Tarcísio Freitas não crê em ato de grande porte dos caminhoneiros e diz que falta na categoria organização e visão empresarial

Ministro da Infraestrutura diz que profissionais deveriam atuar em cooperativas e aumentar a barganha com os contratantes para absorver custos operacionais

Dhiego Maia

Publicidade

GONÇALVES (MG) – O ministro da Infraestrutura do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta quarta-feira (27), que não crê numa grande adesão de caminhoneiros na paralisação nacional da categoria prevista para o dia 1º de novembro.

Tarcísio Gomes de Freitas disse, em entrevista à Rádio Bandeirantes, que o movimento dos motoristas autônomos que vem sendo construído nas últimas semanas não terá a mesma envergadura do de 2018, que deixou o país desabastecido por alimentos e combustíveis.

Para o ministro, é o diálogo com a categoria que vem dissuadindo as tentativas de paralisação. “Não é o primeiro movimento que enfrentamos. Essa é a 16ª tentativa desde 2019. As outras 15 conseguimos evitar na base da conversa”, disse na entrevista.

Exclusivo para novos clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Só que a relação entre o governo Bolsonaro e os caminhoneiros autônomos, grupo que ajudou a eleger o mandatário nas eleições de 2018, anda estremecida. Os profissionais reclamam do elevado preço do diesel nos postos, que vem inviabilizando a atividade sob o atual governo, que prometeu resolver as dinâmicas da política de preços dos combustíveis no país.

Última sondagem de preços dos combustíveis realizada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) mostrou que o diesel acumula neste ano uma alta de 38,18%, sendo vendido nas bombas a um preço médio de R$ 4,983.

Nesta terça (26), a Petrobras (PETR3;PETR4) ajustou seus preços de gasolina A e diesel A para as distribuidoras. No caso do diesel A, o preço médio de venda da Petrobras passará de R$ 3,06 para R$ 3,34 por litro, refletindo reajuste médio de R$ 0,28 por litro, ou alta de 9,15%.

Continua depois da publicidade

O presidente também anunciou na semana passada um auxílio diesel para atender quase 800 mil caminhoneiros autônomos. O repasse prometido, de R$ 400 mensais, não agradou a categoria, que afirmou não “querer migalhas” e que o valor do auxílio não cobrirá os encargos do preço do diesel encontrado nos postos.

Para Freitas, o preço do diesel não deveria ser um problema. O que falta na categoria, segundo o ministro, é organização para “[os profissionais terem] um pensamento mais empresarial na questão do transporte”.

“Se a farinha de trigo sobe no mercado, por exemplo, o padeiro aumenta o preço do pão francês. Agora, com o diesel, o caminhoneiro tem dificuldade de repassar ao custo. É isso que precisamos mostrar para que aprendam a fazer, se organizem para trabalhar em cooperativa e aumentem o poder de barganha com os contratantes”, afirmou.

“Sabemos que a categoria vive uma situação difícil, principalmente pela alta do combustível”, disse. “É difícil para todo brasileiro, isso interfere na vida de todos, todos sentem a perda de poder aquisitivo. Só que não existe solução fácil para problemas complexos. Os problemas complexos têm soluções complexas.”

O ministro da Infraestrutura disse também que os caminhoneiros tiveram conquistas no atual governo. Ele citou as mudanças nas regras das pesagens, a incorporação de pontos de parada, o descanso como obrigação das concessionárias e a extensão do prazo da carteira de motorista para a categoria.

Apesar de admitir que a categoria possui representação fragmentada, o ministro afirmou que reuniões recentes realizadas com algumas lideranças o levaram a acreditar que, em 1º de novembro, haverá apenas “movimentos fragmentados, mas não de grande porte”.

“Ontem [terça-feira, 26] tivemos uma reunião interessante com tanqueiros e saímos confiantes da não adesão deles. Isso é importante para o abastecimento. Estou bastante confiante que será similar a fevereiro, quando houve ações isoladas, rapidamente contornadas. Tenho certeza que não teremos transtornos à sociedade”, finalizou.

Protestos antes do 1º de novembro

Caminhoneiros autônomos já realizaram protestos antes do ato nacional de 1º de novembro. Nesta terça-feira (26), um trecho da BR-316, na região metropolitana de Belém (PA), foi bloqueado pelos motoristas.

O ato aconteceu dias depois da paralisação dos transportadores de combustíveis em Minas Gerais.

Em todas manifestações, a reivindicação tem sido uma só: a redução do ICMS (imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços) que incide sobre o preço do óleo diesel, o combustível usado nos caminhões de carga.

O presidente Bolsonaro tem enfrentado dificuldades em baixar o valor dos derivados de petróleo. Em seus discursos, vem usando o ICMS, imposto de esfera estadual, como um dos principais motivos para a gasolina ter atingido o preço acima de R$ 7, o litro, em algumas regiões do país.

Curso inédito “Os 7 Segredos da Prosperidade” reúne ensinamentos de qualidade de vida e saúde financeira. Faça sua pré-inscrição gratuita.

Dhiego Maia

Subeditor de Finanças do InfoMoney. Escreve e edita matérias sobre carreira, economia, empreendedorismo, inovação, investimentos, negócios, startups e tecnologia.