Klabin (KLBN11) descarta mudanças significativas em 2023 para o preço da celulose; expectativa fica para ano que vem

Executivos pontuaram que o setor passou por um dos piores momentos da história, com a recente desvalorização da commodity

Augusto Diniz

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A Klabin (KLBN11) recorreu ao exemplo dos Estados Unidos de como o mercado global tem sido atingido com os preços baixos do papel e da celulose em meio à queda forte de demanda. Entre 2022 e 2023, foram fechados em capacidade de produção de krafliner (embalagens) cerca de 1,6 milhão de toneladas, segundo informações do mercado. Cristiano Teixeira, CEO da companhia, reconheceu esse contexto.

“Talvez essa transição do 2T23 para o 3T23 tenha sido um dos piores momentos que a gente viu em muitos anos no setor de papel e celulose, com queda de preço em todos os segmentos, exceto nas embalagens de conversão”, disse, ponderando que “a Klabin conseguiu performar bastante bem, com margens ao redor de 30%, 31%”.

As declarações foram dadas durante teleconferência de resultados com analistas nesta quinta-feira (26). Hoje, as ações da Klabin sobem 1,22%, cotadas a R$ 22,42. Ontem, a companhia apresentou lucro de R$ 245 milhões no 3º trimestre, uma queda de 88% em relação à comparação anual, mas sem surpresas, conforme analistas.

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Apesar do cenário traçado, Teixeira ressaltou a analistas que o papel ondulado e os sacos industriais têm conseguido nos últimos cinco anos, mesmo durante a pandemia, performance de preço acima da inflação, com volumes bastante estáveis.

“A gente fecha o terceiro trimestre de 2023 com esse resultado. Obviamente, parte disso se deve a própria perda nos preços de celulose e demais papeis”, comentou.

Klabin (KLBN11): Oito meses de sufoco

Mas o ano tem sido desafiante. “A Europa, do ponto de vista de celulose, nos oito primeiros meses do ano, ficou marcada por uma demanda mais reprimida tanto de celulose como papéis, com vários fechamentos de capacidade e desestocagem massiva de produtos acabados”, disse Alexandre Nicolino, diretor comercial de Celulose.

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“Nível de preço (atual da celulose) é sustentável. São mais palatáveis no momento atual. É um preço que sustenta. No curto prazo não se vê nenhuma mudança significativa de patamares de preço e ano que vem a gente vai entender como essa dinâmica vai funcionar”, acrescentou.

A celulose de fibra curta hoje gira em torno de US$ 630 a tonelada e foi no patamar de US$ 500 que a situação apertou bastante para o setor.

Aposta em embalagens

“A celulose tende a recuperar em parte a sua participação nos resultados à medida que os preços comecem a voltar – lembrando que tende também a ter maior participação no resultado da companhia a área de papéis de embalagem, conforme o ramp up da máquina 28 (de produção de papel-cartão na planta de Ortigueira, no Paraná) aconteça”, ressaltou.

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O executivo apontou ainda recuperação de estoques globais, e afirmou que sobre o embarque de celulose, principalmente para a China, a empresa “enxerga uma tendência de melhora nesse início desse 4T23, trazendo definitivamente uma recuperação de preços que já era esperada”.

Cautela e expectativa para 2024

“Não enxergamos nenhuma mudança (de preço) nesse ano”, disse Nicolino, prevendo, porém, para o primeiro trimestre de 2024, nova subida do valor da commodity, conforme analistas já têm se pronunciado.

Na parte de papéis, o diretor comercial da área José Soares diz ver um cenário de estabilização de preços, que “caíram muito”, e uma melhora ligeira de demanda.

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O CEO da Klabin ressaltou ainda o “ataque frontal” com a redução de custo fixo e o aumento de volume como cruciais para a empresa ter resiliência nesse cenário.

Ele citou economia de R$ 150 milhões com o programa de maximização de custo.

A empresa também apontou queda de preços de frete, de químicos e combustíveis, que subiram demais na pandemia, como importantes para a redução do custo caixa.