As ações mais recomendadas pelos analistas para comprar em março; Alupar entra na seleção, Weg e Lojas Renner saem

Levantamento do InfoMoney aponta preferência por papéis de commodities, além de setores considerados defensivos, como transmissão de energia e bancos

Bruna Furlani

B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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Com a volatilidade exacerbada pelo acirramento do conflito entre Rússia e Ucrânia, analistas têm voltado as atenções para as empresas produtoras de matérias-primas, como petróleo e minério de ferro, entre outras.

Por isso, ações do setor de commodities dominam as recomendações para março compiladas pelo InfoMoney, considerando as carteiras recomendadas por dez corretoras.

Também constam entre os papéis mais sugeridos aqueles de setores considerados defensivos, como transmissão de energia e bancos. Por outro lado, ações ligadas ao varejo perderam espaço nas indicações, na comparação com o mês de fevereiro.

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Na liderança de março, mais uma vez estão os papéis da Vale (VALE3). A novidade está no número de recomendações, que chegou a dez. A última vez em que a mineradora tinha recebido essa mesma quantidade de indicações foi em março de 2021.

Na sequência, vêm as ações da Suzano (SUZB3), com seis recomendações, seguidos pelos papéis do Itaú Unibanco (ITUB4) e da Petrobras PN (PETR4), ambos com cinco recomendações cada.

Empatados na sequência estão os papéis de Arezzo (ARZZ3) e da novata Alupar (ALUP11), que entrou pela primeira vez no levantamento agora em março. Assim, duas ações saíram em relação ao levantamento de fevereiro: Weg (WEGE3) e Lojas Renner (LREN3).

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O InfoMoney compila as recomendações de dez casas de investimentos mensalmente, selecionando os cinco nomes mais citados pelas corretoras consultadas. O número de indicações pode ser maior, se houver empate, como neste mês.

Confira a seguir as seis ações mais indicadas para março de 2022, a quantidade de recomendações e o desempenho de cada papel em fevereiro, em 2022 e em 12 meses:

Empresa Ticker Nº de recomendações Retorno em fevereiro Retorno em 2022 Retorno em 12 meses
Vale VALE3 10 14,11% 18,37% 14,84%
Suzano SUZB3 6 -6,98% -7,29% -23,84%
Itaú Unibanco  ITUB4 5 0,68% 21,83% 24,41%
Petrobras PETR4 5 5,10% 19,51% 88,08%
Alupar ALUP11 4 1,26% 6,89% 12,29%
Arezzo ARZZ3 4 -0,70% 5,80% 15,22%
Ibovespa  – 0,89% 7,94% 2,82%

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, XP Investimentos e Economatica

Bons ventos para o Ibovespa

Para Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebecca Nossig, do time de análise da XP, a discussão de alta de juros ao redor do mundo, juntamente com a elevação dos preços de commodities, devem continuar a beneficiar o Ibovespa, mesmo em meio ao duro conflito entre Rússia e Ucrânia.

Em relatório, eles explicam que o Brasil vem se beneficiando de três movimentos simultâneos: a rotação global de carteiras de ações de crescimento para ações de valor; a forte exposição da Bolsa brasileira ao setor de commodities; e a presença de múltiplos de entrada muito baixos entre os papéis brasileiros.

Os setores financeiro e de commodities respondem por cerca de 80% dos lucros das empresas da carteira teórica do Ibovespa em 2022, e, atualmente, têm um peso de 62% no índice, de acordo com a equipe da XP.

Embora o momento de maior estresse facilite a busca por ativos mais seguros, como dólar, ouro e títulos do Tesouro americano, os três afirmam que isso não significa necessariamente a saída de recursos do Brasil.

A razão, explicam, é que como as commodities continuam fortes ao redor do mundo, os investidores estrangeiros podem preferir deixar os mercados emergentes em que ações ligadas a matérias-primas têm presença menor e assim, seguir aplicando na Bolsa brasileira. De olho em lucros mais altos e taxas de juros mais elevadas no Brasil, a XP, inclusive, manteve o preço-alvo do Ibovespa até o fim deste ano em 123 mil pontos.

Veja agora a visão dos analistas expostas em relatórios para cada ação recomendada em março:

Vale (VALE3)

Com dez recomendações, os analistas da XP destacam que as ações da Vale seguem gerando grande valor para os acionistas e que as preocupações com a companhia parecem “exageradas”.

Para eles, a estratégia da mineradora em reduzir a produção de minério de ferro e de aumentar as vendas de pelotas ajudou a agregar valor e deve manter o mercado da commodity mais “apertado”.

Nos cálculos dos analistas, outro destaque é que a empresa está negociando a um múltiplo EV/Ebitda – que compara o valor da empresa com sua capacidade de geração de caixa – de 3 vezes. Segundo eles, o valor está abaixo da média histórica da companhia, e a expectativa é de que a mineradora volte a negociar a patamares mais altos, diante da distribuição de dividendos e da forte geração de caixa.

Suzano (SUZB3)

Na segunda colocação, com seis recomendações, estão os papéis da gigante de papel e celulose Suzano. Na visão dos especialistas da Ágora, os preços de celulose podem avançar para além do que espera o consenso de mercado, que é de US$ 550, a tonelada, com base nos obstáculos em termos de oferta e no crescimento mais “saudável” da demanda.

Os analistas afirmam ainda que os resultados da companhia no quarto trimestre de 2021 vieram melhores do que o esperado. O destaque, segundo eles, ficou para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da Suzano, que somou R$ 6,355 bilhões no último trimestre do ano passado, um incremento de 60% na comparação com o mesmo período de 2020.

“Olhando para o futuro, esperamos que o impulso dos lucros melhore, ajudado pelos preços mais altos da celulose”, pontuaram os analistas. Eles acrescentaram ainda que os custos caixa de celulose que subiram no quarto trimestre de 2021 podem ter atingido o pico e que a tendência agora seria que eles baixassem.

Itaú Unibanco (ITUB4)

Empatadas com a Petrobras estão as ações do Itaú Unibanco. De acordo com os analistas da Guide, o banco reportou um bom resultado no quarto trimestre de 2021, com o lucro líquido recorrente gerencial alcançando os R$ 7,2 bilhões, 2% acima das estimativas da casa e 5,7% acima do consenso de mercado.

Destaque também para o guidance positivo de 2022. Para a equipe da Guide, chamou a atenção o dado que prevê que o crescimento da carteira de crédito total fique entre 9% e 12% neste ano, sendo que a carteira Brasil poderia expandir entre 11,5% e 14,5%, acima do crescimento projetado pela federação de bancos.

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Atenção também para o aumento da margem financeira com clientes, que poderia ficar entre 20,5% e 23,5% nas estimativas do banco para 2022, conforme ressaltam os analistas da Guide.

O bom desempenho nos canais digitais também foi um ponto positivo do último balanço. Os especialistas da corretora apontaram que o Iti já conta com 14,6 milhões de contas, sendo que das 4,7 milhões de contas criadas no último trimestre, 86% correspondem a não correntistas do Itaú.

Petrobras PN (PETR4)

Pelo segundo mês consecutivo com cinco recomendações estão as ações preferenciais da Petrobras. Conforme explicam os analistas da XP, que aumentaram o peso das ações da petroleira para 15% na carteira entre fevereiro e março, a companhia parece “barata demais para ignorar”.

Nos cálculos da corretora, a empresa negocia hoje a 2,4 vezes Ev/Ebitda, valor que é menor do que concorrentes russas, que têm maior risco corporativo, e do que pares ocidentes que apresentam melhor governança corporativa.

Com isso, o preço-alvo estimado pelos analistas da casa para a ação neste ano é de R$ 45,30, contra os R$ 34,67 vistos no fechamento de ontem (2). Apesar de estarem mais otimistas com a petroleira, os especialistas não escondem os riscos políticos que envolvem o papel.

Isso porque, com o avanço do petróleo nos últimos meses, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem batido na tecla de que é preciso rever a política de preços da Petrobras, hoje vinculada ao preço do barril do petróleo no mercado internacional e à taxa de câmbio. A Petrobras, no entanto, tem se mostrado contra a medida.

Alupar (ALUP11)

As ações da Alupar tiveram quatro recomendações. Diante dos atuais conflitos e da forte volatilidade observada nos mercados nos últimos dias, os papéis da companhia de transmissão entraram para a carteira do BB Investimentos, na passagem de fevereiro para março.

Em sua justificativa, os analistas Victor Penna e Wesley Bernabé destacaram a inclusão da empresa AES Brasil e da Alupar como companhias com caráter mais defensivo, já que ambas são capazes de proteger melhor o faturamento contra pressões inflacionárias que devem ser ainda mais fortes agora.

Ao comentar especificamente sobre a Alupar, ambos afirmaram que a empresa vem impulsionando sua receita e geração de caixa operacional. Segundo eles, a companhia avançou, ao longo de 2020 e 2021, no desenvolvimento de novos projetos de transmissão que entraram em operação recentemente. Tais iniciativas proporcionaram um crescimento superior a 20% no ano passado, algo que deve se repetir neste ano, segundo os especialistas do BB Investimentos.

Arezzo (ARZZ3)

Apesar do cenário mais conturbado com o avanço das pressões inflacionárias e a necessidade de uma política monetária mais dura por parte dos BCs, as ações da Arezzo também receberam quatro recomendações no levantamento de março.

Mesmo com os desafios, os analistas Carlos Sequeira, Osni Carfi, Bruno Lima e Luiz Temporini, do BTG Pactual, estão entre os especialistas que optaram por manter os papéis da varejista em março.

De acordo com eles, a escolha está ligada ao fato de que a companhia tem uma exposição forte ao consumo de grupos de alta renda, que são menos sensíveis à inflação e aos juros mais elevados.

Nas contas da equipe, a Arezzo negocia a 23 vezes P/L em 2022 – indicador que mostra a relação entre o preço e o lucro, e que funciona como uma indicação do tempo que o investidor levará para obter retorno ao comprar ações de determinada companhia. Na avaliação dos analistas, isso oferece um potencial de valorização das ações justificado por suas fortes perspectivas de crescimento.

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