Alpargatas, Mercado Livre, Hypera e Itaúsa: as ações da Sharp para atravessar a crise

Sócio-fundador da Sharp, Ivan Guetta conta quais têm sido as estratégias na Bolsa para enfrentar a crise provocada pela pandemia do coronavírus

Lucas Bombana

(scyther5/Getty Images)

SÃO PAULO – Em meio a uma das maiores crises financeiras da história recente, a gestora de renda variável Sharp Capital tem adotado como estratégia focar o portfólio de ações em nomes no qual tem alta convicção que terão capacidade de sobreviver aos próximos meses e voltar a entregar bons resultados no longo prazo.

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“Em muitos casos, as empresas que conseguirem atravessar a crise saem até mais fortalecidas, por uma razão triste de concorrentes que devem ficar pelo caminho”, afirmou Ivan Guetta, sócio-fundador e CIO da Sharp Capital, durante videoconferência promovida nesta terça-feira pelo escritório de agentes autônomos Guelt Investimentos.

Alpargatas, Mercado Livre, Hypera e Itaúsa foram citados pelo profissional como exemplos de companhias na carteira do fundo da Sharp que se encaixam na tese de investimento que prioriza empresas com robustez para enfrentar o quadro desafiador com maior resiliência.

“Já vínhamos carregando a posição em Alpargatas há pouco mais de um ano, e aumentamos na crise”, disse o CIO, ainda que reconheça que a empresa sofrerá um baque na receita diante do confinamento social.

“No entanto, em média, o brasileiro compra um par de sandálias por ano, e não vejo por que isso vai ser diferente no futuro quando voltarmos do isolamento.” Além disso, o sócio da Sharp demonstrou otimismo com os planos dos executivos que assumiram a gestão da empresa no ano passado.

Em relação ao Mercado Livre, o gestor explicou que a posição se sustenta pela expectativa de que as vendas digitais tendem a sentir o choque em uma intensidade menor que o varejo físico. “O Mercado Livre está muito bem posicionado, com uma prateleira muito extensa de ‘market place’ para ganhar cada vez mais participação de mercado dentro do varejo”, afirmou.

Beneficiados pela crise?

No caso do investimento em Hypera, por se tratar de uma fabricante de medicamentos, esse provavelmente será um dos papéis menos afetados pela pandemia do coronavírus, prevê Guetta. “Na Itália, devido ao isolamento, com as pessoas sem conseguir tomar sol, a venda de vitamina D acelerou de forma expressiva.”

Já sobre a aposta na holding Itaúsa, o especialista conta que a gestora vinha há algum tempo sem exposição ao setor bancário e optou pela compra durante a forte realização nas últimas semanas. Guetta salientou ainda a “peculiar característica” dos grandes bancos de estarem entre as poucas empresas que conseguem subir o preço dos serviços mesmo em meio à crise.

“Eles vão sofrer também, porque o aumento da inadimplência vai ser grande, mas seus balanços são muito saudáveis”. Além disso, o sócio da Sharp acredita que a pressão das fintechs, que vinham mordendo o calcanhar das grandes instituições financeiras, deve perder força nos próximos dois a três anos. “Os investimentos de venture capital certamente diminuíram muito agora, não vai ter mais aquela bonança”, pontuou.

Na avaliação de Guetta, o impacto no fluxo de caixa das companhias nos próximos anos será menor que a magnitude de queda das ações das empresas com capacidade para passar pelo atual cenário. “O valor de mercado não é determinado pelo lucro de um ano específico, mas pela expectativa de lucro até a perpetuidade da empresa trazido a valor presente”, explicou. “Por isso, por mais duro que seja um ano, o impacto acaba não sendo tão grande no valor da empresa, porque acreditamos que ela voltará a ser lucrativa.”

Long and short

Durante a videoconferência Guetta abordou também sua visão para a estratégia “long and short” da asset, com posições compradas e vendidas em ações. De acordo com o profissional, em períodos em que o mercado está disfuncional e com movimentos erráticos, o melhor a se fazer é evitar esse tipo de operação dentro da carteira.

“Fazemos operações ‘long and short’ desde 2005, e não importa se o mercado é de alta ou de baixa; o que importa é escolhermos papéis para a ponta longa que vão ter desempenho superior aos da ponta curta”, explicou Guetta. “Agora, se o mercado vai para uma linha mais disfuncional, onde todas as posições relativas têm um caráter direcional muito forte em cada par que se faça, é o momento de ter menos posições do tipo.”

A decisão, que só havia sido adotada anteriormente pelo gestor em 2008, não poderia ter se mostrado mais acertada – o fundo “long and short 2x” da Sharp, fechado para aplicações, acumula no ano uma valorização próxima a 12%.

Já o fundo “long biased” da asset, que também se apropria das posições vendidas definidas pelos gestores, foi reaberto recentemente. “No momento em que o quadro estiver um pouco mais tranquilo, voltaremos para tentar aproveitar as oportunidades, já que obviamente esse tipo de situação sempre deixa muitas oportunidades. Mas não acho que seja a hora ainda”, afirmou Guetta.

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