CVM torna Sergio Rial réu em processo sobre divulgação de rombo na Americanas (AMER3)

Comissão apura conduta do executivo na forma como inconsistências de R$ 20 bilhões foram divulgadas aos investidores

Rikardy Tooge

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A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tornou Sergio Rial, o ex-CEO da Americanas (AMER3), réu em um dos processos que investigam o rombo contábil de R$ 20 bilhões na varejista. A informação foi publicada inicialmente pela coluna Capital, do jornal O Globo, e confirmada pelo InfoMoney.

Rial e o substituto dele na Americanas, João Guerra, foram formalmente acusados pela autarquia na última sexta-feira (2).

O processo em questão trata da forma como a Americanas comunicou seu rombo contábil ao mercado. O teor do texto do fato relevante e a organização de uma teleconferência em que apenas parte do mercado conseguiu acompanhar estão no radar da CVM.

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Inclusive, para evitar o risco de serem acusados de assimetria de informação, o executivo e a Americanas gravaram um vídeo minutos após a conferência detalhando os problemas.

“Durante a realização da teleconferência e diante do fato de que havia sido atingido o limite de participantes da plataforma utilizada, foi verificado que não havia sido iniciada a gravação da  teleconferência”, explicou a Americanas, à época dos fatos.

Sergio Rial é acusado de ter infringido o artigo 155 da Lei das SA sobre o dever de lealdade do administrador de companhia aberta, além de não ter feito uma “comunicação acessível ao público investidor” sobre o caso. João Guerra também é acusado por falhas de comunicação com o mercado.

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A CVM possui ao menos dez processos administrativos para investigar o rombo bilionário na Americanas. No dia 11 de janeiro, o então CEO Sergio Rial e o CFO André Covre renunciaram aos cargos e divulgaram ao mercado inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões.

Sergio Rial: ex-CEO da Americanas no foco da CVM (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

No dia seguinte, em 12 de janeiro, na teleconferência citada, Rial explicou que identificou problemas nas operações de risco sacado da varejista, que estavam sendo contabilizadas de forma errada. Cerca de uma semana depois do primeiro fato relevante, em 19 de janeiro, a Americanas entrava em recuperação judicial com mais de R$ 40 bilhões em dívidas.

A Americanas informou que acompanha a evolução de todos os processos em curso na CVM e reafirma que espera que sejam esclarecidos todos os fatos que a levaram à recuperação judicial, ” com a evolução das apurações sobre o mérito do ocorrido e seus responsáveis”.

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“Desde esse primeiro momento, a companhia priorizou informar imediatamente o mercado, com a maior transparência possível, sobre todas as evoluções de um processo especialmente complexo e de perplexidade geral. A Americanas espera que a CVM reconheça isso em seu julgamento”, acrescentou, em nota.

Procurado pelo InfoMoney, Sergio Rial diz que, no momento, não irá comentar o caso. João Guerra não retornou ao pedido de comentários.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br