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De carros a cirurgias plásticas: em quais situações o consórcio é indicado?

Opção vem sendo muito utilizada pelos brasileiros, mas exige cuidados

Jamille Niero

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Os consórcios vem ganhando espaço no país na última década. Segundo dados da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios), o número de participantes ativos aumentou 45,5% em nove anos e atingiu 10,29 milhões em dezembro de 2023. Somente no ano passado, o crescimento foi de 6,4% em vendas de novas cotas. Mas, embora sejam tradicionalmente procurados para viabilizar a aquisição de veículos e imóveis, seu uso vem se expandindo

“Hoje tem consórcios para serviços, equipamentos eletrônicos, equipamentos médicos, celulares, maquinários, embarcações, aviões, para reforma de imóveis, troca do veículo. Tem uma série de aplicações do consórcio que depende muito do perfil e objetivo de cada um”, comenta Caio Souza, head do marketplace da XP Seguros e Previdência.

“Já fizemos de aeronave, helicópteros, jet ski, lancha, iate. Empresas nos procuram para construir os hospitais, e tem também bastante procura para cirurgia plástica. São produtos que não estavam antes dentro da operação de consórcio, que ninguém sabia que poderia fazer, e hoje dá para fazer”, acrescenta Alex Soares, head de consórcios da InvestSmart.

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Os prazos para a conclusão do consórcio, explicam os especialistas, variam justamente conforme o objetivo da aquisição. Soares conta que é possível encontrar grupos com prazo de 25 meses para a aquisição de veículos, 40 meses para cirurgias plásticas e 120 meses para imóveis, por exemplo.

Pensando em imóveis, outras possibilidades propiciadas pelo consórcio incluem até a aquisição de imóvel no exterior e a realização de benfeitorias em condomínios (verticais ou horizontais), exemplifica Silvano Carvalho, head comercial de consórcios da Mapfre. No primeiro caso, “o cliente compra o consórcio no Brasil pagando em real e, ao ser contemplado, ele deixa uma garantia aqui e utiliza esse crédito para entrada de um financiamento no exterior”.

Para os condomínios, Carvalho ressalta que a vantagem “é que não há necessidade de uma garantia real, os próprios condôminos aprovam em assembleia a utilização desse crédito que serve para reforma de elevador, academia, ou qualquer outra benfeitoria dentro do condomínio”.

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O consórcio também pode ser utilizado por empreendedores, sugere Marcelo Mascaretti, diretor comercial da CNP Seguradora. Donos de transportadoras, por exemplo, podem “comprar outros consórcios que vão virar mais caminhões” como solução para ampliar a frota. Já quem aluga imóveis pode aportar parte do que recebe de aluguel para pagar um consórcio. “A casa está se pagando enquanto está alugada, então é alavancagem de patrimônio”, complementa Lincoln Peixoto,  superintendente de negócios da CNP.

Como saber se o consórcio é indicado para mim ou não?

Consórcios são indicados para compras programadas, ou seja, para quem não está com pressa. Afinal, é uma “conta” que será paga por muitos meses ou até anos. Comprar um consórcio é simples, mas o titular pode passar por uma verificação financeira em caso de contemplação, ressalta Souza, da XP. Por isso, é importante ter cautela ao dar lances: um valor muito alto pode diminuir o efeito de diluição do custo total ao longo do tempo.

O consumidor também deve pesquisar a administradora em sites como o Reclame Aqui e da própria Abac, para verificar se a empresa tem autorização do Banco Central para operar. É importante também não fazer nenhum pagamento ou adiantamento fora da administradora e desconfiar se for oferecida outra forma de obter o produto ou serviço sem ser por meio de sorteio ou lance.

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Participação de contas ativas em consórcios por categoria:

Categoria de ConsórcioParticipação
Veículos Leves43,4%
Motocicletas27,9%
Imóveis16,6%
Veículos Pesados7,5%
Eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis2,6%
Serviços2%
Fonte: Abac

Como funciona?

Consórcio é um meio de autofinanciamento no qual pessoas físicas ou jurídicas se reúnem para formar uma poupança conjunta e viabilizar a aquisição de bens móveis, imóveis ou serviços, desembolsando parcelas periódicas para formar o fundo comum, com prazo e número de cotas preestabelecidos. O valor do item é dividido pela duração do consórcio e cada integrante paga uma fração dele, sem a exigência de um valor específico de entrada. A gestão desses grupos é feita por administradoras de consórcios, fiscalizadas pelo Banco Central.

Conforme a periodicidade prevista em contrato, a administradora sorteia parte do fundo para um ou mais participantes comprarem o item, ocasião na qual os integrantes podem dar lances e, caso vencedores, são também contemplados. O lance é uma proposta de antecipação de parcelas, devendo ocorrer em assembleia, e funciona como um leilão – o maior lance ganha.

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Ao contrário do financiamento, não há cobrança de juros, mas há cobrança de taxas que devem estar especificadas no contrato – podem ocorrer nas transferências de cota, por exemplo.

Jamille Niero

Jornalista especializada no mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e saúde suplementar, com passagem por mídia segmentada e comunicação corporativa.