As ações mais recomendadas pelos analistas para comprar em fevereiro; Vale lidera e Renner entra na seleção

Itaú e Petrobras também estão no topo, com celulose, varejo e indústria dividindo as demais posições

Katherine Rivas

(Getty Images)

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O mês de janeiro se caracterizou pela recuperação do Ibovespa, principal índice da B3, que acumulou ganhos de 6,98%. O mercado foi impulsionado principalmente pelo fluxo estrangeiro, que veio na contramão dos investidores institucionais, com mais de R$ 20 bilhões aplicados na Bolsa brasileira.

Para fevereiro, a expectativa é de que o fluxo continue, com os investidores estrangeiros atraídos pelos preços descontados e os juros perto dos 10%, de acordo com projeções do Banco Citi.

Segundo Juan Espinhel, especialista de investimentos da Ivest Consultoria, é hora de o investidor pessoa física monitorar o fluxo estrangeiro. “E tentar seguir a onda desses grandes investidores, que são os que acabam dando os preços”, aponta.

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O movimento já reflete no mercado. Entre as ações mais recomendadas por dez corretoras para o mês de fevereiro, exportadoras e grandes empresas – que costumam agradar o investidor estrangeiro – lideram, mostra levantamento feito pelo InfoMoney.

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É o caso de Vale (VALE3), a preferida no levantamento, com oito recomendações. As blue chips Itaú Unibanco (ITUB4) e Petrobras (PETR4) compartilham a segunda posição, com cinco recomendações cada. Espinhel destaca que estas companhias se beneficiam da entrada do investidor internacional e de cenários em que o real é pressionado.

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O InfoMoney divulga a compilação das recomendações todo início de cada mês, selecionando os cinco nomes mais citados pelas dez corretoras consultadas. O número de indicações pode ser maior, se houver empate, como neste mês.

Confira a seguir as sete ações mais indicadas para fevereiro, a quantidade de recomendações e o desempenho de cada papel em janeiro, em 2021 e em 12 meses:

Empresa Ticker Nº de recomendações Retorno em janeiro  Retorno em 2021 Retorno em 12 meses
Vale VALE3 8 3,73% 4,86% 9,94%
Itaú Unibanco ITUB4 5 21,01% -16,81% 9,96%
Petrobras PETR4 5 13,71% 23,51% 47,47%
Suzano SUZB3 4 -0,34% 2,68% -6,04%
Weg WEGE3 4 -2,49% -11,91% -23,28%
Arezzo ARZZ3 4 6,54% 13,92% 14,15%
Lojas Renner LREN3 4 15,06% -37,41% -26,74%
Ibovespa  IBOV 6,98% -11,93% -3,65%

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, XP Investimentos e Economatica

O que esperar do mercado?

Espinhel acredita que a Bolsa brasileira ainda se encontra em um patamar muito atrativo na relação preço/lucro. Contudo, ele destaca alguns riscos que os investidores devem ter em mente. O primeiro é a alta dos juros, que acaba afetando o lucro das empresas. “Segundo um estudo do BTG, cada 100 bps [equivalente a 1 ponto percentual] de elevação na Selic têm um impacto negativo de 1,8% nas empresas de consumo interno e -0,2% nas exportadoras”, diz.

Outro fator a considerar é o perfil do investidor pessoa física, ainda rentista, que pode levá-lo de volta à renda fixa agora que esses investimentos voltarão a oferecer rentabilidade perto de 1% ao mês. Espinhel cita também a conjuntura política, com uma eleição polarizada, e pautas negativas para o cenário fiscal em Brasília.

Visão setorial

Olhando para as empresas, Espinhel considera que o setor de tecnologia ainda vai sofrer nos próximos meses pela necessidade de financiamento. Com o aperto monetário que se estende no nível global, levantar recursos se torna uma atividade mais cara e essas empresas acabam queimando caixa e tendo seus lucros espremidos.

Na contramão, empresas exportadoras se beneficiam do histórico de elevação do câmbio em anos eleitorais, além da expectativa de retomada da economia chinesa. Também são vistas com bons olhos as companhias com maior liquidez, como os bancos, que são atrativas para o investidor estrangeiro.

No varejo, empresas como Arezzo acabam surfando na retomada de consumo pelas classes de renda mais alta.

Vale (VALE3)

Com oito recomendações, a Vale lidera a lista das ações preferidas para investir em fevereiro.

Entre os motivos apontados por analistas está o desconto da ação em relação à sua média histórica. “Esperamos que essa diferença reduza, com a distribuição de dividendos diante da forte geração de caixa e melhores práticas ambientais, sociais e de governança”, afirmam Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebecca Nossig em relatório da XP.

Em janeiro, a Vale surfou bem na valorização dos preços do minério de ferro, que chegaram a negociar no final do mês no patamar de US$ 140 a tonelada, um salto de 14% se comparado aos níveis de dezembro. A ação acumulou alta de 3,73% no mês.

Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora, acredita na manutenção dos preços do minério de ferro de alta qualidade, pelo menos no curto prazo. “Isso beneficiaria a empresa devido ao incremento do projeto S11D (localizado no município de Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará), que aumentou a oferta da commodity”, avalia.

Já os analistas da Guide, acreditam que os produtos da Vale possuem um desconto em relação ao minério internacional, e considerando a paridade, a mineradora ainda conseguirá capitalizar ganhos maiores do que os concorrentes estrangeiros.

Fora isso, a empresa promete forte geração de caixa e distribuição de proventos. A projeção para seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que mede a capacidade de geração de caixa da companhia, é de US$ 25,8 bilhões, de acordo com a Santander Corretora. Isso proporcionaria retorno em dividendos (dividend yield) de 8,2%. “Com o minério negociando acima de US$ 100 a tonelada, acreditamos que a Vale possa anunciar mais dividendos extraordinários ou novos programas de recompra”, cita Peretti.

Itaú Unibanco (ITUB4) e Petrobras (PETR4)

Empatadas na segunda posição do ranking, Petrobras e Itaú Unibanco dividem a preferência do investidor, com cinco recomendações cada.

Segundo relatório do BTG Pactual, assinado por Carlos Sequeira, Osni Carfi, Bruno Lima e Luiz Temporini, as ações de bancos devem se mostrar defensivas no ambiente atual. Eles consideram o valuation (avaliação) dos bancos atraente, com boas perspectivas de lucros em um momento favorável para suas receitas.

No caso do Itaú, os analistas enxergam um cenário positivo para a rentabilidade, com crescimento de 10% na carteira de crédito em 2022. “A rentabilidade dos clientes também deve superar este crescimento, considerando o aumento da taxa Selic e ganhos graduais vindos das linhas emergenciais”, apontam eles.

No caso da Petrobras, as boas perspectivas para dividendos anima, mas o fato de ser uma estatal levanta dúvidas, principalmente considerando o ano eleitoral. Para os analistas da Ágora, no entanto, embora saibam que a ação da Petrobras se torna mais volátil à medida que as eleições se aproximam, a relação de risco e retorno da companhia compensa.

Em seu plano estratégico, divulgado recentemente, a Petrobras incluiu novos investimentos, curva de produção mais forte, iniciativas ESG e dividendos robustos. O fator dividendos é um dos destaques, já que a empresa se comprometeu a pagar proventos trimestralmente, além de estabelecer uma distribuição mínima de US$ 4 bilhões – o que equivale a um dividend yield de cerca de 6% ao ano – quando o preço do petróleo tipo Brent superar os US$ 40.

A empresa também optou por pagar dividendos extraordinários, desde que não comprometam a sustentabilidade da petrolífera.

Suzano (SUZB3)

Em relatório, os analistas Alexandre de Macedo e Marcelo Matos, da Elite Investimentos, explicam que a Suzano deve se beneficiar do aumento nos preços de celulose, além da recuperação da demanda chinesa. A empresa teve quatro recomendações.

“Os estoques dos produtores estão abaixo do nível normal e está havendo agora uma diversificação geográfica maior das exportações brasileiras, com o mercado europeu ganhando espaço e sustentando preços altos”, afirmam.

A Suzano continua elevando os preços de celulose para Ásia. O aumento foi de US$ 30 a US$ 50 por tonelada. Enquanto na Europa, o reajuste foi de US$ 30, com o valor da tonelada em US$ 1.170. “É bem provável que os preços da celulose continuem subindo no segundo trimestre de 2022”, citam os analistas.

Weg (WEGE3)

Embora tenha sido afetada em janeiro pelo aumento dos juros a nível global, analistas da XP estão otimistas com a Weg para fevereiro.

Eles citam que a companhia tem sólidas perspectivas de crescimento no curto prazo e forte potencial para o longo prazo, sustentado por teses inovadoras e participação em mercados externos, além de ser uma empresa bem-posicionada na ótica ESG.

Atualmente a Weg tem presença comercial em 135 países e unidades fabris em 12.

Arezzo (ARZZ3) e Lojas Renner (LREN3)

Embora o varejo seja um dos setores que apanhou bastante com a alta dos juros nos últimos meses, duas companhias tidas como resilientes em cenários macroeconômicos adversos se destacam, acumulando também quatro recomendações cada.

Uma delas é a Arezzo, que integra o setor premium do varejo brasileiro. Segundo analistas do BTG Pactual, a perspectiva é positiva para a ação considerando que a expansão da Arezzo é resiliente aos tombos do mercado doméstico, via e-commerce e multicanalidade. A varejista também deve se beneficiar da retomada de consumo pelas classes de renda alta.

Resultados saudáveis na sua operação nos Estados Unidos e o impacto de novas marcas, como Vans e Reserva, também favorecem a empresa, segundo analistas.

Já Lojas Renner, na visão da Ágora, é uma empresa consistente, que vem apresentando recuperação nas vendas e margens. “Esperamos um bom quarto trimestre de 2021 para o segmento de vestuário e calçado, com receita crescendo em relação a 2019 e uma taxa amplamente semelhante à do 3T21”, defendem.

Em um cenário macroeconômico difícil, os agentes de mercado acreditam que a Renner tem mais condições de investir em novas iniciativas do que seus pares.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.