7 passos para negociar as dívidas, juntar dinheiro e começar a investir em 2021

Veja dicas práticas para eliminar as dívidas, organizar as finanças e criar o hábito de investir em menos de um ano

Priscila Yazbek

(Pixabay)

Publicidade

SÃO PAULO – Ano virado, energias renovadas, objetivos traçados. Agora que 2021 começou é hora de executar os novos planos. E depois de um 2020 cheio de desafios na economia, é bem possível que organizar as finanças faça parte das suas metas. Mas como ter uma boa relação com o dinheiro na prática?

O InfoMoney conversou com especialistas para mostrar por onde começar um projeto rumo a uma vida financeira mais saudável, que permita eliminar as dívidas, economizar dinheiro e começar a investir em menos de um ano. Confira.

1) Identifique a raiz do problema

De nada adianta fazer contas, planos, ler reportagens e livros sem uma mudança na forma de encarar a relação com o dinheiro. Isso não significa cortar todos os gastos e viver na pendura, mas, sim, refletir sobre a forma como você gasta seu dinheiro hoje.

Exclusivo para novos clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“Qualquer um tem o direito de gastar, de sonhar com um carro, uma casa própria, uma viagem e com conforto. A questão é que as pessoas, muitas vezes pressionadas pela sociedade, querem mostrar um status que não podem ter e é nessa hora que elas se endividam”, diz Rodrigo Cohen, investidor profissional (CNPI-T),

É comum que os problemas financeiros estejam associados a raízes psicológicas. Vale refletir se você não está gastando mais do que deve para compensar uma frustração. Nesse caso, atacar a raiz da questão, como um problema familiar ou no trabalho, por exemplo, vai ser muito mais efetivo do que atacar a consequência, aquele gasto compensatório.

2) Mude o comportamento

Depois, é preciso preciso esforço para que a reflexão se transforme em mudança. Para isso, a dica é focar na autorresponsabilidade. Em vez gastar tempo lamentando que o seu salário é baixo ou que o seu trabalho está longe de ser o emprego dos sonhos, a ideia é partir para a ação.

Continua depois da publicidade

“Muita gente reclama, mas não faz nada para mudar. Você se torna merecedor do que busca fazendo jus a isso. Se quer gastar mais, tem que ganhar mais. Para ganhar mais, é preciso estudar mais, tirar certificação, fazer algum curso, pós-graduação, empreender, ser uma pessoa melhor no trabalho, enfim, sair da zona de conforto”, diz Cohen.

Para Cássia D’Aquino, psicanalista e consultora internacional de educação financeira, a tentação de terceirizar a responsabilidade sobre as dificuldades financeiras fica ainda maior diante de uma crise como a atual.

“A tentativa de colocar a culpa no mundo é cômoda sempre, mas agora também é conveniente. É importante fazer um exame de cenário e consciência: quanto disso é a pandemia e quanto sou eu mesmo, usando a crise como desculpa para repetir erros? Se tem gente que ganha menos que eu e, mesmo na crise, consegue se organizar por que eu estou sempre endividado?”, diz Cássia.

 3) Faça um raio-x das dívidas

Reflexões feitas, hora de agir. Para começar, analise duas questões cruciais: o tamanho das dívidas e se você está na dívida errada.

Anote todas as pendências, sejam a fatura do cartão de crédito, o limite do cheque especial ou um empréstimo pessoal. Detalhe o saldo devedor de cada empréstimo (quanto você deve no total); a modalidade (se é uma dívida no cartão, consignado, empréstimo pessoal, etc.); os juros cobrados; e o prazo.

Em seguida, separe os débitos por prioridade: veja quais dívidas são mais urgentes e podem levar à perda de bens, ou corte de serviços e quais têm juros mais elevados. Para saber melhor como priorizá-las, veja as punições aplicadas em cada caso.

Com os dados reunidos, é possível ver o tamanho real do problema e pensar em soluções viáveis.

4) Parta para a renegociação

Ao partir para a negociação, Michael Viriato, professor de finanças do Insper, diz que o primeiro passo é buscar dívidas mais baratas. “Muitas vezes a pessoa entra em dívidas caras, como no cartão de crédito e cheque especial. O caminho mais efetivo para reduzir os custos é migrar a dívida para outra modalidade”, diz.

Segundo dados do Banco Central, em dezembro de 2020 os juros do cheque especial estavam em 113,6% ao ano e os do rotativo do cartão de crédito, em 319,8%. Já o consignado, aquele empréstimo com desconto em folha, que é um dos mais baratos do mercado, registrou juros médios de 21,1% ao ano em dezembro. Significa que ao migrar uma dívida de R$ 5 mil, por exemplo, do rotativo para o consignado, os juros caem de R$ 634 em um mês para R$ 80.

Como o consignado é restrito a servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS e trabalhadores privados de empresas conveniadas com bancos, para quem não tiver acesso Viriato sugere outra opção: o crédito com garantia do imóvel ou do carro, também chamado de home e car equity ou refinanciamento. “Os juros são mais baixos, mas tem risco, você pode perder o imóvel ou o carro, por isso é um empréstimo que precisa ser muito bem planejado”, alerta.

Entenda como funciona o crédito com garantia do imóvel e do carro, ou refinanciamento e conheça os riscos.

Ao conversar com o banco, proponha um acordo dentro da sua possibilidade de pagamento, para não criar uma nova dívida impagável. Ao negociar com calma e conhecendo seus limites, o devedor fica menos vulnerável a eventuais abusos por parte dos credores.

Viriato diz ainda que é importante comparar não só as opções de empréstimo dentro do seu banco, mas também entre concorrentes. “É possível ir para fintechs se o banco não tiver alternativas mais baratas. É como adquirir qualquer produto: é preciso consultar várias instituições para ver qual tem a condição mais vantajosa”, orienta.

5) Coloque despesas e receitas na ponta do lápis

É praticamente unânime entre os especialistas a recomendação de iniciar um planejamento financeiro colocando “na ponta do lápis” as receitas e despesas. Uma frase muito repetida no universo das finanças pessoais, do físico irlandês William Thomson, diz que: “Aquilo que não se pode medir, não se pode melhorar”. Portanto, ao traçar um panorama da situação financeira, é possível identificar os pontos que precisam ser aprimorados e os que estão dando certo.

Organizar as finanças pode, inclusive, trazer benefícios que vão além do aspecto estritamente financeiro, conforme defende Cássia D’Aquino.

“Muita gente está frustrada por sentir que não tem controle da situação, por não saber quando a pandemia vai acabar e quando vai ser vacinado. Mas são questões que não dependem de mim. Agora, saber quanto eu ganho, gasto e construir uma reserva é algo que depende de mim. À medida que você sente que tem a possibilidade de algum controle, do ponto de vista psíquico, você deixa de sentir que está completamente à deriva”, diz a educadora financeira.

Paradoxalmente, conclui Cássia, este pode ser o momento ideal para iniciar um planejamento financeiro. “É como se a gente tivesse batido no fundo da piscina, não pode piorar. Então, daqui em diante, é só subir”, diz.

Com os gastos todos anotados, identifique quais cortes podem ser feitos. “O planejamento de finanças é um processo parecido com emagrecer: fazer um corte drástico, assim como uma dieta muito restrita, não funciona – depois de um mês a pessoa está gastando tudo de novo. Comece aos poucos”, recomenda Michael Viriato.

O InfoMoney lançou neste ano uma planilha de gastos em Excel, que permite organizar o orçamento. Para baixar, de graça, basta informar seu e-mail no campo abaixo e seguir estas instruções.

6) Comece pela reserva de emergência

Dívidas eliminadas, contas organizadas, o próximo passo, finalmente, é começar a investir. Assim como a maioria esmagadora dos especialistas, Rodrigo Cohen também recomenda começar pela reserva de emergência, um colchão financeiro para contornar imprevistos como uma perda de emprego, um problema de saúde ou uma despesa inesperada.

“A reserva deve ter, no mínimo, três meses dos seus custos. E não pode ter risco, o dinheiro tem que ser aplicado em investimentos que permitam o resgate a qualquer hora”, diz Cohen. Neste ano, como a expectativa é de alta da inflação, o especialista diz que produtos atrelados a índices inflacionários, podem ser uma boa pedida: “Mas como esses investimentos podem ter prazos e riscos maiores, mescle só um pouquinho, menos de um terço da reserva”, diz. Veja cinco opções de investimentos para se proteger da alta do IPCA.

O vídeo a seguir detalha passo a passo como formar a reserva de emergência.

7) Trace objetivos para manter o hábito de investir

Para criar o hábito de investir regularmente, coloque um objetivo para os investimentos. “Ninguém faz nada porque os outros dizem. O investimento deve ser associado a um propósito, um objetivo que não é moralista, como ‘preciso ter dinheiro porque as pessoas fazem isso’. Pense: ‘É isso que eu quero daqui a um ano, dois e, para isso, eu preciso poupar R$ 200, R$ 300 por mês’. Essa visualização da situação é o que te faz se sentir obediente ao plano, não basta só a disposição moral”, diz Cássia.

Outro erro que impede muitas pessoas de começar a investir, segundo Cohen, é achar que é preciso muito dinheiro para começar. “Com 1% ao dia, 1% ao mês da sua renda, já dá para investir. Existem investimentos que partem de R$ 30”. Outra dica ainda é ver o investimento como um pagamento que você faz a si mesmo: “Invista sempre, assim como você sempre paga um boleto ou a internet. Pague pra você também, crie esse hábito”, diz.

O InfoMoney tem um guia especial que traz os mínimos detalhes para quem quer começar a investir. Parte das recomendações também podem ser vistas no vídeo abaixo.

Quer migrar para uma das profissões mais bem remuneradas do país e ter a chance de trabalhar na rede da XP Inc.? Clique aqui e assista à série gratuita Carreira no Mercado Financeiro!

Priscila Yazbek

Editora de Finanças do InfoMoney.