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Investimento anjo tem potencial para crescer ao menos sete vezes no Brasil, diz Cassio Spina

Com 186 startups investidas, Anjos do Brasil trabalha para destravar políticas e é ponte entre empreendedores e investidores

MoneyLab

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O montante de investimento anjo realizado no Brasil poderia ser ao menos sete vezes maior do que o aporte atual. A fala é de Cassio Spina, fundador da Anjos do Brasil, entidade que apoia o empreendedorismo de inovação. “Nossa pesquisa computou R$ 984 milhões aplicados em startups brasileiras no ano de 2022. Se compararmos com os Estados Unidos, que tem investimento anjo anual da ordem de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 100 bilhões), vemos o potencial de crescimento por aqui. Nossa economia representa cerca de 7% do PIB americano, então poderíamos investir muito mais para sermos proporcionais”, diz o investidor, durante o Zero ao Topo Especial patrocinado por XP Empresas.

Cassio é um dos principais nomes de investimento anjo do país. Autodidata em programação, ele começou a empreender quando ainda estava na faculdade de Engenharia Elétrica, e teve empresas de vários setores, como tecnologia, equipamentos e soluções. “Recebi investimentos de grandes fundos e comecei a aprender de perto o dia a dia, as ferramentas e as estratégias dos investidores. Em 2009, eu vendi minha última empresa, completei o ciclo, e vi a oportunidade de devolver à comunidade empreendedora aquilo que aprendi”, afirma.

Foi assim que ele fundou a Anjos do Brasil, em 2011, quando o assunto ainda era desconhecido no país e sequer tinha menções no Google. “O fato é que o Brasil começou atrasado esse processo. Enquanto o mercado começou a se desenvolver por aqui em meados de 2014, os Estados Unidos têm investidores-anjo desde a década de 1970”, explica.

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A Anjos do Brasil foi fundada para ser a ponte entre empreendedores e investidores-anjo, que já possuem uma certa bagagem de mercado — normalmente são empresários, executivos ou profissionais liberais — e aportam na empresa não só em termos financeiros, mas para agregar valor compartilhando conhecimentos, experiência e rede de relacionamentos. “Quando criei a Anjos do Brasil, a ideia era montar esse ecossistema, que funciona com o apoio na educação sobre o tema e na exposição de oportunidades para os empreendedores”, afirma.

Desde a fundação, a Anjos do Brasil intermediou investimentos em 186 startups. “Temos 510 membros ativos, divididos em 10 núcleos regionais nas principais cidades do Brasil. Nos primeiros anos, nós realizamos 2 ou 3 investimentos por ano. Em 2021, batemos o recorde de mais de 30 aportes realizados e o número não para de crescer”, afirma.

Entre os exemplos, o executivo cita alguns mais recentes que cumpriram o ciclo integral, que consiste em construção, aporte e venda. Um deles é a Prevision, uma construtech do Sul do país, que foi comprada pelo Grupo Softplan. A outra é a Manipulaê, marketplace para laboratórios de remédios manipulados, comprada pela Drogasil. Ambas passaram pela Anjos do Brasil.

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Para se ter uma ideia, a Anjos do Brasil recebe mais de 1.500 aplicações por ano, mas só seleciona cerca de 20 delas anualmente para receber aporte. “Um pouco mais de 1% acaba recebendo investimento. Muitos empreendedores sobrevivem no feeling, muitas vezes não tem uma política de investimento, de governança para criar previsibilidade e isso atrapalha os planos”, diz.

Para ele, a aposta dos empreendedores deve ser em um modelo colaborativo, onde cada um tem seu foco. “Por exemplo, a XP Empresas pode ser uma ótima opção de gestão financeira e de investimento. Assim o empreendedor toca o negócio e a XP cuida do lado financeiro.  Além disso, as startups são enxutas na estrutura e contar com uma gestão financeira experiente ajuda a dar espaço para a inovação e crescimento”, diz.

Os desafios dos investimento anjo

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De acordo com Spina, há um conjunto de desafios para ampliar os investimentos anjo no Brasil. Começando pelo conhecimento sobre essa possibilidade. “Atuamos com educação dos investidores e muitos não sabem sequer que isso existe, uma vez que a cultura do investimento ainda é recente por aqui”, explica. Além disso, há o contexto econômico do país, com taxas de juros que desestimulam os investidores a apostar na economia real. “Boa parte vai para renda fixa em busca de ganhos seguros”.

O terceiro ponto, segundo o executivo, é a ausência de uma política de estímulo para investimento em startups. “A maior parte dos países têm política definida. Se pegarmos os Brics como exemplo, todos possuem regras de estímulo. A África do Sul tem um programa em que, além de ter isenção, você pode compensar o aporte em até 100% no seu imposto de renda devido. Isso faz toda diferença para estimular o investidor anjo”, afirma.

Um estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) traz uma recomendação expressa de criação de políticas de estímulo de investimentos para alavancar as economias.

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“No Brasil, além de não ter política, se você investe em uma startup, o ganho é tributado até como ganho de renda fixa, não pode nem compensar. Então, há essa falta de equiparação tributária e de estímulo. Enquanto o Brasil não adotar vai ser difícil de acelerar isso. É importante frisar que o que queremos não é renúncia fiscal para investidor, é política. Tem estudo que mostra que o investimento em startup aumenta a arrecadação, por exemplo”, diz Spina.

Esse assunto está na agenda da Anjos do Brasil. Recentemente, o senador Carlos Viana apresentou um projeto para permitir que investidores-anjo deduzam do Imposto de Renda (IR) o aporte de capital destinado às startups. Segundo o parlamentar, o investimento deve durar pelo menos dois anos e a dedução será de no máximo 2% do IR. A operação ficará sujeita à fiscalização. “Estamos aguardando os desdobramentos, mas seguimos otimistas com o potencial”, diz Spina.

A Anjos do Brasil foi convidada para a edição do Zero ao Topo, podcast da InfoMoney. A íntegra do bate papo pode ser conferida aqui.

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