Irani (RANI3) tem queda de exportação à Argentina e prevê pagamento de dividendos em 2023

País vizinho é um importante mercado, por sua localização estratégica, mas cenário macroeconômico por lá afetou vendas

Augusto Diniz

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A Irani (RANI3) tem na Argentina um grande mercado consumidor, sobretudo por contar com uma unidade industrial no Estado de Santa Catarina, o que facilita o envio dos seus produtos ao país vizinho. Mas a situação econômica argentina, que se vê às voltas com uma eleição presidencial, traz preocupações.

“A produção de papel na Argentina é deficitária e o Brasil é um grande fornecedor para aquele país. Mas as condições macroeconômicas da Argentina dificultaram muito as exportações e os preços”, afirmou Sergio Ribas, CEO da Irani, durante teleconferência de resultado do 3º trimestre a analistas.

“Pela fidelidade, pela parceria que se tem, garantia de fornecimento por longo tempo – já que são clientes de muitos anos, não clientes que a gente vende de maneira spot (transação à vista) –, eles acabam tendo preço melhor do que se for vender spot para o mercado asiático”, exemplifica, sobre a vantagem de se vender aos argentinos.

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Entretanto, explicou Ribas, como a empresa não está vendendo para a Argentina no volume geralmente realizado, a companhia está buscando outros mercados, com os quais opera com preços menores.

Irani (RANI3): Balanço

Segundo relatório de resultado do 3T23 da empresa, o preço do papel para embalagens flexíveis está estável na comparação anual, mas apontando redução, dada a grande oferta de papel a nível mundial, como também pelo recuo de vendas para a Argentina, devido aos seus problemas internos.

Para Irani, a Argentina é quase uma venda para o mercado interno porque, em poucos dias, a carga está no cliente e o preço acaba sendo similar ao mercado interno.

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O executivo também apontou o dólar como outro vilão do período, “que acabou afetando os preços em relação ao trimestre anterior”.

Plataforma Gaia e dividendos

Na teleconferência de resultados do 3T23, os executivos também esclareceram sobre os investimentos no âmbito da Plataforma Gaia, que envolvem vários projetos de expansão, reforma e introdução de novos maquinários nas unidades da companhia e que tiveram início em meados de 2020.

Com investimento total de R$ 1,082 bilhão, quase todo aporte na Plataforma Gaia já foi feito: R$ 910 milhões.

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Por conta desse desembolso, a alavancagem (relação dívida líquida/Ebitda) subiu de 1,95 vez no 2T23 para 2,10 vezes no 3T23 e deve alcançar o pico no 4T23, voltando a cair a partir do ano que vem.

“Todos os projetos (da Plataforma Gaia) têm taxa de retornos muito boas. Na realidade, a gente vai ter captura da maior parte dos investimentos já em 2024”, afirmou Ribas.

Em meio aos investimentos, o CEO garantiu o pagamento de dividendos esse ano.

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Tendência global de fusões

Ainda na teleconferência, Sergio Ribas comentou sobre a recente fusão da americana WestRock com a irlandesa Smurfit Kappa, criando uma gigante global de embalagens. As duas empresas têm atuação no Brasil.

“É uma tendência global de maior concentração. Nós estamos em um segmento que custo é muito importante. É uma indústria que preço é fundamental, mas compete essencialmente por estrutura de custo”, disse a analistas.

“É uma empresa mundial que está sendo formada, é um player diferenciado. No Brasil, não devemos ter grandes impactos. As duas empresas estão presentes, são excelentes empresas no mercado nacional e que são concorrentes leais”, complementou.