WEG (WEGE3): companhia tem novamente bom resultado, mas por que a ação fechou em queda de 4,8%?

Correção após duas sessões de alta e queda das margens ajudam a explicar menor ânimo com WEGE3, apesar dos bons números do quarto trimestre

Lara Rizério

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Mais um resultado sólido para uma das empresas queridinhas na Bolsa. Contudo, a reação do mercado pós-resultado para as ações da WEG (WEGE3), empresa especializada na fabricação e comercialização de motores elétricos, transformadores, geradores e tintas, não foi positiva na sessão desta quarta-feira (16).

Os ativos fecharam com queda de 4,81%, a R$ 31,30, após chegarem a perder 6,42%, a R$ 30,77, na mínima do dia.

A companhia reportou nesta manhã um lucro líquido de R$ 874 milhões no quarto trimestre de 2021, um crescimento de 17,8% em relação ao mesmo período de 2020. A receita líquida somou R$ 6,540 bilhões no trimestre , alta de 33,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, 5,5% acima do consenso de mercado. A alta foi impulsionada tanto pelo mercado interno, responsável por 44,2% da receita e que avançou de 28,6% no ano contra ano, e externo, com alta de 33,3% em dólares no período.

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A WEG ainda anunciou a aprovação de R$ 861 milhões em dividendos complementares, o equivalente a R$ 0,2052 por ação.

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Para explicar a queda na sessão, cabe lembrar que, apenas na segunda e na terça, as ações WEGE3 tinham subido 11,3%, o que já demonstrava uma alta expectativa com o resultado.

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Conforme aponta a Levante Ideias de Investimentos, os números vieram bons, com destaque positivo para o desempenho surpreendente da receita da companhia.  Porém, a queda nas margens tanto bruta como operacional foi algo notável, na visão dos analistas, “fazendo preço” nos ativos.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) avançou 14,7% na comparação
anual, registrando R$ 1,1 bilhão, mas a margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) foi de 17,2%, queda de 2,9 pontos
percentuais ano contra ano e de 1,3 ponto percentual na base trimestral.

Já o Retorno sobre Capital Investido (ROIC, métrica de rentabilidade) do quarto trimestre foi de 30,5%, um avanço de 5 pontos percentuais frente ao resultado obtido 12 meses atrás, mas uma queda de 0,8 ponto percentual com o retorno apresentado no terceiro trimestre de 2021.

A piora na margem é explicada pelo Custo do Produto Vendido (CPV), cujos materiais representam mais de 70% da sua composição, explica a Levante. O aumento no preço dos principais insumos – como o aço e o cobre – e uma piora no mix de vendas, culminaram na queda de 5 pontos percentuais na margem bruta ano contra ano (27,6% contra 32,6%). “Nós salientamos que há um componente cíclico neste aumento de custos, cuja duração e intensidade, porém, é imprevisível”, avaliam os analistas da casa de research.

Já as despesas gerais, com vendas e administrativas subiram a uma taxa inferior ao crescimento das receitas, o que significa maior eficiência operacional. Apesar disso, complementam os analistas, a alavancagem operacional da WEG já parece ter atingido algum limite e os ganhos – caso ocorram – devam ser mais tímidos que os vistos nos últimos três anos.

A sua receita foi o destaque, aponta a casa, com a parte de Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais tendo boa evolução, especialmente nos equipamentos de ciclo curto (como motores elétricos de baixa tensão) no cenário internacional. A sua vertente de GTD (Geração, Transmissão e Distribuição de Energia) também foi bem e foi o que impulsionou o resultado doméstico, dado o forte crescimento anual (60% contra 33% no exterior). Já a parte de Motores Comerciais e Appliance (MCA) veio um pouco mais tímida, em especial no mercado interno. A parte de tintas e vernizes – embora menos relevante no mix – teve boa performance nos mercados de atuação no quarto trimestre de 2021.

“Em conclusão, não podemos deixar de destacar a solidez do balanço. A companhia segue com alto retorno sobre o capital, baixa alavancagem (R$ 1,8 bilhão em caixa líquido) e geração de caixa compatível com o nível de investimento em capital”, aponta a Levante.

A XP também ressalta os números sólidos da companhia no trimestre, com lucro entre 3% e 4% acima de suas estimativas e do consenso, além da receita líquida refletindo um melhor desempenho relativo do mercado externo, beneficiada pela desvalorização do real de 3% na base anual e 7% na trimestral. O mercado doméstico ainda segue em níveis elevados, embora apresentando queda versus o terceiro trimestre de 2021. Para os analistas da casa, a queda da rentabilidade medida pela margem Ebitda refletiu a pressão de custos já esperada de matéria-prima e mix de produtos, com ROIC permanecendo em um forte nível de 30,5%.

O Credit Suisse avaliou que a  empresa reportou números positivos e as tendências estavam de acordo com as expectativas do consenso e as do banco. O crescimento foi sustentado, mas em ritmo mais lento e, mais importante, as margens se contraíram em função de uma mudança de mix e de custos mais altos relacionados a uma cadeia de suprimentos global desafiadora.

Para o banco, o ROIC também ficou em um patamar forte, acima de 30%. “No futuro, esperamos que essas tendências [de crescimento mais lento] continuem, mas temos uma visão positiva da crescente exposição da empresa aos mercados internacionais e tendências globais, como energia solar e eletrificação”, avaliam os analistas do banco suíço.

O Itaú BBA viu os números como “neutros”, “em geral mais pressionados em bases trimestrais e apresentando taxas de crescimento anual mais contidas em comparação com os trimestres anteriores. O BBA também notou uma desaceleração de margem e ROIC ligeiramente abaixo em comparação ao trimestre anterior, mas apontou que essas tendências já foram antecipadas.

A XP e o Credit possuem recomendação equivalente à compra para os ativos WEGE3, com preços-alvos respectivos de R$ 50 (potencial de alta de 52% frente o fechamento de terça) e R$ 44 (ou upside de 34%).

O Itaú BBA, por sua vez, tem recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado), ainda que vendo um potencial significativo de valorização de 40% com o preço-alvo de R$ 46.

Os analistas destacam que a WEG tem um histórico impecável de resultados sólidos e altos retornos baseados em estratégias claras de longo prazo e em um balanço saudável, que permite-lhe perseguir confortavelmente oportunidades de crescimento orgânico e inorgânico. Contudo, a recomendação se baseia no valuation esticado, projeção de taxas de crescimento mais contidas para Ebitda e receita líquida, além de uma projeção de margem Ebitda estável em 2022 ante 2021.

Compilação feita pela Refinitiv com casas de análise mostram divisão no mercado sobre os ativos. De 16 casas, 5 recomendam compra, 5 manutenção e 3 venda. O preço-alvo médio é de R$ 42,83, o que configura um potencial de alta de cerca de 30% em relação ao fechamento da véspera.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.