Pix na Black Friday: 5 golpes que podem ser aplicados com o sistema instantâneo (e como evitá-los)

Na edição deste ano, volume de compras deve propiciar faturamento de R$ 6,1 bilhões, um crescimento de 18% em relação ao ano anterior

Giovanna Sutto

Pix é o pagamento instantâneo brasileiro (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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SÃO PAULO — O Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central, caiu no gosto de brasileiro: 61,4% dos brasileiros já utilizam o meio de pagamento, que já somou 7 bilhões de transações entre novembro de 2020 e novembro de 2021.

Porém, à medida que vai se popularizando, o recurso também passa a ser mais usado para que criminosos apliquem golpes e fraudes, e com a Black Friday, que acontece nesta sexta-feira (26), o consumidor precisa ficar atento.

Os descontos realizados durante a data já chamam a atenção do consumidor, e muitas vezes o desconto ao pagar com Pix é ainda maior.

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“O que pode ser uma vantagem para os fraudadores já que a urgência e emoção são fatores que influenciam os compradores. Muitas pessoas aguardam a Black Friday para realizar compras de itens importantes e com o Pix tudo fica mais rápido o que pode levar a desatenção da vítima”, avalia Ranier Aquino, analista de segurança de informação do AllowMe, empresa especializada em proteção de identidade digitais.

Na edição deste ano, o volume de compras deve propiciar um faturamento de R$ 6,1 bilhões, o que representa um crescimento de 18% em relação ao ano anterior, de acordo com os dados da Neotrust, consultoria para e-commerce. Os números consideram o movimento das operações na quinta e na sexta (dias 25 e 26 de novembro neste ano).

Ainda, uma pesquisa realizada pela consultoria mostra que, apesar da imensa maioria dos consumidores ainda considerar o cartão de crédito como opção, 25% dos entrevistados consideram usar o Pix na data – acima de boleto bancário (17%) e cartão de débito (14%).

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“Desde a chegada do Pix, os números de transações pessoais já superam os TED e DOCs, segundo dados do BC. Mas quando analisamos números do e-commerce, somente 3% das transações em compras digitais aconteceram via Pix. Esse percentual poderá ter um crescimento significativo na Black Friday, sugerindo uma confiança maior nessa forma de pagamento”, diz Fabrício Dantas, CEO da Neotrust.

Diante dos riscos, os especialistas da consultoria analisaram o comportamento dos fraudadores e anteciparam possíveis golpes que poderão ser realizados na Black Friday utilizando o Pix, e deram dicas de como se proteger.

Aquino ponderou que o Pix não é o golpe, é apenas uma ferramenta que veio para facilitar transferências e pagamentos – mas que o criminoso pode usar para dar golpes. “O consumidor deve utilizar esse recurso com sabedoria. Deve deixar o calor do momento de lado e utilizar mais a razão do que a emoção para ter uma compra segura.” Confira abaixo.

Preços baixos demais para ser verdade….

1. Desconto extra ao usar o Pix

Fabio Assolini, analista senior de segurança da Kaspersky, ressalta que os golpes envolvendo o Pix vão explorar os preços super baixos porque as lojas têm menos custos do que na operação intermediada por uma bandeira de cartão, por exemplo (saiba mais aqui). 

“Os valores serão abaixo dos descontos que estão no mercado para chamar a atenção. Por exemplo, uma televisão de 55 polegadas por R$ 900, o que é muito abaixo do preço praticado no mercado e com a desculpa de ótimo preço justamente para usar o Pix”, diz.

O consumidor desavisado, que não comparou os preços, que não conferiu se o site onde a TV estava ofertada era real, pode fechar esse negócio e tomar o golpe, ficando no prejuízo.

“Os golpistas vão se aproveitar da rapidez do pagamento para aplicar grandes golpes”, acrescenta Aquino.

Os sites que ofertam esses produtos mais baratos muitas vezes são muito similares aos originais e o cliente não recebe o produto.

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2. Desconto acumulado ao usar o Pix

Outro golpe destacado pelos especialistas é uma oferta de desconto acumulativo em pagamentos via Pix, ou seja, quanto mais você compra mais você ganha de desconto.

“Quando uma compra é realizada pelo Pix, uma prática comum dos fraudadores é pulverizar o dinheiro em várias contas laranjas, o que dificulta o rastreio. O desconto acumulativo é apenas uma forma de tentar tirar mais dinheiro da vítima, já que, na emoção, ela pode acabar comprando mais produtos ou chamando mais pessoas para comprarem em grupo”, explica Aquino.

Assim, na prática, o criminoso lucra com o simples fato da compra ser realizada, como o site não é o site oficial da loja, qualquer compra realizada já é um lucro para ele, levando em consideração que esses produtos nunca chegarão a casa do cliente.

Por isso, lembre-se: sempre compare os preços, as varejistas e lojas online seguem valores parecidos, a diferença dificilmente será absurdamente maior.

Assolini ressalta que uma dica deve ser regra: se o consumidor tiver qualquer dúvida, desconfiança ou receio na hora de pagar com o Pix, opte pelo cartão de crédito. Os métodos de solução de problemas são mais conhecidos e mais ágeis.

Apenas no último dia 16 de novembro é que o recurso Pix Devolução passou a funcionar – o mecanismo que facilita estornos em casos de suspeitas de fraudes e golpes. Mas como o recurso é novo, o cliente ainda pode encontrar dificuldades se precisar usá-lo, já que nem todos os envolvidos podem estar prontos para dar o suporte ágil à vítima (saiba mais aqui).

3. A urgência da compra é sinal amarelo

Esse golpe se aproveita da urgência de compras do consumidor: “É a última peça em estoque!”, “Se você comprar agora, o desconto é maior”, “promoção relâmpago”, entre outras frases como essas aparecem enquanto o cliente tenta efetuar a compra.

“A urgência no anúncio faz com que o comprador se confunda. Nesse caso é necessário avaliar alguns pontos, como a confiabilidade do site e caso seja uma loja conhecida se há erros de digitação no endereço. Com a premissa do ‘restam poucas unidades’ o cliente fica mais vulnerável pelo senso de urgência apresentado e se sente mais induzido a compra”, explica Aquino.

Assolini destaca que a urgência é um dos principais gatilhos para o consumidor. “Chama muita a atenção a super promoção relâmpago ou a escassez do produto, muitas pessoas compram sem conferir nada, por impulso mesmo”, diz.

Por isso, os clientes precisam ter cautela e se atentar a pequenos detalhes, como a URL do site e até mesmo erros de português no próprio site – qualquer erro ou desconfiança deve ser motivo para o cliente pensar duas vezes antes de comprar.

4. Phishing: isca atrativa e pessoa enganada

Uma das formas mais utilizadas pelos golpistas é o chamado phishing. Ou seja, links falsos que levam o consumidor a uma página falsa na internet, comumente muito parecida com a de uma loja conhecida para que ele faça uma compra com desconto.

“Nunca confie em links recebidos via sms ou WhatsApp que ofereçam grandes promoções imperdíveis ao pagar com Pix. Também vale para links recebidos via e-mail. Esses sites podem ficar com o dinheiro, bem como roubar dados pessoais. Nesta Black Friday busque ativamente os sites confiáveis, confira os links e as páginas, bem como os preços para não ficar no prejuízo”, orienta Rogerio Melfi, membro da ABFintechs.

Este golpe é muito comum e houve um crescimento nos ataques de phishing, que simulam páginas de pagamento online. O número total de bloqueios de ações com fins financeiros disfarçados de sistemas de pagamento eletrônico aumentou mais de duas vezes de setembro (627.560) a outubro de 2021 (1.935.905), um crescimento de 208%, segundo os dados da Kaspersky.

Houve também um aumento das campanhas de spam: foram detectados mais de 220 mil e-mails maliciosos ativos contendo as palavras ‘Black Friday’ durante o último mês (período de 27 de outubro a 19 de novembro), também segundo a consultoria de segurança.

5. Código QR falso

Outro golpe que pode ser aplicado nos e-commerces é o site ser verdadeiro e legítimo, porém, o QR Code fornecido ser falso. Neste caso, o cliente paga, mas o valor vai para uma conta que não é a da loja verdadeira e o prejuízo fica com ele.

“Para isso acontecer os criminosos precisam invadir o site e colocar um QR Code falso por cima do verdadeiro. Não é tão simples, os criminosos amadores não costumam perder tempo com esse golpe. Mas a solução em todos os casos é simples: sempre confira o destinatário e o valor ao pagar com o Pix. Se o nome que aparecer na chave Pix for de uma pessoa física desconfie, geralmente são CNPJs. E mesmo com CNPJs jogue rapidamente no Google para fazer uma conferência, caso o nome fantasia seja diferente da razão social”, explica Assolini.

Dicas gerais de proteção ao usar Pix 

De qualquer maneira, os especialistas compartilharam uma lista básica para que o consumidor evite prejuízos. Veja:

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.