Bares e restaurantes de SP passam a exigir ‘passaporte da vacina’ após avanço de infecções por ‘flurona’

“A nossa classe foi muito afetada nesses dois anos de pandemia, precisamos nos cuidar e cuidar dos nossos clientes”, disse Checho Gonzales, dono do Mescla

Dhiego Maia

Funcionário de restaurante na pandemia (Stephanie Keith/Getty Images)

Publicidade

Por conta própria, alguns bares e restaurantes da cidade de São Paulo passaram a exigir o comprovante de vacinação contra a Covid-19 para seus clientes.

O movimento é uma resposta ao avanço das infecções pela ômicron, variante do coronavírus, e pela Influenza, vírus da gripe. A dupla contaminação, conhecida como ‘flurona’, vem sendo a responsável pela lotação dos hospitais, afastamento de funcionários em diferentes setores da economia e pelo esgotamento de testes, que estão sendo fornecidos apenas para pessoas com alto risco.

O “passaporte vacinal”, como ficou conhecido o comprovante de vacinação contra a Covid-19, não é obrigatório em bares e restaurantes no estado de São Paulo, segundo o Plano SP de combate à pandemia. Neste segmento, os estabelecimentos precisam cumprir o distanciamento entre as mesas, ofertar álcool em gel e exigir o uso de máscara no rosto para clientes e funcionários.

Exclusivo para novos clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“Mas a nossa classe foi muito afetada nesses dois anos de pandemia, precisamos nos cuidar e cuidar dos nossos clientes”, disse, pelo Instagram, o chef Checho Gonzales, dono do Mescla.

No Mescla, da Barra Funda, os clientes estão tendo que comprovar estar vacinados desde este último sábado (15). O estabelecimento aceita tanto o comprovante de papel como os dados apresentados pelos clientes a partir do Conect SUS, ferramenta online do Ministério da Saúde.

No Cuia Café, na região central, a mesma medida passou a valer neste último sábado. O comunicado tornado público nas redes sociais do estabelecimento, da chef Bel Coelho, informa que os clientes, a cada visita, terão de apresentar “o comprovante de vacinação contra a Covid-19, com ao menos duas doses”.

Continua depois da publicidade

A decisão foi aplaudida por muitos, com dizeres como: “concordo totalmente. Colaboradores e outros clientes precisam estar em segurança”. Mas foi criticada por outros. “Ok, um direito do restaurante! Tem muitos em São Paulo que posso ir sem ter que apresentar nenhum documento”, escreveu um cliente do Cuia Café nas redes sociais da empresa.

No Borgo Mooca, localizado no bairro de mesmo nome na zona leste paulistana, o “passaporte vacinal” também foi implantado para proteger “nossa família, as famílias de nossos colaboradores, dentro do cenário atual”, segundo trecho de comunicado do estabelecimento.

O mesmo ocorre no Bar dos Arcos, no Theatro Municipal, no centro. No Nu I Cru, bar da Água Branca, o comprovante é exigido desde novembro.

Passaporte da vacina

O comprovante de vacinação no estado de São Paulo é exigido, por enquanto, em festas, bailes, clubes, casas noturnas, shows, feiras, congressos e jogos, de acordo com o Plano SP contra a Covid-19.

A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) disse, por nota, que é contrária ao passaporte vacinal como medida pública, “pois esta representa, acima de tudo, um diversionismo do governante, que deixa de cuidar do que é, de fato, relevante, como as campanhas pró vacinação, com reforço dos protocolos, e aquelas que orientam as pessoas com sintomas a cumprirem isolamento social e buscar ajuda médica”.

“Acima de tudo, a imposição do comprovante de vacinação, medida ineficaz no combate à pandemia, passa uma falsa sensação de segurança para a população”, complementou a entidade.

Sobre a decisão tomada por alguns restaurantes da capital paulista em exigir o comprovante de vacina a a seus clientes, a Abrasel afirmou que as empresas” têm liberdade para atuar como desejarem.”

O presidente Jair Bolsonaro (PL), que ainda não se vacinou e defende que as pessoas não sejam obrigadas a se imunizarem, tem criticado o uso de qualquer tipo de passaporte de vacinação em diferentes situações.

Em discurso de abertura da 76ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), no ano passado, o mandatário disse que não apoia o mecanismo. “Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada a vacina”, afirmou, na ocasião.

Medida impulsiona vacinação

Comprovantes que provem imunização contra Covid, recuperação da doença ou um teste negativo, impulsionaram as taxas de vacinação 20 dias antes e 40 dias depois de serem introduzidas em lugares como França, Israel, Itália e Suíça, que começaram com taxas de imunização abaixo da média, de acordo com pesquisa publicada na The Lancet.

O estudo, que examinou dados de seis países, é o primeiro a investigar o impacto de tais exigências. Surge no momento em que a variante ômicron se espalha pelo mundo, levando o Reino Unido e outros países a endurecer as restrições e procurar novas maneiras de imunizar os céticos.

As restrições funcionam melhor para aumentar a aceitação da vacinação por pessoas com menos de 30 anos, que muitas vezes não veem o risco de contrair Covid-19 como razão suficiente para tomar a vacina.

Na Suíça, quando os passaportes de vacina foram colocados em prática em casas noturnas e grandes eventos, o único aumento na cobertura de vacinação foi entre os jovens de 20 anos.

Dhiego Maia

Subeditor de Finanças do InfoMoney. Escreve e edita matérias sobre carreira, economia, empreendedorismo, inovação, investimentos, negócios, startups e tecnologia.