Caoa Chery confirma 485 demissões em Jacareí e oferece até 15 salários de bônus

Montadora diz que fábrica no interior de São Paulo ficará fechada até 2025 para adaptá-la à produção de veículos híbridos e elétricos

Estadão Conteúdo

Fábrica da Caoa Chery em Jacareí (SP)

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Com a decisão do grupo Caoa Chery de demitir 485 funcionários e manter a fábrica de Jacareí (SP) fechada até 2025, para adaptá-la para produzir veículos híbridos e elétricos, trabalhadores da unidade seguem realizando protestos para tentar reverter a medida. Um grupo se manifestou nesta semana em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), onde ocorria uma audiência pública para discutir a desindustrialização no estado.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região chegou a anunciar, na semana passada, que a empresa havia concordado em realizar um programa de lay-off (suspensão temporária de contratos) por cinco meses e conceder mais três de estabilidade, mas depois voltou atrás e manteve os cortes.

Em nota, a Caoa Chery informou que não aceitou a suspensão dos contratos pois a legislação estabelece a medida quando há previsão de retomada da produção no curto prazo — o que não é caso, pois o intuito é manter a unidade fechada por três anos, para que a fábrica seja preparada para produzir apenas modelos híbridos e elétricos.

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A planta de Jacareí emprega ao todo 627 funcionários, e serão mantidos apenas os empregados das áreas administrativas. Para os que serão demitidos, a empresa ofereceu indenização adicional à rescisão:

Em todos os casos, há um teto salarial de R$ 5 mil por mês (ou seja, quem está há mais de 5 anos na empresa receberia adicional máximo de R$ 75 mil).

Pressão contra montadora

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, Weller Gonçalves, insiste que a Caoa Chery voltou atrás e disse temer que a fábrica não retome as operações daqui a três anos, como anunciado, pois não há qualquer compromisso formal assumido pela empresa.

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Gonçalves diz que, na audiência realizada na Alesp, o deputado Carlos Giannazi (PSOL) prometeu pedir ao Tribunal de Contas de São Paulo acesso a informações sobre isenções fiscais dadas a empresas que pretendem deixar a região. “O propósito é conhecer o quanto essas empresas foram beneficiadas com dinheiro público”.

O sindicalista disse também que será acionada a Comissão Permanente de Relações do Trabalho da assembleia, para que os donos da Caoa Chery e de outras empresas sejam convocados a prestar esclarecimentos.

Além disso, na sexta-feira (20) haverá audiência online de conciliação entre o sindicato, a Caoa Chery e o Ministério Público do Trabalho (MPT) da região de Jacareí.

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Três é demais

Na avaliação de Cássio Pagliarini, consultor e sócio da Bright Consulting, uma montadora normalmente não precisa de três anos para adaptar sua linha de produção — nem mesmo para modelos totalmente novos, como são os elétricos e híbridos.

Pagliarini diza ainda que, quando a montadora importa a maior parte dos componentes (como é o caso da Caoa Chery), o tempo médio para a transição seria de um ano. “O prazo de três anos normalmente é o que se leva para desenvolver um veículo, fazer ferramentas para a produção e preparar a linha de montagem”.

Produção parada

A fábrica de Jacareí está parada desde março, quando os funcionários da linha de produção entraram em licença remunerada. A planta produzia os modelos Tiggo 3 (que saiu de linha) e Arrizo 6 (que passará a ser importado da China).

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Inaugurada em 2015, a unidade tem capacidade para produzir 50 mil veículos por ano em um turno, mas o máximo atingido até agora foi de 14 mil unidades no ano passado.

No início, a fábrica pertencia integralmente ao grupo chinês Chery. Depois, teve metade das ações vendida à empresa brasileira Caoa — que também tem uma planta em Anápolis (GO), onde a produção de modelos da Chery e da Hyundai será mantida.

O grupo Caoa Chery foi criado pelo empresário brasileiro Carlos Alberto de Oliveira Andrade (cujas iniciais formam o nome Caoa), Ele morreu em agosto do ano passado, aos 77 anos.

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Greve na Renault

Funcionários da Renault em São José dos Pinhais (PR) entram hoje no 13º dia de greve na quarta, por causa do valor do PPR (Programa de Participação nos Resultados). No início da semana, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba propôs o pagamento de no mínimo R$ 22,3 mil de PPR a cada funcionário.

A Renault disse que concordaria com o valor, desde que fosse vinculado à meta de produção de 198,5 mil veículos neste ano. O sindicato não aceita a condição, alegando que a dificuldade na importação de semicondutores — que tem levado várias fábricas a interromper a produção — pode atrapalhar o cumprimento da meta.

Na unidade são feitos os modelos Kwid, Sandero, Logan, Stepway, Duster, Captur, Oroch e Master e também motores.

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