Em busca do frete perfeito: Intelipost recebe R$ 130 milhões para acelerar o comércio eletrônico

Intelipost usou aporte para crescimento. Estratégia incluiu compra da AgileProcess, empresa de roteirização e visibilidade em tempo real para logística

Mariana Fonseca

Stefan Rehm, da Intelipost (Divulgação)

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SÃO PAULO – A pandemia trouxe o crescimento do e-commerce – e bons resultados para startups que vivem dele. A Intelipost, por exemplo, firmou ainda mais suas tecnologias para melhorar a logística das lojas online e a integração entre canais de venda (conceito conhecido como omnichannel).

Além do interesse dos players de comércio eletrônico, boa parte do crescimento neste ano foi sustentada também por uma captação externa. A Intelipost recebeu R$ 130 milhões em um aporte série B em fevereiro deste ano, liderado pelo Riverwood Capital (entenda os estágios de crescimento de uma startup).

O fundo de private equity também investiu nas startups brasileiras Omie, Resultados Digitais, VTEX e 99. As duas últimas são avaliadas em mais de US$ 1 bilhão, fazendo parte do clube dos unicórnios brasileiros.

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“Temos tido a sorte de apoiar empresas de software incríveis na América Latina ao longo dos anos. Estamos ansiosos para fazer esta parceria com a Intelipost e apoiar este crescimento de alta escalabilidade, além de construir uma espinha dorsal estratégica da logística do e-commerce no Brasil”, completou Joe De Pinho, diretor da Riverwood Capital e agora membro do conselho de administração da Intelipost.

A importância de um bom frete

A Intelipost foi criada pelos empreendedores Gabriel Drummond e Stefan Rehm em 2014, em São Paulo. Engenheiro, Drummond trabalhou como consultor em empresas como Falconi e Bain & Company. Já o alemão Rehm trabalhou como diretor de logística na evino, loja virtual de vinhos.

“Achei que seria simples cuidar dessa área, mas me surpreendi com os desafios brasileiros. Vi que havia uma oportunidade de ajudar outras empresas”, afirma o cofundador ao InfoMoney.

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A plataforma na nuvem realiza cálculos de frete em diversas transportadoras, agiliza o despacho por meio de integrações com os sistemas dessas empresas, oferece rastreamento das encomendas, auditora as cobranças das transportadoras e coordena eventuais reembolsos. Um painel também concentra análises sobre custo médio de frete aplicado, prazo médio prometido e prazo médio realizado, taxa de performance de prazos e acompanhamento de cada pedido.

“O frete hoje é uma dor relevante para as empresas por dois motivos: primeiro, representa um custo significativo dentro das operações e impacta diretamente no resultado. Se a empresa não está preparada para essa gestão, pode ter prejuízos. O segundo motivo é a experiência de compra do consumidor. Sabemos que o preço do frete e também a visibilidade em relação à entrega fazem muita diferença e podem ser determinante para uma nova compra”, diz Rehm.

O objetivo é simplificar a logística para comércios eletrônicos no país. A Intelipost atende mais de 4 mil lojas online brasileiras e tem mais de 500 transportadoras integradas. Os e-commerces vão desde gigantes como Via Varejo (VVAR3) até pequenos vendedores de marketplaces.

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Por mês, a startup realiza 1 bilhão de cotações de frete e medeia mais de 19 milhões de pedidos. A monetização é feita pela cobrança de uma mensalidade, modelo conhecido como software as a service (SaaS).

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Pandemia e novo investimento

A pandemia provocou um salto na participação do comércio eletrônico no total das vendas do varejo, pelo menos no principal mercado consumidor do país. Entre janeiro e junho deste ano, a fatia do comércio online no varejo total do estado de São Paulo passou de 2,9% para 3,7%, avanço de 0,8 ponto porcentual. Foi a mesma taxa de crescimento alcançada entre 2013 e 2019, revela um estudo da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com dados do varejo físico e do varejo online apurados pela Ebit, empresa que monitora o comércio online.

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Na capital paulista, o ritmo de crescimento foi ainda mais acelerado. As vendas online fecharam o primeiro semestre respondendo por 5% da receita do varejo, com avanço de 1,4 ponto sobre o final de 2019. De 2013 para 2019, o crescimento havia sido de 1,1 ponto.

“O e-commerce e o ecossistema digital do Brasil têm desempenhado um papel fundamental durante os tempos incertos que estamos vivendo. Eles estão prontos para continuar transformando a maneira como os consumidores compram e vendem produtos e serviços”, afirmou em comunicado Francisco Alvarez-Demalde, cofundador da Riverwood Capital.

O crescimento da Intelipost acompanhou essa percepção. Na velocidade atual, a expectativa é terminar o ano com crescimento de 100% no faturamento sobre 2019. Para 2021, a projeção é novamente dobrar a receita.

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Em seu primeiro ano de operação, a Intelipost realizou uma rodada semente de R$ 3,5 milhões. Em 2016, captou um aporte série A de R$ 7 milhões. O aporte atual, de R$ 130 milhões, foi captado antes da pandemia e usado para a startup acelerar seu crescimento. O empreendimento contratou funcionários, chegando a 240 membros e aprimorou seus produtos – seja por desenvolvimento próprio ou por compras.

Um exemplo foi a aquisição da AgileProcess, especializada em roteirização e visibilidade em tempo real para logística, por valor não divulgado. A Intelipost integrou a AgileProcess com suas ofertas já existentes. O objetivo foi melhorar a visualização dos pacotes e “melhorar drasticamente a experiência de entrega dos consumidores”, afirmou em comunicado Evilásio Garcia, co-fundador e CEO da AgileProcess. Outro plano futuro da Intelipost é a internacionalização. “Mas, no momento, estamos focados no mercado brasileiro”, diz Rehm.

Ainda há espaço para as compras online expandirem no país – especialmente depois da experiência forçada pela pandemia. A perspectiva da FecomercioSP é que a capital paulista encerre o ano com o comércio online respondendo por algo entre 6% e 7% das vendas do varejo.

Se a projeção se confirmar, a cidade de São Paulo vai se aproximar do desempenho de Nova York (EUA), onde o varejo online responde por cerca de 10% do total. Para o estado, a projeção é que a fatia do comércio online encerre o ano em torno de 5%.

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Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.