Tenda: alta dos custos de construção é principal desafio e deve continuar pressionando ações no curto prazo

Segundo analistas, margens podem melhorar daqui para frente com a nova estratégia de precificação, mas isso pode prejudicar a velocidade de vendas

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – O recorde de lançamentos e vendas no segundo trimestre da construtora Tenda (TEND3) animaram os investidores, levando a ação a apresentar alta na Bolsa nesta sexta-feira (6), mas não foram suficientes para animar os analistas do mercado financeiro.

Isso porque, apesar do bom volume de vendas no período, a companhia decepcionou ao registrar queda nas margens devido ao aumento dos custos de construção – algo que tem afetado todas as empresas do setor.

Entre abril e junho, a Tenda somou lucro líquido de R$ 34 milhões, queda de 16,1% na base de comparação anual.

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Diante da alta nos preços dos insumos, a margem bruta ajustada ficou em 27,8% no trimestre, queda de 4,5 pontos percentuais na comparação anual e de 3,3 pontos na base trimestral.

No ano, as ações TEND3 apresentam queda da ordem de 30% na Bolsa, ante alta de 2,2% do Ibovespa. Nesta sexta, os papéis fecharam o pregão com alta de 1,71%, negociados a R$ 21,41.

Em relatório, o Itaú BBA destaca que, apesar da alta de 50% das vendas líquidas no período, que somaram R$ 862 milhões, e do controle da companhia na despesa administrativa, a construtora mostrou uma margem de lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de 11,2%, abaixo das expectativas do banco de 12,5%.

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O fraco desempenho no Ebitda e o aumento nas despesas financeiras também resultou em um lucro líquido 21% abaixo do esperado pelo banco.

Por conta do impacto nas margens, a Tenda anunciou nesta sexta que revisou suas projeções para o ano de 2021, reduzindo a estimativa de margem bruta do intervalo de 30% e 32% para 28% a 30%.

As estimativas de vendas líquidas no ano, por outro lado, foram revisadas para cima, com aumento de R$ 200 milhões.

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Em relatório, a XP escreve que os resultados mais amenos já eram esperados no último trimestre, levando a receita mais forte a ser compensada por uma margem bruta menor do que o esperado.

Por outro lado, os analistas destacam que a companhia vem aumentando o preço das unidades (cerca de 8% acima de 2020) – o que deve diminuir o risco de novas revisões nas margens.

“Embora não descartemos resultados momentaneamente mais fracos, continuamos com visão construtiva para as ações no longo prazo e mantemos nossa recomendação de compra e preço-alvo de R$ 38 por ação”, escreve o time de análise.

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Repasse e aumento dos preços

De forma a controlar os custos, a Tenda sinalizou em teleconferência com analistas que está adotando diferentes estratégias para superar essa tendência, como o aumento dos preços e antecipação da compra de materiais.

De acordo com o Credit Suisse, as margens podem melhorar daqui para frente com a nova estratégia de precificação da empresa, embora isso possa prejudicar a velocidade de vendas.

A princípio, contudo, o banco prefere manter sua recomendação neutra para os papéis TEND3 e preço-alvo de R$ 35.

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“Com as empresas acelerando os lançamentos no segundo semestre deste ano e a cadeia de suprimentos da construção civil não apresentando sinais de desaceleração de custos, continuamos cautelosos com os próximos resultados, pois acreditamos que as margens podem se deteriorar”, escreve o banco.

Ainda que o repasse do aumento dos custos tenha aumentado, o Bank of America reconhece que a estratégia seja limitada, dado que a Tenda está focada exclusivamente no programa habitacional, que oferece menor flexibilidade.

Além disso, os analistas avaliam que a concorrência em São Paulo, onde a empresa pretende aumentar a exposição, é forte.

O BofA manteve sua recomendação neutra para os papéis da companhia, com preço-alvo de R$ 32, dada a perspectiva de crescimento mais suave em relação aos pares de baixa renda, como Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3).

Cenário competitivo benigno

Para o Bradesco BBI, a decisão da Tenda de aumentar os preços parece necessária e indica uma mudança na abordagem de mercado. Os analistas avaliam que os preços mais altos estão sendo bem aceitos, o que sugere que a concorrência possa estar enfraquecendo (em especial os players menores).

Ainda que o aumento dos custos esteja atingindo o setor de construção civil como um todo, os analistas defendem que Direcional começou a reajustar seus preços mais cedo este ano, o que indica que as margens da companhia devem sofrer menos do que as da Tenda.

“De qualquer forma, preços mais altos devem levar pelo menos dois ou três trimestres para começarem a aparecer nas margens da Tenda, o que nos leva a manter nossa preferência relativa pela Direcional, que esperamos ter um desempenho significativamente superior ao de seus pares”, escreve o Bradesco BBI.

Mesmo assim, o banco  tem recomendação outperform (performance acima da média do mercado) para os papéis da Tenda e preço-alvo de R$ 36.

Segundo o time de análise, os papéis da construtora oferecem uma grande – e positiva – assimetria de valor.

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