Drex, futura moeda digital do Brasil, poderá ter custos ao consumidor, diz BC

Drex é o novo nome do Real Digital, projeto brasileiro de CBDC

Giovanna Sutto

(Getty Images)
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O uso do Drex, nome oficial da futura moeda digital do Banco Central (CBDC), poderá acarretar custos ao consumidor, segundo Fabio Araujo, coordenador do Drex no Banco Central.

“O Drex [antes Real Digital] sempre está associado a um serviço financeiro. Então, essa prestação de serviço tem lá seu custo de operacionalização e o lucro de quem oferece esse serviço. É natural que os custos da plataforma sejam parte desse serviço”, afirmou o executivo em live realizada no canal da autoridade monetária no YouTube, na tarde de segunda (7).

O Drex funcionará como um “Pix dos serviços financeiros”, já que a moeda digital vai permitir a transferência de ativos financeiros de forma tão imediata como o Pix, que é gratuito entre pessoas físicas.

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Ainda não está claro como vai funcionar esse mecanismo de cobrança e Araujo não deu detalhes em sua explicação sobre o Drex. O coordenador da iniciativa ressaltou outra vantagem: a diminuição de intermediários nas transações.

“Não precisa mais ter advogado, tem um pedaço de código garantindo que os valores estão de acordo com o que foi registrado no contrato. Baixa muito o custo”, disse ele. “Hoje, toda vez que eu contrato um advogado, tenho um custo da pessoa, mas a partir da construção de um smart contract, o próximo uso tem custo zero. Tem um custo, mas parece que será mais barato do que o que temos hoje. Estamos trabalhando para construir essa tecnologia para que seja muito mais barata.”

Um smart contract é um contrato construído dentro de uma rede blockchain que permite a execução automática dos termos acordados.

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Fase de teste

O Drex está sendo desenvolvido através do Piloto RD, plataforma de testes que está em vigor com 16 instituições participantes, e a ideia é testar a infraestrutura e a privacidade das informações que vão transitar na rede. Os primeiros testes serão simulados e feitos com compra e venda de títulos públicos e a expectativa é de que a população possa testar o Drex no fim de 2024.

“A plataforma do Drex deve automatizar uma série de processos, reduzir intermediações e, por isso, reduzir também custos”, argumenta Araujo.

No futuro, o Drex poderá ser utilizado para a compra e venda de uma série de ativos tokenizados, como carros e imóveis. A tokenização de um ativo nada mais é do que a criação de uma representação digital do ativo, que pode ser negociada.

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Considerando, por exemplo, a negociação de um carro, a promessa é de que ao emitir uma ordem de compra e venda utilizando o Drex, a transferência de titularidade aconteceria de forma automática — garantindo que ambas as partes receberiam seus direitos (o dinheiro, de um lado; e o veículo, de outro).

Essa transação já foi simulada em um protótipo do Santander e você pode conhecer o passo a passo em reportagem do InfoMoney sobre o assunto.

Como o consumidor poderá usar o Drex?

A relação que as pessoas terão com o Drex se dará, segundo Araujo, por meio da “janela que o Pix abriu”, com aplicativos unindo ofertas aos clientes.

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“As pessoas estão sempre usando o aplicativo, abrem para ver se receberam pagamentos, utilizam para fazer o próprio Pix e podem aparecer mensagens como ‘você não quer investir?’, ‘não quer um cartão de crédito?’, ou ‘quer usar o crédito pré-aprovado?'”, explica Araujo.

“A gente espera que o real digital [Drex] permita que os produtos que hoje já são oferecidos sejam ofertados em maior variedade e direto na necessidade da pessoa, conversando com Open Finance para acessar outros serviços e a custos mais baratos. A pessoa abre o app e pode escolher a melhor poupança e opções mais adequadas do que as que temos hoje em dia”, diz o executivo.

Esse conceito de encontrar diversas ofertas em um só canal é muito relacionado ao Open Finance, especialmente ao agregador financeiro. A ideia é que em um único aplicativo, o consumidor possa gerenciar todas as suas contas e utilizar serviços de instituições financeiras diferentes. O interesse é tamanho que o BC já anunciou que também está trabalhando em um agregador próprio, o Super App. 

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E como o real digital, agora Drex, entra nessa equação? A ideia é que a plataforma do Drex permita que as empresas privadas do setor desenvolvam mais soluções de serviços financeiros para os consumidores.

“O Drex, nome do real digital brasileiro, vai permitir que as pessoas façam empréstimos, seguros e investimentos com a mesma facilidade com que operam o Pix”, afirma Aristides Cavalcante, chefe de cibersegurança do BC.

Vale lembrar que BC já compartilhou sua intenção de digitalizar cada vez mais a economia brasileira para garantir mais eficiência e segurança. O Drex faz parte desse plano, incluindo a integração com Open Finance e Pix.

(Com Estadão Conteúdo)

Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.