Sem perspectiva de aumento de preço da celulose esse ano, setor busca diversificação e retorno de investimentos

Suzano (SUZB3), Klabin (KLBN11) e Irani (RANI3) estão às voltas com o início de operação de novos projetos, após investimentos

Augusto Diniz

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Em meio à queda de preço da celulose, a Suzano (SUZB3) anunciou no meio do ano que reduziria a produção da commodity. A analistas e investidores, a companhia desmentiu que a medida tivesse como objetivo “disciplinar o mercado”, garantindo que, ao fim do ano, tudo voltaria ao normal.

Pode ser que a Suzano esteja apostando na melhora do mercado em 2024, como a Klabin (KLBN11) disse crer, também durante a apresentação de resultados. Enquanto isso, a Irani (RANI3) viu a crise na Argentina bater à porta, sendo o principal ponto de preocupação dos executivos da papeleira.

Em comum, as três empresas têm terminado ciclos de investimentos (capex) importantes, que tendem a eliminar gastos e trazer retorno dos investimentos em breve.

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Suzano (SUZB3): Cerrado tem alta geração de caixa

Especialmente no caso de Suzano, a companhia confirmou o início da operação do projeto Cerrado, nova fábrica em Ribas do Rio Pardo (MS), para junho de 2024.

O novo projeto agregará, no total, 2,55 milhões de toneladas por ano de celulose à produção. Já para o ano que vem a empresa projeta vender 700 mil toneladas de celulose de Cerrado.

Durante teleconferência, Walter Schalka, CEO da Suzano, ressaltou que os pesados investimentos no projeto Cerrado – responsáveis em parte pela elevada alavancagem da empresa – têm “alto nível de geração de caixa”.

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Além disso, a empresa anunciou ainda investimentos de R$ 1,66 bilhão para a construção de uma nova fábrica de papel (tissue) em Aracruz (ES), além da conversão de uma máquina na unidade de Limeira (SP), para produção de celulose fluff.

Em meio a planos de aumento da capacidade e de novos mercados, os analistas consideraram os números da companhia positivos no 3º trimestre, apesar do cenário desafiador.

Klabin (KLBN11): Tendência de melhora em 2024

Sobre o atual momento – mais desafiador –, o CEO da Klabin, Cristiano Teixeira, foi o mais direto sobre o tema, durante teleconferência com analistas.

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“Talvez essa transição do 2T23 para o 3T23 tenha sido um dos piores momentos que a gente viu em muitos anos no setor de papel e celulose”, disse ele, com relação à queda de preços no setor.

Executivos da Klabin comentaram que, de janeiro a agosto, tanto a celulose quanto o papel na Europa tiveram demanda bastante reprimida.

Na China, os preços chegaram a um nível mais “palatável”, mas não se vê mudança significativa de patamar esse ano, só mesmo em 2024, com a tendência de alta ganhando corpo, segundo a administração da Klabin.

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Alexandre Nicolino, diretor comercial de Celulose, aposta no funcionamento pleno da chamada máquina 28 de produção de papel-cartão na planta de Ortigueira (PR), que representa a segunda etapa do Projeto Puma II, para garantir melhor resultado da companhia na área de embalagens.

Irani (RANI3): Crise argentina preocupa

Enquanto isso, a Irani pontuou as preocupações em relação à crise econômica na Argentina – importante mercado para a empresa.

A companhia costuma tratar o comércio com os argentinos como um negócio quase local, já que a sua unidade industrial fica em Santa Catarina, estado com acesso logístico privilegiado ao país vizinho.

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“As condições macroeconômicas da Argentina dificultaram muito as exportações e os preços”, afirmou Sergio Ribas, CEO da Irani, na tele de resultados do 3T23.

Parte do volume de embalagens que era vendido para os argentinos tem ido para outros mercados, mas sem grandes vantagens.

A Irani vê a Plataforma Gaia, que reúne um conjunto de projetos de expansão e melhorias, como um item a ser considerado em 2024 no que refere retorno de investimento.

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Iniciado em maio de 2020, o programa consumiu pouco mais de R$ 1 bilhão, sendo que mais de 90% dos aportes já foram realizados, significando menos capex à frente.

“Na realidade, a gente vai ter a captura da maior parte dos investimentos (da Plataforma Gaia) já em 2024”, afirmou Ribas.

A Irani, assim, é mais uma empresa do setor de papel e celulose que fecha um ciclo de capex e vai em busca, agora, da geração de resultados após os investimentos.