Conteúdo editorial apoiado por

Como se planejar para morar em Portugal? Confira 5 dicas para investir e poupar

Especialista em planejamento financeiro explica que a organização precisa começar a ser feita com um ano ou mais de antecedência

Carla Carvalho

Publicidade

Morar no exterior se tornou um desejo para muitos brasileiros. Segundo uma pesquisa realizada em 2023 pela FGV Social, 47% dos jovens brasileiros, entre 15 e 29 anos, se enquadram nesse contexto, mas para tirar o sonho do papel é necessário muito planejamento. E uma das fases mais importantes é o cuidado com as finanças

“Tomada a decisão, é necessário planejar as finanças com um ano ou mais de antecedência. Regras para concessão de visto e cidadania, permissão para emprego e tributação também precisam ser consideradas”, alerta Rejane Tamoto, Planejadora Financeira Pessoal (CFP).

Na quinta reportagem da série especial sobre viver em Portugal, trouxemos dicas da Rejane sobre aspectos importantes que envolvem as finanças pessoais, direta ou indiretamente. Continue a leitura e confira as orientações da especialista.

Continua depois da publicidade

Veja também os conteúdos anteriores da série:
Quanto custa morar em Portugal? Veja o gasto de brasileiros que vivem em Lisboa
Viver em Portugal: golpes e burocracia do país europeu dificultam vida de brasileiros
Alimentação em Portugal: quanto custa mercado, restaurante e delivery?
Quer viver em Portugal? Veja qual tipo de visto é ideal para você

Como fazer o planejamento financeiro para viver em Portugal?

Para facilitar o passo a passo, dividimos em tópicos os temas abordados por Rejane na entrevista ao InfoMoney. Acompanhe a seguir.

Levante informações sobre o custo de vida

Portugal passou por alta de 50% nos preços dos aluguéis nos últimos cinco anos, o que exige cuidado redobrado na escolha da cidade em que se deseja morar. “Essa alta resultou em uma situação de brasileiros que, mesmo com emprego, passaram a morar na rua, pois a renda se tornou insuficiente para bancar a alta dos aluguéis. Além disso, é preciso considerar também a caução exigida no contrato de aluguel, que é de, no mínimo, três meses”, diz a planejadora.

Continua depois da publicidade

Segundo informações do programa de retorno voluntário Árvore, da Organização das Nações Unidas (ONU), que auxilia na compra de passagens e na ajuda de custo na repatriação de imigrantes, cerca de 1.800 brasileiros retornaram ao Brasil entre 2016 e 2023, o equivalente a 89% dos imigrantes que voltaram para casa por não terem condições de se manter em Portugal.

“É importante fazer uma pesquisa minuciosa do custo de vida, e não apenas com dados da internet. Faça um levantamento de custos básicos como  moradia, alimentação, transporte e educação, e busque informações de pessoas que já moram na mesma cidade para onde pretende ir”, aconselha Rejane.

Ela recomenda também que se faça amizades e conexões no local, e, se possível, um teste de um mês ou mais morando fora antes da mudança definitiva. Isso ajuda a ter certeza de que o orçamento projetado dará conta das despesas.

Continua depois da publicidade

“Muitas vezes, a pessoa que quer morar fora imagina que terá uma rotina de turista, indo aos mesmos restaurantes e passeios, e que terá empregados domésticos, o que não é comum em Portugal como no Brasil. Eu já presenciei casos de famílias que fizeram o ‘test-drive’ e declinaram a ideia de mudar de país, por causa da diferença entre idealização e realidade”.

Diversifique investindo no Brasil e no exterior usando o mesmo App com o Investimento Global XP

Reserva de emergência

Feita a projeção de custos, é hora de formar a reserva financeira. Segundo Rejane, o ideal é que ela seja equivalente a, no mínimo, 12 meses do custo de vida da cidade onde se quer morar. No cálculo, é preciso contar também com despesas adicionais além da mudança – como possíveis atrasos e itens extras para a casa.

Continua depois da publicidade

“Já vi casos em que o contrato de aluguel foi cancelado de última hora pelo proprietário. Como teve que encontrar outro imóvel às pressas, a pessoa acabou pagando mais caro pelo aluguel do que gostaria. Portanto, essa reserva deve ser conservadora, considerando o que pode dar errado”, alerta.

Também é importante pensar em um orçamento de adaptação, com as despesas da chegada, como passeios, lazer e restaurantes. É preciso levar em conta também custos com advogados e despachantes, que podem ser necessários para a documentação relacionada à mudança. Valores de contêineres e serviços de transporte, empacotamento, embalagens e seguros – inclusive de saúde – também devem estar previstos.

Como investir a reserva financeira

A reserva de segurança para o custo de vida em um país deve ser feita na moeda local – no caso de Portugal, em euros. Nesse sentido, Rejane recomenda que se faça a conversão de reais para euros aos poucos, com antecedência mínima de um ano, para aproveitar uma taxa de câmbio média. E os recursos devem ser investidos de forma segura e conservadora. 

“Nada de renda variável, pois essa reserva precisa ser acessada de forma fácil, rápida e sem nenhuma desvalorização”, alerta. Para investir, ela recomenda que se escolha um banco local com acesso remoto facilitado. 

Em que investir?

De olho em rendimentos estáveis, uma opção segura de manter o dinheiro no exterior é nas “contas rendeiras” que pagam juros sobre o dinheiro aplicado em euros. Com as taxas atuais da Europa, é possível receber uma remuneração de cerca de 4% ao ano em fundos do tipo “money market“, que são como fundos que investem em dívida de curto prazo e alta liquidez.

Entretanto, as contas internacionais brasileiras não oferecem esses investimentos, então é necessário abrir conta em banco português – contratando um representante no país, ou por meio das poucas filiais no Brasil.

Outro caminho é optar por investimentos em dólar, que estão disponíveis em corretoras brasileiras. Há pelo menos 9 ETFs (fundos de índice) indicados por especialistas para começar a investir em renda fixa em dólar.

Independentemente da forma, é preciso ter atenção redobrada com impostos: a partir de 2024, ganhos em aplicações financeiras no exterior passam a ser tributadas em 15% ao ano, caso o investidor mantenha residência fiscal no Brasil.

Questões burocráticas

Deixar um procurador no Brasil com acesso à conta bancária para cuidar de rotinas relacionadas a outros bens – como imóveis alugados ou empresas –  também é válido.“Um procurador pode manter os impostos em dia e assinar documentos [em caso de] venda de um imóvel, por exemplo”, observa.

Quem dá a saída definitiva do Brasil pode ter uma conta de domiciliado no exterior (CDE). Rejane explica que essa conta não é a mesma de residentes, mas permite que o cliente mantenha depósitos à vista, poupança, previdência privada e CDB da própria instituição. Já as contas de investimentos, além de mais custosas, requerem  um representante legal e um agente fiduciário.

“Tem muita gente que vai embora e deixa as contas bancárias como estão, mas isso não é certo. Se a pessoa ficar mais de um ano fora do Brasil, precisa fazer a declaração de saída definitiva”, orienta a planejadora, que orienta, nesses casos, a entregar declarações fiscais exigidas, atualizar o status do CPF no Brasil, encerrar contratos de contas de consumo e informar endereço para centralizar correspondência em seu nome.

Diversifique investindo no Brasil e no exterior usando o mesmo App com o Investimento Global XP