Varejistas, construtoras e seguradoras da Bolsa reagem a tom mais “dovish” do Copom; veja quem ganha e quem perde

Banco Central apontou para desaceleração no ciclo de alta de juros após anunciar alta de 1,5 ponto percentual na Selic

Mitchel Diniz

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O tom mais dovish (branda) do Banco Central após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) pegou uma boa parte do mercado de surpresa. Depois de elevar a taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto percentual, o BC sinalizou que uma desaceleração do ciclo de aperto monetário poderá começar a partir da próxima reunião do colegiado, em março. Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, destacou no Radar InfoMoney desta quinta (confira a análise completa no vídeo acima) que a alta nessa magnitude já tinha sido bastante antecipada pelo mercado.

Assim, na Bolsa, as ações reagiram mais ao comunicado do Copom do que à decisão em si. Para as varejistas, que tiveram um 2021 difícil com alta de inflação e juros, nem parecia que a taxa de juros da economia foi elevada a dois dígitos.

A maioria das ações do setor encerram a quinta-feira no terreno positivo. Americanas (AMER3) foi a segunda maior alta do Ibovespa, subindo 2,53%, a R$ 32. Via (VIIA3) subiu 1,82%, a R$ 4,48, Lojas Renner (LREN3) subiu 0,3% e Magazine Luiza (MGLU3) também conseguiu terminar o dia em alta de 0,3%.

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“A partir do momento que a gente tem essa mudança de orientação do Banco Central para desaceleração de alta de juros, só com o comentário, as ações começam a reagir”, afirma Matheus Lima, analista da Top Gain. Mas até quando o movimento deve perdurar?

Lima explica que, mesmo com a sinalização do Banco Central, o horizonte continua sendo de alta de juros pelos próximos meses. Ainda que os movimentos futuros não repitam a alta de 1,5 ponto percentual, como acredita a maioria dos analistas, os ajustes devem continuar agressivos.

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“Vamos desacelerar, mas um aumento de 1,25 ponto ou 1 ponto percentual ainda é um movimento bem agressivo para taxa de juros. Eu acho que seria muito euforia falar em reviravolta para essas ações por conta de um pronunciamento pontual do Banco Central”, afirma Lima.

O analista lembra que as incertezas são maiores em ano de eleição, o que pode impactar o câmbio e o dólar voltar a patamares mais elevados, pressionando a inflação. Para Lima, a hora adequada de montar posição em ações do varejo será quando o BC colocar de fato em prática a desaceleração do aumento de juros para a qual sinalizou nessa última reunião.

As construtoras, que também têm sido impactadas pelo ciclo de aperto monetário, também repercutiram as últimas sinalizações do BC, mesmo com mais uma alta agressiva dos juros. Cyrela (CYRE3) passou o dia no terreno positivo, mas terminou o pregão estável, valendo R$ 16,82. MRV (MRVE3) avançou 0,62%, enquanto Eztec (EZTC3) fechou em baixa de 0,58%.

Analistas explicam que uma redução no ritmo de alta dos juros reflete no valor do financiamento de imóveis, indicando um alívio para essas empresas.

As ações das seguradoras também chegaram a repercutir o tom mais dovish do Banco Central. Mais cedo, os papéis das companhias operavam em baixa. Essas empresas tendem a se beneficiar com juros mais altos, pois uma parte relevante da receita delas vem de aplicações financeiras atreladas a renda fixa.

“Os recursos dos seguros ficam investidos nessas aplicações até quando há a ocorrência do sinistro. Qualquer 0,25 ou 0,50 ponto a menos faz diferença”, explica Maria Cândida, sócia da HCI Investe.

No período da tarde, porém, as ações das seguradoras reduziram. SulAmérica (PSSA3) fechou em baixa de 0,25%, a R$ 19,78; já BB Seguridade (BBSE3) subiu 0,57% e Caixa Seguridade (CXSE3) avançou 0,23%.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados