Bitcoin decola quase 30% e tem segundo melhor mês do ano com empurrão de ETF (e fake news)

Para especialistas, descolamento de mercados tradicionais mostra que ainda há espaço para mais altas

Lucas Gabriel Marins

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Outubro foi o segundo melhor mês do ano para o Bitcoin (BTC). Puxado principalmente por especulações em torno do lançamento de um ETF (fundo de índice) nos Estados Unidos com exposição direta à criptomoeda, o ativo digital saltou 28,54%, desempenho menor apenas que o registrado em janeiro, quando saltou 39%, segundo dados da plataforma TradingView.

Durante o mês, o ETF ganhou espaço no noticiário econômico primeiro por causa de uma fake news e depois porque duas grandes gestoras –  a BlackRock e a Grayscale – avançaram com seus produtos. Um ETF à vista da moeda digital, segundo players, poderia aumentar a atração de investimento institucional – por isso, quando há notícias positivas sobre o veículo de investimento, a cripto normalmente sobe.

A Galaxy Digital, empresa de serviços financeiros focada em criptomoedas, estima que os fundos de índice à vista poderiam atrair US$ 14,4 bilhões no primeiro ano – cerca de mais de 2% do valor de mercado da criptomoeda hoje. No total, há mais de 10 ETFs de Bitcoin sob análise dos reguladores americanos, inclusive o pedido da gestora brasileira Hashdex.

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“Com a aprovação de ETFs de Bitcoin, espera-se um aumento na demanda institucional, pois esses grandes investidores adquirem o ativo para oferecê-lo a seus clientes”, disse Antonio Bertuccio, head de estratégias da gestora de investimentos quantitativos iVi Technologies.

“Sem dúvida a listagem do ETF a vista nos EUA é o principal fator da alta recente. Isso porque atualmente há pouquíssimos veículos que permitem o investimento de institucionais e mesmo investidores de forma geral nos EUA”, falou Paulo Boghosian, diretor executivo do TC Pandhora.

Short squeeze

Mas não foi só o ETF que deu tração para o Bitcoin. Rony Szuster, especialista da exchange Mercado Bitcoin (MB), disse que alta da criptomoeda também está associada a um short squeeze (fenômeno caracterizado pelo fechamento repentino de posições vendidas e consequente disparada de preço de um determinado ativo) e a dados positivos da rede da moeda digital.

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No início do mês, cerca de 30 mil apostas contra a alta do BTC (US$ 94 milhões) foram liquidadas, segundo dados citados pelo site especializado de criptomoedas CoinDesk. A liquidação acontece quando uma exchange fecha à força a posição alavancada de um trader devido a uma perda parcial ou total da margem inicial.

“Além do short squeeze, na maior parte do mês de outubro tivemos dados on-chain (da blockchain) positivos. Cerca de 75% dos Bitcoins que já foram minerados (emitidos) estão nas mãos dos investidores de longo prazo, e isso também impacta os preços”, falou. A manutenção de BTC por bastante tempo na carteira é um indicativo de saúde do mercado.

Bitcoin no curto e médio prazo

Para Bertuccio, há indícios de que a criptomoeda possa continuar se valorizando no curto e médio prazo, principalmente por causa do ETF. Além disso, falou, o Bitcoin tem se mantido como uma opção de reserva de valor, mesmo em um cenário de juros altos.

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“Isso pode contribuir para sua descorrelação em relação aos mercados de ações, que têm mostrado desempenho negativo nos últimos meses”, afirmou. Enquanto o BTC subiu quase 30% em outubro, o Nasdaq 100 encolheu 3,40% e o S&P 500 caiu 3%.

Szuster, do MB, até sugeriu um possível valor para a criptomoeda até o final do ano. “De modo resumido, pensando nos próximos dois meses, acho que a gente tem força para fechar em um patamar entre US$ 36 mil a US$ 38 mil, porque vejo que os investidores vão começar a precificar essa entrada do ETF spot, além dos dados on-chain que fortalecem o movimento de subida”.

Confira o desempenho das principais criptomoedas em outubro:

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Criptomoeda Preço Variação mensal
Bitcoin (BTC) US$ 34.665 +28,54%
Ethereum (ETH) US$ 1.815 +8,65%
BNB Chain (BNB) US$ 226 +5,45%
XRP (XRP) US$ 0,599 +16,54%
Cardano (ADA) US$ 0,293 +15,51%

Fonte: TradingView, com dados referentes ao fechamento de 31 de outubro de 2023, às 23h59 UTC (21h de Brasília)

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney