Open Banking pode incluir 4,6 milhões de pessoas no mercado de crédito e injetar R$ 760 bilhões na economia, diz Serasa

Estudo analisa impacto do compartilhamento de dados do Open Banking unidos aos dados de score da Serasa

Giovanna Sutto

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O Open Banking, sistema financeiro aberto, tem o potencial de incluir 4,6 milhões de pessoas no mercado de crédito e pode, com isso, injetar R$ 760 bilhões na economia em até dez anos.

As conclusões são de uma pesquisa da Serasa Experian que considera um cenário de unificação dos dados do cadastro positivo e score de crédito, da própria Serasa, junto à inteligência artificial e técnicas de machine learning.

O levantamento, focado em crédito, foi realizado com 15 mil pessoas ao redor do país inscritas no cadastro positivo.

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O segmento tende a se beneficiar dentro do ecossistema aberto, conforme InfoMoney já havia reportado.

Score Open Banking

O levantamento apresenta resultados baseados na união entre seu sistema de Score de Crédito e de Cadastro Positivo com dados que os consumidores devem compartilhar via Open Banking.

Segundo Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian, na média de mercado hoje, todo cliente que tem acima de 500 pontos de score, em uma classificação que vai se zero a mil pontos, tende a ser aprovado para receber crédito.

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“Naturalmente, existem empresas que emprestam dinheiro até para consumidores negativados e com scores menores, mas geralmente cobram taxas de juros estratosféricas”, explica.

Agora, com o cenário de Open Banking se tornando, aos poucos, realidade, a Serasa desenvolveu um novo score, chamado Score Open Banking, cuja fórmula é a seguinte:

(Reprodução/Serasa)

Esta nova fórmula apontou 4,6 milhões de pessoas que têm até 500 pontos de Score e poderiam entrar para o mercado de crédito com a chegada do Open Banking.

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Hoje, os dados do cadastro positivos abarcam especialmente pagamentos financeiros, ou seja, financiamentos de veículos, imóveis, cheque especial, cartão de crédito, etc. Mas existe uma série de pagamentos que não são creditícios, que serão identificados pelo Open Banking – como conta de água, luz, mensalidade escolar, planos de saúde, ou seja, todos os pagamentos que transitam na conta bancária do consumidor – que serão agregados nessa análise de score mais completa e darão acesso ao crédito ou à melhores condições para consumidores.

Subavaliação da capacidade de pagamento das pessoas

Segundo Rabi, cerca de 130 milhões de brasileiros que já estão no mercado de crédito podem se beneficiar com o desenvolvimento do Open Banking. “A grande contribuição do Open Banking no crédito é melhorar a estimativa de capacidade de pagamento que o consumidor tem, através do consentimento no compartilhamento de dados”, diz.

De acordo com o levantamento, a união de dados da Serasa e Open Banking pode levar a um aumento de 49% na capacidade de pagamento mensal média da população, passando de R$ 929,00 para R$ 1.391,00.

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“Não é que essas pessoas ficarão ricas da noite pro dia, mas o mercado vai perceber que elas têm uma capacidade de pagamento maior do que os dados mostravam até então. Com isso, os consumidores podem ter acesso a um recurso financeiro ideal de acordo com o seu perfil. Há hoje no mercado uma subavaliação da real capacidade de pagamento de milhões de consumidores”, diz Rabi.

Quanto de dinheiro o mercado de crédito, portanto, a economia de forma mais abrangente receberia se todas essas pessoas usassem o limite máximo de crédito – dentro das condições normais de mercado e excluindo superendividamento? “Em dez anos a estimativa é de R$ 760 bilhões. Crédito e crescimento econômico estão ligados”, responde Rabi.

Serasa como processadora de dados

Com a chegada do Open Banking um dos maiores desafios para as companhias do setor financeiro é administrar a infraestrutura tecnológica. A tendência é que cada vez mais as pessoas compartilhem dados e para organizar todas essas informações e, mais que isso, para que esses dados se convertam em bons produtos, é crucial que as empresas possam captar os dados de forma segura e categorizar todas as informações que vão circular no ecossistema do Open Banking.

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“São centenas, milhares de transações de diversas instituições chegando a cada minuto. Portanto, a intepretação dos dados como insight de negócios é um dos pontos críticos para que o Open Banking ganhe força no Brasil. Afinal, o consumidor só vai compartilhar seu dado se enxergar valor no serviço ou produto”, afirma Leonardo Enrique, head de Open Banking da Serasa Experian.

Com a oportunidade no mercado, a empresa de dados desenvolveu uma ferramenta que faz essa tradução das transações que circulam no sistema. “O categorizador foi lançado há dois meses e grandes empresas do país, incluindo grandes bancos, por exemplo, estão testando para seus negócios. Temos um índice médio de acurácia de 90%”, explica Enrique.

Mas a Serasa não foi a única. Mais empresas de tecnologia e dados estão promovendo serviços desse tipo como as fintechs Belvo, Quanto e Klavi.

Efeitos do Open Banking no mercado de crédito

O Open Banking, sistema financeiro aberto, tem um grande potencial para o mercado financeiro. Na prática, com o sistema, os clientes do sistema financeiro, isto é, qualquer pessoa com alguma conta aberta, pode consentir em compartilhar dados a fim de usar melhores serviços e buscar produtos mais baratos.

Ao permitir esse compartilhamento, o Open Banking vai munir as instituições que concedem o crédito com informações mais assertivas sobre o histórico de crédito do cidadão e, facilitar, com isso, as negociações entre instituições e clientes.

Este cenário, contudo, ainda levará um tempo para funcionar amplamente. Isso porque o Open Banking vem sendo implementando de forma gradual desde fevereiro de 2021. No último dia 15 de dezembro iniciou sua fase 4, a mais abrangente, e deu início ao chamado Open Finance. 

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Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.