Já nas lojas brasileiras, iPhone mais barato confirma estratégia da Apple para vencer Android

iPhone SE começou a ser vendido no Brasil nesta quinta, por R$ 3.699

Paula Zogbi

(Divulgação/Apple)

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SÃO PAULO – Começaram nesta quinta-feira (30) no Brasil as vendas do novo iPhone SE, por R$ 3.699. Trata-se de um aparelho com as mesmas especificações de modelos mais recentes (11 e 11 Pro), mas com “carcaça” reutilizada do iPhone 8 e, por isso, consideravelmente mais barato que seus irmãos mais velhos (o iPhone 11 parte de R$ 6.999).

Antes desse lançamento, anunciado em meio aos efeitos da pandemia de Covid-19, a última aventura da Maçã no campo das opções de custo mais baixo foi em 2016, com a antiga geração do iPhone SE. Desde então, a companhia apresentava um posicionamento de atender apenas uma camada mais endinheirada da população mesmo em suas versões mais básicas.

Em 2019, porém, o lançamento de um iPhone 11 protagonista em relação a seus pares mais potentes demonstrou o início de uma mudança de postura. Foi o primeiro ano em que a empresa adotou uma estratégia de apresentar o modelo mais em conta como o principal do ano – sendo o 11 Pro e o 11 Pro Max voltados aos entusiastas de fotografia.

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A ideia é tentar reaver parte de um mercado perdido. De acordo com a Counterpoint Research, no ano passado, a Apple perdeu 7% de fatia de mercado, chegando a 14,5% das vendas totais, A Huawei, por sua vez, chegou ao share de 17,6% ao crescer 17% em vendas. A Samsung continua líder, com 22% do mercado, e cresceu 2% em volume em 2019.

O analista Daniel Ives, da consultoria Wedbush, estimou vendas entre 20 milhões e 25 milhões de unidades para o lançamento neste ano, mesmo com as lojas fechadas impossibilitando que potenciais compradores façam testes pessoalmente – neste sentido, um design conhecido, como o do iPhone 8, facilita muito.

Vale lembrar que Tim Cook deixou claro em apresentações recentes, notavelmente no evento anual para desenvolvedores em março de 2019, que pretende focar cada vez mais na venda de serviços, como a Apple TV+ e o Arcade, e acessórios, como seus fones de ouvido, à medida em que os celulares ficam mais caros e mais duráveis. Serviços como iCloud, Apple Music e Apple Care geram receita anual entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões, estima o UBS.

Mas para crescer nessas duas frentes, é preciso ter um número de usuários de seus dispositivos maior. “O sucesso do segmento de serviços da Apple vai depender de uma base de dispositivos globalmente instalada”, escreve o analista de ações Dilantha De Silva na plataforma Seeking Alpha.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney