Do Zero ao Topo: as lições por trás da trajetória dos empreendedores mais populares do ano

Podcast de empreendedorismo do InfoMoney reuniu os ensinamentos por trás da trajetória dos cinco episódios de maior audiência lançados em 2020

Letícia Toledo

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SÃO PAULO – O ano de 2020 foi considerado aquele em que tudo mudou. Ou quase tudo. Apesar dos planos de negócios de muitas empresas terem se alterado bruscamente, há ensinamentos de gestão e liderança obtidos antes da pandemia que continuam válidos.

O Do Zero ao Topo — podcast de empreendedorismo do InfoMoney que conta a trajetória de grandes homens e mulheres de negócios do país — reuniu os ensinamentos da história dos cinco episódios de maior audiência lançados neste ano.

Ao todo, foram mais de 40 episódios publicados em 2020 e que se somaram a um acervo de outros 30 programas da primeira temporada, de 2019. O programa ficou entre os 10 mais populares de 2020 no Apple Podcasts, aplicativo de podcasts da Apple. Confira os ensinamentos a seguir.

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Tome riscos extremamente calculados 

Aos 23 anos, um jovem chamado Flavio Augusto abandonou um emprego promissor e pegou R$ 20 mil de cheque especial para montar uma escola de inglês sem nem ao menos falar o idioma. Hoje, 25 anos depois, ele é um dos empreendedores de maior sucesso do país com mais de 400 escolas de idiomas, 70 mil alunos e é dono até mesmo de um clube de futebol, o Orlando City.

“Se eu não vendesse no mínimo 100 matriculas por mês, não tinha dinheiro para pagar as contas”, contou Flavio sobre o começo do negócio ao podcast Do Zero ao Topo.

O início aparentemente arriscado do empreendedor, com o dinheiro do cheque especial, na verdade esconde uma história de riscos extremamente calculados.

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“Muita gente acha que o que eu fiz foi loucura, mas é menos loucura do que parece porque eu tinha muita segurança naquilo que fazia”, disse ao podcast.

A segurança de Flavio estava apoiada no conhecimento que tinha do mercado em que estava empreendendo. Antes de fundar a Wise Up, ele havia trabalhado quatro anos em outra escola de idiomas. Flavio começou vendendo cursos aos 19 anos e chegou ao cargo de diretor, responsável pela expansão da rede na Argentina.

“Eu sempre digo que, ou você abre seu negócio com pouco know-how e muito caixa, ou com muito know-how e pouco caixa. Onde é que eu me segurei no início? Eu tinha muito know-how na área de vendas. Eu fazia 600 vendas por mês no meu antigo emprego. Então sabia que era só fazer um sexto do que eu fazia na outra escola no começo [da Wise Up]”, revelou.

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O conhecimento é um meio e não um fim em si

Ao longo da trajetória, Flavio Augusto — que trancou a faculdade de ciência da computação logo depois de começar a vender cursos de inglês —  sempre buscou evoluir seus conhecimentos à medida que precisava entrar em uma nova área.

“Ter um diploma na parede não serve para nada. Conhecimento só serve quando é utilizado como um meio para você atingir um fim”, relatou.

Uma trajetória bem diferente mas com o mesmo princípio foi trilhada por Rogério Salume, fundador do clube de vinhos Wine.

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Aos 21 anos, Salume sabia de uma coisa: não queria ser repórter. Mesmo assim, decidiu fazer faculdade de jornalismo. Na época, gostava de se relacionar com pessoas e trabalhava como vendedor. “Eu fui estudar comunicação social porque queria entender como me comunicar melhor”, disse ao podcast Do Zero ao Topo.

Assim que saiu da faculdade, Salume fez MBA em marketing na Fundação Getúlio Vargas e depois disso concluiu uma especialização em finanças. Todo o conhecimento adquirido era colocado imediatamente em prática à medida que Rogerio ia construindo sua carreira.

É preciso saber recomeçar

Depois de trabalhar sete anos na rede de atacado Martins no início de sua carreira, Rogerio Salume deixou o cargo de gerente na companhia em Uberlândia (MG) e retornou a Vitória (ES) para trabalhar como vendedor em uma loja do Ceasa (A Central de Abastecimento da região).

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“Eu queria ficar perto da minha filha recém nascida que estava em Vitória. Pedi demissão e decidi recomeçar”, relatou Salume ao podcast. Foi nessa loja do Ceasa onde o empresário teve o seu primeiro contato com o vinho, anos mais tarde.

Antes de fundar a Wine, Salume chegou a ter um outro e-commerce de bebidas, chamado Estação do Vinho. Após quatro anos, ele e seu principal sócio, Ancelmo Endlich, deixaram as operações por discordar da opinião dos investidores. Salume recomeçou mais uma vez e acabou criando o maior clube de vinhos do mundo.

Alinhamento entre sócios é fundamental

O desalinhamento de visão entre sócios e investidores foi o que levou Salume a recomeçar seus negócios — criando a Wine —  e é o que acaba destruindo muitas empresas de grande potencial.

Na Sinqia, o alinhamento de visão entre os dois fundadores foi fundamental para construir uma empresa de softwares hoje avaliada em mais de R$ 1,6 bilhão.

“Eu e o Luciano [Camargo] temos perfis muito complementares, mas a mesma visão. Eu sempre digo que, para você ter uma boa sociedade, é preciso ter confiança plena. E é muito fácil ter uma confiança quando você sabe que a pessoa toma as mesmas decisões que você teria tomado se estivesse no lugar dela”, afirmou Bernardo Gomes, co-fundador e CEO da Sinqia em entrevista ao Do Zero ao Topo.

A inovação tem que estar atrelada a um foco

Em 2015, cinco anos após sua fundação, o e-commerce de móveis MadeiraMadeira estava à beira de um colapso. A empresa estava prestes a ficar sem caixa e nenhum dos investidores queria colocar mais dinheiro no negócio.

“O problema é empresa grande que inova de menos e startup que inova demais. Esse foi um ensinamento que aprendi depois, em um curso de Stanford”, disse Daniel Scandian, co-fundador e CEO da companhia, ao relatar a fase crítica da MadeiraMadeira em entrevista do podcast.

“A gente fazia muita coisa ao mesmo tempo, queríamos inovar em tudo e queimamos muito caixa”, relatou. A saída foi montar um plano de redução de despesas e focar nas inovações que ajudariam a gerar caixa imediato. Em seis meses, o caixa da empresa ficou positivo.

Foque em ser o melhor e não o maior

Para Arthur Grynbaum, CEO do Grupo Boticário, o foco na excelência foi um dos grandes propulsores de crescimento da empresa — hoje a maior rede de franquias de cosméticos do mundo.

“Ser o maior para mim é consequência de fazer bem as coisas, de ser o melhor. Não corra atrás de um número e sim de um propósito”, disse em entrevista ao podcast.

Terceira temporada do Do Zero ao Topo

A terceira temporada do podcast Do Zero ao Topo estreia na primeira quarta-feira de 2021, dia 06 de janeiro, às 18h. Os episódios são semanais e divulgados sempre no mesmo dia e horário.

É possível seguir o programa e escutar a entrevista completa via ApplePodcastsSpotifyDeezerSpreakerGoogle PodcastCastbox, Amazon Music e outros agregadores de áudio do país. Para mais conteúdo de empreendedorismo e negócios, siga a página também no Instagram.

Letícia Toledo

Repórter especial do InfoMoney, cobre grandes empresas de capital aberto e fechado. É apresentadora e roteirista do podcast Do Zero ao Topo.