas, incluindo menos conhecidas como Solana (SOL) e Polkadot (DOT) , mas ganhou força há alguns meses após o Ethereum, que é a segunda maior cripto do mundo, também passar a adotar esse mecanismo com a atualização “Merge“.

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A decisão da Hashdex vem quando o Ethereum se prepara para finalizar a implementação da funcionalidade com uma nova mudança no protocolo, chamada de “Shanghai“, prevista para a próxima semana.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney