VP da Amazon entrega cargo, chama empresa de “titica de galinha” e diz que recusou proposta do Google

Empresa sofre publicamente com críticas sobre a forma em que lida com a proteção dos seus funcionários durante a pandemia

Pablo Santana

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O ex vice-presidente da Amazon, Tim Bray, que deixou o cargo na última sexta-feira, postou duros ataque contra a empresa afirmando não aguentar mais trabalhar em uma “empresa de titica de galinha” (o termo usado foi chickenshit), que demitiu empregados em um esforço “projetado para criar um clima de medo”. Posteriormente, ele se retratou pelo insulto chulo e disse que a empresa tem “espírito ruim”.

Bray saiu da companhia por ser contra as demissões feitas a funcionários que protestaram e criticaram publicamente as condições de trabalho dentro dos armazéns da Amazon durante a pandemia, uma ação que o engenheiro chamou de mesquinha em seu blog.  O executivo disse que permanecer em seu cargo “significaria, de fato, assinar ações que desprezei”.

No post, ele afirma estar triste, pois sair da empresa lhe custaria quase US$ 1 milhão em salário e ações. Apesar disso, Bray já disse publicamente que recebeu convite de outras gigantes, como Google, Comcast e Huawei, e startups, mas que não está procurando emprego no momento.

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A Amazon teve um grande aumento na demanda de compras online e está tendo que equilibrar essa crescente com a segurança de seus trabalhadores no armazém.

Em março, a empresa demitiu o funcionário Chris Smalls, que havia organizado um protesto pedindo melhores condições de trabalho no armazém de Nova York, onde trabalhava. Um documento vazado mostrou executivos se referindo ao organizador do protesto com termos pejorativos durante uma reunião com o CEO Jeff Bezos.

“Ele não é inteligente ou articulado e, na medida em que a imprensa quiser se concentrar neste assunto, estaremos em uma posição de relações públicas muito mais forte”, escreveu David Zapolsky, principal advogado da Amazon, sobre Smalls.

Em abril, a Amazon também demitiu dois designers que criticaram o tratamento da empresa aos trabalhadores de seu armazém. Uma das designers, Emily Cunningham, tuitou agradecendo a Bray nesta segunda-feira por sua demissão.

As tensões se intensificaram quando políticos americanos cobraram da empresa uma resposta mais efetiva para impedir a contaminação dos seus funcionários. O senador Bernie Sanders pediu, através das suas redes sociais, que a companhia ofereça um ambiente de trabalho mais seguro.

A política da Amazon impede que seus funcionários falem sobre os negócios da empresa sem aprovação prévia.

Em um esforço para conter as tensões, o CEO Jeff Bezos visitou no mês passado um armazém e um supermercado Whole Foods perto de Dallas, onde cumprimentou os funcionários e agradeceu pelo trabalho duro.

A empresa também prometeu máscaras e luvas a seus funcionários da linha de frente e testou todos os funcionários que deveriam se aventurar no exterior durante a pandemia. O CEO da companhia também anunciou que o lucro do próximo trimestre será destinado integralmente ao combate do coronavírus.

Pablo Santana

Repórter do InfoMoney. Cobre tecnologia, finanças pessoais, carreiras e negócios