Suzano (SUZB3) tem resultados fortes apesar de cenário desafiador e traz boas perspectivas com investimentos

Resultados foram impulsionados por volumes e preços de celulose melhores que o esperado, bem como pela redução de custos caixa

Lara Rizério Augusto Diniz

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Números positivos no trimestre, apesar de ser um período desafiador.

O resultado da Suzano (SUZB3) foi bem recebido por analistas e destacado Walter Schalka, CEO da companhia, que também falou sobre os investimentos realizados pela empresa de celulose durante o Investor Day da companhia, realizado nesta sexta-feira (27).

A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 729 milhões no terceiro trimestre de 2023 (3T23), revertendo lucro líquido de R$ 5,448 bilhões registrados em igual período do ano passado. Apesar do resultado negativo, o número foi melhor  do que o consenso LSEG de mercado esperava, uma vez que contava com prejuízo de R$ 1,5 bilhão.

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Segundo a companhia, a variação é explicada em grande parte pela redução no resultado operacional (queda da receita líquida) e pela variação negativa no resultado financeiro, como resultado da desvalorização cambial sobre a dívida e sobre as operações com derivativos.

Além dos números para o trimestre, a empresa anunciou investimentos de R$ 1,66 bilhão para a construção de uma nova fábrica de papel e de uma caldeira de biomassa em Aracruz, no Espírito Santo, bem como a conversão de uma máquina em Limeira, em São Paulo, que elevará a capacidade de produção de celulose fluff. Segundo o presidente da Suzano, o investimento em celulose fluff em São Paulo anunciado na véspera é “apenas a primeira fase”.

O Bradesco BBI destaca o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 3,7 bilhões, caindo 6% no trimestre e 57% em um ano, mas ainda 12% acima do consenso.

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“Os resultados superaram as expectativas gerais do mercado, provavelmente, devido a um custo caixa/tonelada inferior ao esperado e aos preços da celulose maiores do que o esperado (embora ainda em níveis deprimidos”, aponta o banco.

O banco ressalta que os fundamentos da demanda chinesa melhoraram gradualmente nos últimos meses, levando a novos aumentos de preços em outubro e novembro, embora isto só deva refletir-se nos resultados da empresa nos próximos trimestres.

Sobre os novos planos de investimento em negócios alternativos (fluff e tissue), o BBI vê como positivos, porque aumentam a diversificação da empresa para outros mercados.

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Porém, embora reconheça que os preços recuperaram a um ritmo mais rápido do que anteriormente esperava face à crescente demanda chinesa, o BBI não vê espaço para os preços subirem ainda mais, especialmente tendo em conta a entrada de capacidade adicional relevante no mercado e as incertezas macroeconômicas globais. “Dito isto, mantemos nossa recomendação de venda para as ações da Suzano neste momento”, avalia.

Em apresentação, a empresa brasileira destacou que os pedidos de celulose da China estiveram em níveis “muito saudáveis” em outubro e devem permanecer assim em novembro.

O Itaú BBA tem uma visão parecida com a do BBI para o resultado, mas uma recomendação oposta a do banco, tendo visão otimista e recomendando compra para a ação, com preço-alvo de R$ 56.

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“A Suzano reportou fortes resultados no terceiro trimestre, com o resultado operacional (Ebitda) totalizando R$ 3,7 bilhões, 12% acima das nossas estimativas e do mercado. O desempenho acima do esperado é principalmente explicado por melhores preços e custos no segmento de celulose. Adicionalmente, a Suzano anunciou investimentos em novos projetos nos segmentos de Tissue (papéis de fins sanitários) e Fluff, no qual entendemos como positivo para a companhia dado que são projetos correlacionados ao negócio de celulose”, destacou a equipe de análise do banco.

A XP tem a Suzano como top pick (preferida do setor), recomendando compra para os papéis. A casa também destaca que a companhia reportou resultados melhores que o esperado, “impulsionados por volumes e preços de celulose melhores que o esperado, bem como pela redução de custos caixa (em meio a um trimestre desafiador para a indústria de celulose e papel)”, avalia.

A XP acredita num bom momentum pras ações da Suzano, dado: (i) os preços da celulose deverão se beneficiar dos aumentos de preços anunciados e o projeto Cerrado, que não está precificado de forma justa aos preços atuais das ações da Suzano, na visão da casa.

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Projeto Cerrado

Por sinal, durante apresentação a analistas e investidores, os executivos da Suzano também citaram o Projeto Cerrado. Eles destacaram estimar vendas de celulose produzida em sua nova fábrica de celulose no Centro-Oeste (que é “apelidada” de Projeto Cerrado) de 700 mil toneladas em 2024.

A empresa mantém expectativa de ativar a nova fábrica em junho do próximo ano. Atualmente as obras estão 78% concluídas, segundo a apresentação.

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A unidade terá um custo de produção de cerca de US$ 500 por tonelada durante a ativação e estrutural previsto de US$ 400. O capex do projeto já chegou a R$ 15 bilhões.

Walter Schalka, CEO da companhia, destacou que, com o projeto, “vamos reduzir nossa dependência de madeira de terceiros. Cada projeto que realizamos, buscamos valor”.

(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.