FTX era “castelo de cartas construído sobre mentiras”: começa julgamento do ex-bilionário Sam Bankman-Fried

Fundador da FTX é acusado de orquestrar um golpe que deixou um prejuízo de US$ 8,7 bilhões a investidores de todo o mundo, inclusive no Brasil

Equipe InfoMoney

(Bloomberg)
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O império de Sam Bankman-Fried era um “castelo de cartas” que foi “construído sobre uma mentira”, disse o Departamento de Justiça dos Estados Unidos na fala de abertura no julgamento do fundador da FTX, corretora de criptoativos que faliu em novembro do ano passado.

“Ele despejou dinheiro de outras pessoas em investimentos [pessoais], gastou esse dinheiro de todas as maneiras consigo mesmo”, disse, diante de um júri composto por 12 pessoas, o procurador assistente dos EUA, Nathan Rehn, em audiência no segundo dia do julgamento de Bankman-Fried, nesta quarta-feira (4), em Nova York.

Rehn disse que, ao longo da acusação, a procuradoria mostraria provas de que o ex-bilionário “mentiu para seus clientes” e usou recursos de usuários depositados em sua plataforma para comprar “dinheiro, poder e influência”.

A acusação também argumentou que os valores de clientes foram desviados para outra empresa do mesmo grupo, a Alameda Research, que foram gastos em “luxos” para Bankman-Fried,, seus amigos e familiares, além de doações para campanhas políticas.

“Vocês descobrirão que o réu tirou bilhões de dólares de contas [de clientes] e gastou sem que os clientes tivessem como saber”, afirmou o procurador.

A favor do governo americano estão alguns dos principais aliados de Bankman-Fried, como sua ex-namorada Caroline Ellison, CEO da Alameda, que confessou o crime e concordou em cooperar com a promotoria. Outros três executivo da FTX — Gary Wang, Nishad Singh e Ryan Salame — seguiram o mesmo caminho e admitiram ter ajudado o antigo sócio para fraudar clientes.

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A defesa de Bankman-Fried, no entanto, sustentará no julgamento que ele sempre agiu de boa fé, que o colapso da empresa se deu por uma combinação de crescimento rápido e condições do mercado. Além disso, atribuirá que parte da culpa é de Ellison, por não instalar nos sistemas da FTX salvaguardas para proteger recursos de clientes.

Os advogados de Bankman-Fried argumentaram nesta quarta que seu cliente nunca teve a intenção de roubar dinheiro dos usuários. “Ele não pretendia roubar ninguém”, disse o principal advogado da defesa, Mark Cohen, aos jurados.

Cohen também alegou que a acusação estava “tirando as coisas de contexto”, e que Bankman-Fried “trabalhava muito”, tinha centenas de decisões a tomar tomadas todos os dias, e que não poderia conhecer de perto todos os detalhes da operação.

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Entenda o caso

Sam Bankman-Fried é acusado de orquestrar um golpe que deixou um prejuízo de US$ 8,7 bilhões a investidores de todo o mundo, inclusive no Brasil.

A FTX começou a ruir no final de 2022, quando a exchange passou a enfrentar uma crise de liquidez envolvendo sua empresa-irmã, a Alameda Research. Em meio à corrida de saques após a notícia, o negócio entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, deixando o mercado ainda mais assustado. Na mesma época, Bankman-Fried renunciou ao cargo, que passou a ser ocupado pelo atual CEO, John Ray III.

De lá para cá, o caso pareceu um filme de Hollywood. O empresário foi preso nas Bahamas, onde vivia, mas foi liberado na sequência após o pagamento de uma fiança de US$ 250 milhões garantida por seus pais, Joseph Bankman e Barbara Fried, que também são processados no caso.

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Em meados deste ano, ele foi preso novamente — primeiramente na casa de seus progenitores e depois em um centro de detenção no Brooklyn, em Nova York (EUA), onde está até hoje — por intimidar testemunhas e influenciar depoimentos.

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O julgamento deve durar seis semanas. O júri foi formado terça por 12 pessoas, e nesta quarta, os advogados de defensa e a promotoria apresentaram suas argumentos e convocaram testemunhas. A previsão é que o embate jurídico termine no dia 11 de novembro.

(Com agências e The Guardian)