“Os caminhoneiros não querem migalhas”, diz dirigente da ANTB sobre auxílio diesel de Bolsonaro

Categoria defende mudança na política de preços dos combustíveis, reivindicação que estará no alvo de paralisação nacional dos motoristas, em 1º de novembro

Dhiego Maia

Bandeira do Brasil em protesto de caminhoneiros

Publicidade

GONÇALVES (MG) – O anúncio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que dará uma ajuda financeira aos caminhoneiros autônomos como forma de compensar o aumento do preço do diesel deixou a categoria perplexa.

Corre nos bastidores do Palácio do Planalto que o valor dos repasses atingiria os R$ 400, o mesmo do Auxílio Brasil, o novo programa social que substituirá o Bolsa Família.

“A categoria está, em massa, repudiando essa fala dele. A gente não quer migalhas e não está mendigando nada”, disse José Roberto Stringasci, por telefone, ao InfoMoney. Stringasci é o atual presidente da ANTB (Associação Nacional de Transporte do Brasil), uma das entidades que representam os caminhoneiros autônomos do país.

Exclusivo para novos clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Para o dirigente, os caminhoneiros buscam “o que a lei garante que a gente tenha: queremos mudanças na política de preço dos combustíveis”, afirmou. “Ele acha, com essa proposta, que a categoria é semianalfabeta, ignorante. Não dá para entender. Ele deve estar muito mal assessorado”, afirmou o representante da ANTB.

Em discurso feito durante evento em Pernambuco, nesta quinta-feira (21), Bolsonaro afirmou que ao menos 750 mil caminhoneiros seriam beneficiados com o auxílio diesel —o mandatário, porém, não detalhou como fará a captação de recursos para cobrir um gasto novo.

O diesel acumula alta anual de 37,99% nas bombas e já é comercializado a R$ 4,976, segundo a sondagem mais recente da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

Continua depois da publicidade

“Fazemos isso porque é através deles [caminhoneiros autônomos] que os alimentos chegam nos quatro cantos do país”, afirmou o presidente. A fala de Bolsonaro, porém, azedou a relação estabelecida com a categoria, que, em parte, o apoiou nas eleições presidenciais de 2018.

Stringasci exemplifica: “se você dividir R$ 400 por mês por litro de diesel a R$ 5 daria 80 litros de combustível. Para a população ter uma ideia: de São Paulo ao Recife, um caminhão com 32 toneladas gasta algo em torno de 1.500 litros de diesel”, calcula o dirigente.

“Infelizmente ele vai ter que enfrentar a realidade”, pontua Stringasci. No dia 1º de novembro, os caminhoneiros autônomos prometem uma paralisação nacional como forma de reivindicar preços mais realistas para a prática da atividade.

“Ele [Bolsonaro] disse em campanha que quem resolve o problema de preços dos combustíveis no Brasil é o presidente da República. Então, agora, ele vai ter que resolver”, finalizou o dirigente da ANTB.

Preocupação

O auxílio diesel vem em um momento de preocupação entre economistas e agentes do mercado com a situação fiscal brasileira e de alta no preço dos combustíveis, um dos vilões da inflação.

O problema tem grande impacto sobre os caminhoneiros. O presidente tem enfrentando dificuldades em baixar o valor dos derivados de petróleo e jogado o problema no colo do ICMS cobrado por governadores e prefeitos.

Curso inédito “Os 7 Segredos da Prosperidade” reúne ensinamentos de qualidade de vida e saúde financeira. Faça sua pré-inscrição gratuita.

Dhiego Maia

Subeditor de Finanças do InfoMoney. Escreve e edita matérias sobre carreira, economia, empreendedorismo, inovação, investimentos, negócios, startups e tecnologia.