Ações da Mosaico, dona do Zoom e do Buscapé, e da Mobly sobem forte após recomendações

Analistas veem bom potencial de crescimento para ambas as companhias, que estrearam na Bolsa em 5 de fevereiro, ambas com disparada

Lara Rizério

Evento com toque de campainha de abertura do pregão marcou a oferta pública da Mosaico (Créditos: Cauê Diniz/Divulgação)

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SÃO PAULO – A sessão do dia 5 de fevereiro foi marcante para duas empresas, a Mosaico (MOSI3) e a Mobly (MBLY3), cujas ações estrearam na B3 em disparada.

A ação da Mosaico, dona dos sites Zoom, Buscapé e Bondfaro, foi a que mais se destacou, fechando na máxima do dia naquela sessão, com alta de 96,97%, a R$ 39, após ter precificado a ação na oferta inicial (IPO, na sigla em inglês) a R$ 19,80. Já a varejista online de móveis Mobly, por mais que tenha registrado ganhos mais “modestos”, disparou no mesmo dia 25,71%, a R$ 26,40, após ter a ação precificada a R$ 21 (veja mais clicando aqui).

Passado um pouco mais de um mês da estreia na B3, casas de análise começam a cobrir as ações da companhia, seguindo expectativa positiva para os papéis. Desde o IPO até o fechamento da véspera, mesmo não tendo conseguido manter o patamar pós-primeiro pregão, as ações da Mosaico já subiram 26,77% (fechamento na segunda de R$ 25,10). Só nesta terça, MOSI3 subiu 9,24%, indo a R$ 27,42.

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Já MBLY3 teve alta menos expressiva desde o IPO, de 3,81% (fechando a sessão da véspera a R$ 21,80). Nesta terça-feira, na esteira das recomendações, os ativos subiram 5,50%, a R$ 23,00.

A XP Investimentos iniciou a cobertura para as ações da Mosaico com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 38 por ação para o fim de 2021, representando um potencial de valorização de 51,4% em relação ao fechamento da véspera (veja o relatório clicando aqui).

“Vemos a empresa em uma posição única para se consolidar como principal assistente de compras dos consumidores por meio de (i) suas marcas fortes; (ii) plataforma de conteúdo, que apoia a tomada de decisão entre diferentes marcas e modelos; (iii) ferramenta de histórico de preços, que ajuda os clientes a selecionar o melhor momento para efetuar sua compra; e (iv) comparação de preços, que mostra a melhor oferta de preço entre os diferentes vendedores”, apontam os analistas Danniela Eiger, Thiago Suedt e Marco Nardini, que assinam o relatório.

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Além disso, a estimativa é de retornos muito atrativos (ROIC, ou retorno sobre capital investido médio esperado de 40% entre 2020 e 2025), enquanto a recente parceria com o BTG Pactual deve permitir que ele se torne mais ativo na oferta de cashback, o que reforça sua proposta de valor. A Mosaico anunciou em 21 de janeiro uma parceria com o BTG para oferecer cashback aos seus clientes, o que os analistas veem como um movimento estratégico, pois não só complementa sua proposta de valor, ao fornecer outra funcionalidade que ajuda os consumidores em sua jornada de compra, mas também deve melhorar a conversão e frequência de compra.

Conforme destaca a equipe de analistas, o comércio eletrônico brasileiro ainda possui uma penetração baixa quando comparado com outros países, representando cerca de 9% do total das vendas no varejo comparado com 22% no Reino Unido ou 35% na China.

A estimativa é de que as vendas do comércio eletrônico no Brasil cresçam a uma taxa média de 26% entre 2020 e 2025 (sendo alta de 32% na base anual em 2021). “Isso deve contribuir para o crescimento da Mosaico, pois a empresa é uma plataforma que apoia os consumidores na tomada de decisões online, gerando tráfego para os mercados”, apontam.

Além disso, a expectativa é de que o e-commerce brasileiro permaneça fragmentado, com poucos players detendo a maior parte do mercado, o que é positivo para a proposta de valor da Mosaico aos consumidores. Isso porque a plataforma oferece comparação de preços entre os principais varejistas) e também para seus clientes (uma vez que ela gera tráfego em seus marketplaces). Os analistas também consideram a dinâmica de curto prazo ainda mais favorável, pois esperam um ambiente competitivo difícil em 2021 para o segmento de e-commerce à medida que empresas maiores buscam consolidar seu posicionamento em meio à digitalização acelerada desencadeada pela Covid-19, o que pode impulsionar as operações da Mosaico.

Outro ponto positivo para a empresa é de que as companhias também estão ajustando sua estratégia de marketing (e tornando-a mais digital) para acompanhar a digitalização dos consumidores. Isso deve favorecer a Mosaico, pois ela está posicionada dentre uma das alternativas para direcionar esses esforços, avaliam os analistas.

De acordo com Danniela, Suedt e Nardini, é compreensível que, após a forte reação do preço da MOSI3 em sua estreia no dia 5 de fevereiro , investidores possam pensar que a maior parte do potencial de valorização já passou.

No entanto, eles ainda veem muito crescimento e valor a serem capturados pela frente, pois estimam um crescimento anual médio de vendas robusto em 48,5% entre 2020 e 2023, o que não incorpora qualquer potencial aumento resultante da implementação de conteúdo no site do Buscapé ou do início da oferta de cashback. Além disso, a empresa já é lucrativa (desde 2014) e gera caixa (com uma conversão de fluxo de caixa livre sobre o Ebitda média de 50% esperada para os anos entre 2021 e 2025).

“Finalmente, vemos os níveis de múltiplo atuais como atrativos, com a Mosaico sendo negociada a 8,3 vezes o valor da empresa sobre as vendas esperadas para 2021, versus 15 vezes da Méliuz (CASH3) e da média dos pares internacionais de 12 vezes”, destacam.

A Mobly teve a sua cobertura iniciada por dois bancos, o Bradesco BBI e o Morgan Stanley, com recomendações respectivas de outperform (desempenho acima da média do mercado) e overweight (exposição acima da média do mercado).  O BBI tem preço-alvo de R$ 30 (potencial de valorização de 38% frente o fechamento da véspera), enquanto o Morgan tem preço-alvo de R$ 34 (upside de 56%)

Os analistas do BBI apontam que a companhia é uma plataforma de vendas móveis online líder em um mercado fragmentado, posicionada para capturar o crescimento a partir da crescente penetração e consolidação online. O BBI espera uma taxa de crescimento composta anual (CAGR)  nas vendas de 59% para o período entre 2020 e 2023, frente a 26% de outras empresas do setor neste período, e ante alta de 42% entre 2017 e 2020.

“A Mobly desenvolveu as capacidades para vencer em uma categoria complexa [por conta de itens grandes e pesados, com dimensões fora do padrão], com uma plataforma de logística própria especializada em itens volumosos, uma gama de produtos que combina marca própria (margens mais altas / entrega mais rápida) com produtos de terceiros (variedade) em três canais”, apontam os analistas Richard Cathcart, João Andrade e Victor Gaspar.

O atual múltiplo do valor da empresa sobre o GMV (ou venda bruta de mercadorias) esperado para 2021 é de 1,6 vez e de 1,1 vez o esperado para 2022, o que coloca a ação como descontada entre 25% e 30% frente outros pares no Brasil, apesar do crescimento superior.

Os analistas do BBI apontam ainda que as vendas onlines cresceram em um ritmo mais rápido que o mercado geral de móveis, ganhando penetração de aproximadamente 10 pontos nos últimos quatro anos. “Ainda assim, o mercado é predominantemente offline (cerca de 82% do total de vendas esperado para 2020), mostrando que os consumidores ainda valorizam a possibilidade de tocar e sentir o produto”, destacam. Neste sentido, como a Mobly abriu lojas em São Paulo, o que se tem visto um aumento na conversão online e um grande grupo de clientes novos para a marca, sustentando a tese de que o futuro é multicanal.

A expectativa é de que as vendas nas lojas aumentem de cerca de 10% do total em 2020 para cerca de 25% até 2025, conforme as megastores subam de 2 para 50.

Os analistas ressaltam também o bom lugar de competição da companhia, sendo a número 2 especializada em venda de móveis online com um GMV de R$ 800 milhões em 2020, atrás da Madeira Madeira (R$ 2 bilhões de GMV), mas à frente de
Westwing e Tok & Stok. “A Via Varejo também é um grande player, mas tem um público-alvo diferente e um sortimento mais restrito. A competição é difícil, mas Mobly navega neste ambiente há vários anos e tem vantagens competitivas”, afirmam.

Para 2021, a estimativa dos analistas é de um crescimento das vendas líquidas de cerca de 48%, um pouco menor do que estavam esperando anteriormente devido ao ritmo de abertura de lojas e alguns obstáculos de curto prazo (a falta de abastecimento em todo o mercado está levando a prazos de entrega mais longos e preços mais altos).

A expectativa dos analistas é de que essas questões se normalizem até o final do ano, destacando: “portanto, esperamos um crescimento de 68% em 2022 e 60% em 2023, em linha com nossas expectativas anteriores. Preferimos Mobly às quatro maiores plataformas online devido ao crescimento mais rápido, menor competição, menores múltiplos e nenhuma exposição à categoria de eletrônicos”.

Entre os riscos, eles destacam que os investidores se concentrarão no crescimento das vendas como a métrica principal. Portanto, uma questão no radar é se os gastos com marketing levarão ou não a uma geração de crescimento suficiente. Além desse risco, o investidor também deve ficar de olho se a expansão das lojas atrasar ou o ritmo das vendas se deteriorar. Outros riscos são de que as margens podem ser pressionadas por custos mais altos e/ ou competitividade de mercado.

No relatório de início de recomendação, o Morgan Stanley também destaca a ampla oferta de produtos e aponta ver um longo caminho de crescimento para a Mobly com a mudança online, ganho de participação e potencial de expansão.

“Embora o segmento de móveis seja competitivo, vemos espaço para a Mobly ganhar participação nessa indústria altamente fragmentada. Sortimento, logística e lojas são três fatores por trás de uma posição competitiva diferenciada para a Mobly”, avaliam os analistas Andrew Ruben, Fernando Donega e Alexandre Namioka.

Eles ainda complementam, destacam ver um algoritmo de alto crescimento, prevendo uma alta nas vendas médias anuais de mais de 50% até 2023 devido aos ganhos de penetração do e-commerce e expansão da loja física. “Em uma base ajustada pelo crescimento, vemos um valor atrativo”, apontam.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.