Quase três vezes mais pessoas morreram de Covid do que mostram dados oficiais, aponta OMS

Houve 14,9 milhões de mortes associadas à Covid-19 até 2021, disse o órgão da ONU; números oficiais, porém, informam 5,4 milhões de óbitos

Reuters

Sepultadores cavam covas no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo, em meio à pandemia de Covid-19 (REUTERS/Amanda Perobelli)

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Quase três vezes mais pessoas morreram em decorrência da Covid-19 do que mostram os dados oficiais, de acordo com novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). A análise mais abrangente sobre o número real da pandemia até agora.

Houve 14,9 milhões de mortes associadas à Covid-19 até o final de 2021, disse o órgão da ONU nesta quinta-feira (5). A contagem oficial de mortes diretamente atribuídas à doença causada pelo coronavírus e relatadas à OMS nesse período, de janeiro de 2020 ao final de dezembro de 2021, era pouco superior a 5,4 milhões.

Os números a mais de mortalidade da OMS refletem pessoas que morreram de Covid-19, bem como aquelas que morreram como resultado indireto do surto, incluindo pessoas que não puderam acessar os cuidados de saúde por outras condições quando os sistemas ficaram sobrecarregados durante grandes ondas de infecção. Também leva em conta mortes evitadas durante a pandemia, devido, por exemplo, ao menor risco de acidentes de trânsito durante os lockdowns.

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Mas os números também são muito maiores do que a contagem oficial por causa de mortes que não foram registradas em países sem sistemas adequados. Mesmo na pré-pandemia, cerca de 6 em cada 10 mortes em todo o mundo não foram registradas, disse a OMS.

O relatório da OMS informou que quase metade das mortes que até agora não haviam sido contabilizadas ocorreram na Índia. O relatório sugere que 4,7 milhões de pessoas morreram lá como resultado da pandemia, principalmente durante um grande surto em maio e junho de 2021.

O governo indiano, no entanto, coloca seu número de mortos no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2021 muito mais baixo: cerca de 480.000. A OMS disse que ainda não examinou completamente os novos dados fornecidos esta semana pela Índia, que rebateu as estimativas da OMS e divulgou seus próprios números de mortalidade para todas as causas de morte em 2020 na terça-feira (3). A OMS afirmou que pode adicionar um adendo ao relatório, destacando a conversa em andamento com a Índia.

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O painel da OMS, formado por especialistas internacionais que trabalham nos dados há meses, usou uma combinação de informações nacionais e locais, além de modelos estatísticos, para estimar totais onde os dados estão incompletos — uma metodologia criticada pela Índia.

No entanto, outras avaliações independentes também apontaram o número de mortos na Índia muito acima da contagem oficial do governo, incluindo um relatório publicado na Science que sugeriu que 3 milhões de pessoas podem ter morrido de Covid no país.

Outros modelos também chegaram a conclusões semelhantes sobre o número global de mortes ser muito maior do que as estatísticas registradas. Para comparação, acredita-se que cerca de 50 milhões de pessoas morreram na pandemia de gripe espanhola de 1918 e 36 milhões morreram de HIV desde o início da epidemia na década de 1980.

Samira Asma, diretora-geral assistente da OMS para dados, análises e entrega para impacto, que foi uma das líderes no processo de cálculo, disse que os dados são a “força vital da saúde pública” necessários para avaliar e aprender com o que aconteceu durante a pandemia, e pediu mais apoio aos países para melhorar os registros. “Muito é desconhecido”, afirmou ela a repórteres em uma coletiva de imprensa.

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