Bitcoin x Nvidia: ativos campeões de 2024 andam de mãos dadas; entenda

O coeficiente de correlação entre a cripto e a ação tech atingiu o nível mais alto em quase um ano

Lucas Gabriel Marins

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O Bitcoin (BTC) é uma criptomoeda criada há 15 anos por alguém que se esconde atrás de um pseudônimo. A Nvidia, fundada em 1993, é uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Apesar das diferenças, os dois ativos costumam andar de mãos dadas, um ao lado do outro.

O coeficiente de correlação – medida numérica que mostra a relação estatística entre duas variáveis – da criptomoeda e da ação de tecnologia atingiu neste mês o nível mais alto em quase um ano, segundo dados do Tradingview. O cálculo funciona assim: quanto mais próximo de 1, maior a correlação positiva, e quanto mais próximo de 0, menor.

A relação positiva de 90 dias entre os dois ativos aumentou para 0,86, número que não é visto desde maio de 2023. Já a correlação de 52 semanas, que vem se mantendo no campo positivo positiva desde julho de 2020, subiu para 0,88, a maior desde janeiro de 2023. Alguns movimentos recentes da ação da Nvidia e do BTC dão o panorama da “amizade” entre os dois.

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Recentemente, o Bitcoin atingiu sua máxima histórica, de US$ 73.798. Dias depois, em meio à realização de lucro dos investidores, o ativo digital recuou 10%. A Nvidia, que registrou sua máxima de US$ 974 no dia 8 de março, também recuou cerca de 10% em uma janela parecida.

Em cinco anos, a capitalização de mercado dos dois ativos também saltou 20 vezes. O Bitcoin pulou de US$ 70 bilhões para US$ 1,43 trilhão e a Nvidia passou de US$ 100 bilhões para US$ 2 trilhões.

Israel Buzaym, especialista em criptoativos do Bitybank, disse que a semelhança dois dois ativos é a capacidade de adaptação. Enquanto a Nvidia começou no mercado de games, depois atendeu os mineradores de criptomoedas com GPUs para então se destacar no setor de Inteligência artificial, o Bitcoin se ajustou às condições do mercado e virou uma rede de pagamentos robusta e segura.

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Apesar da afinidade e correlação de movimento de preços, no entanto, o especialista não acredita que exista alguma relação de causalidade entre os dois.

“A proposta do Bitcoin é ser um ativo escasso que pode ser adotado como reserva de valor por suas características de moeda. A Nvidia, por sua vez, é uma empresa geradora de caixa e, portanto, está sujeita à performance dos seus gestores, à demanda do mercado pelos seus produtos e ao risco regulatório”.

A alta recente do Bitcoin, sinalizou, foi impulsionada principalmente pelo fluxo nos ETFs (fundos de índice) spot da criptomoeda dos Estados Unidos, liberados para negociação no dia 11 de janeiro. Juntos, eles atraíram US$ 12 bilhões em entradas líquidas, segundo dados compilados pela Bloomberg.

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Já a Nvidia é um dos principais players do setor de IA e vem surfando no hype do setor. No mês passado, após divulgar resultados operacionais, suas ações dispararam. “Foram resultados robustos, superando as projeções do mercado”, escreveu o Santander, que foi uma das casas a recomendar a compra da ação da empresa em março.

Correções

O Bitcoin passou por forte queda nos últimos dias após a redução pela demanda dos ETFs à vista dos EUA. “Uma correção 100% previsível”, escreveu Markus Thielen, CEO da casa de análise 10x Research, em nota recente, citando que os fundos de índice da cripto já não são mais o principal impulsionador da moeda.

Investidores agora estão de olho no halving, atualização programada para abril que cortará pela metade a emissão da criptomoeda. Para boa parte dos analistas, o evento pode ser um catalisador de alta.

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As ações da Nvidia também recuaram nesta semana enquanto investidores aguardavam mais detalhes sobre o mais recente chip de IA da empresa.

“Não acredito que nenhum dos ativos sejam uma bolha, mas acho que existem momentos de euforia e ganância que tornam ativos financeiros sobrecomprados. Ou seja, movimentos repentinos de alta de preços no curto prazo normalmente são seguidos de correções fortes. Isso acontece em todos os mercados”, disse Buzaym.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney