Educação

Yduqs (YDUQ3) já subiu demais? Os argumentos dos otimistas e dos cautelosos com a ação após o salto de 95% no 1º semestre

JP rebaixou recomendação do papel para neutra; BofA e Citi mantiveram recomendação de compra

Por  Mitchel Diniz -

Subiu demais ou ainda tem potencial de valorização? Essa é a principal pergunta dos investidores sobre as ações da Yduqs (YDUQ3), holding de educação, dona de instituições de ensino como Estácio e Ibmec. No primeiro semestre de 2023, os papéis subiram 94,98%, registrando a segunda maior alta do Ibovespa. Os ativos continuaram se valorizando nos primeiros pregões deste mês de julho e, até o fechamento de ontem, tinham mais que o dobro do preço de quando começaram o ano.

Com a curva de juros precificando uma queda na taxa Selic, ações da economia doméstica ganharam fôlego na primeiro metade do ano e o setor de educação foi destaque. As ações da Yduqs também foram beneficiadas pelos próprios resultados da empresa, cujo lucro quase dobrou no primeiro trimestre deste ano.

No último mês de maio, a XP adicionou ações da Yduqs em duas de suas carteiras – Top Small Caps e ESG. A ação chegou a ser top pick da casa no setor de educação. Porém, a XP optou por remover os papéis na virada do semestre, após retorno de 40% em um mês. A equipe de análise da casa chama atenção para a volatilidade do papel no período, mas acredita que, no atual patamar de preços, ainda há potencial de valorização.

“Decidimos por realizar lucros para não ficar exposto à tanta volatilidade”, explicou Jennie Li, estrategista de ações da XP em entrevista no Radar InfoMoney. A equipe de research da casa continua acompanhando o papel e ainda não mudou sua avaliação: tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 23,50.

O JPMorgan, por sua vez, deixou de indicar compra para YDUQ3 após o rali e passou à recomendação neutra. Os analistas do banco traçaram perspectivas melhores para a empresa no longo prazo, mas calculam que o incremento gradual das margens não é suficiente para gerar valorização significativa do papel.

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Por enquanto as projeções do JP não incorporam o impacto de uma possível reforma do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), mas reconhecem que esse pode ser um fator positivamente expressivo para a empresa. O preço-alvo do JP para os papéis YDUQ3 é de R$ 21 para o final deste ano, valor próxima à cotação do papel hoje.

Em análise sobre papéis do setor de educação, Flávio Conde, analista da Levante Ideia de Investimentos, explica que as ações precificaram a melhora da empresa mais cedo, no primeiro semestre deste ano. “Os analistas não tiveram tempo de rever suas projeções”, diz Conde.

Atualmente, o maior preço-alvo para o papel da companhia é de R$ 25, fixado pelo Santander quando os ativos eram negociados abaixo de R$ 10. No começo do ano, o target do banco era ainda maior, de R$ 31, mas foi rebaixado diante de um cenário macroeconômico desafiador, disseram os analistas na época.

No início de junho, o BBA elevou o preço-alvo de YDUQ3 de R$ 11 para R$ 18, incorporando os últimos resultados trimestrais da companhia. Porém, manteve avaliação market perform (desempenho em linha com a média do mercado), equivalente à neutra para o papel, dizendo que incertezas no ambiente macroeconômico poderiam limitar o desempenho da companhia no curto prazo.

Por outro lado, há pouco mais de duas semanas, o o Bank of America elevou a recomendação para YDUQ3 de neutra para compra e seu preço-alvo de R$ 11 para R$ 24.

O BofA observa que empresa vem focando em segmentos premium, como medicina, área em que o Ministério da Educação vem controlando o número de novas vagas. Alunos dos segmentos premium também têm a renda mais protegida em momentos de crise, o que é um diferencial.

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Ainda segundo o BofA, a empresa também tem uma posição de caixa sólida, de R$ 17 bilhões, que a permite lidar com sua agenda de dívidas nos próximos dois anos.

O Citi, por sua vez, vê tendências operacionais fortes para a companhia, após resultados sólidos no primeiro trimestre de 2023 e um guidance robusto para os três meses entre abril e junho. O banco manteve recomendação de compra para YDUQ3 e elevou o preço-alvo de R$ 12 para R$ 23.

Os analistas do banco calculam que a Yduqs deve fechar este ano com lucro de R$ 217 milhões, cifra 65% maior que a prevista anteriormente. Para 2024, a equipe de análise revisou o lucro anual em 36%, para R$ 456 milhões.

Além disso, o banco traça um panorama macroeconômico positivo para a companhia, com maior renda da população, maiores níveis de confiança e taxas de desemprego em queda no país.

Segundo os analistas, a possibilidade de um novo FIES é um catalisador de curto prazo para o setor de educação na Bolsa. Ainda que esse fator já tenha sido precificado em parte pelos investidores, o Citi acredita que pode vir a dar novos impulsos à ação.

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Pelos cálculos do banco, uma injeção de R$ 19 bilhões do governo poderia ampliar as receitas das companhias em 7% e o Ebitda, em 11%, pelos próximos quatro anos.

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