“Sell off” da Bolsa com Lula leva Petrobras, Cemig e Eletrobras a queda de 4%

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa na tarde desta quinta-feira

Paula Barra

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O mercado acelerou as perdas nesta quinta-feira (25) repercutindo o pedido de habeas corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As ações das estatais foram uma das mais penalizadas com a notícia. Os papéis da Eletrobras, Cemig e Petrobras apareceram entre as maiores quedas do Ibovespa. Embora o instituto Lula tenha negado que o ex-presidente entrou com o recurso, o mercado reagiu, aumentando defensivas, em meio a incertezas quanto ao impacto dos desdobramentos da Operação Lava Jato sobre o ex-presidente e o PT de forma geral. 

No índice, apenas 16 das 66 ações tiveram ganhos nesta tarde. Confira abaixo os principais destaques desta sessão:

Estatais
As ações das estatais acentuaram as perdas nesta tarde em meio à tensão que tomou conta do mercado após pedido de habeas corpus preventivo. Nas maiores quedas do Ibovespa, apareceram as ações da Cemig (CMIG4, R$ 11,54, -4,15%), Eletrobras (ELET3, R$ 6,02, -3,99%; ELET6, R$ 8,67, -3,02%) e Petrobras (PETR3, R$ 13,98, -4,38%; PETR4, R$ 12,60, -4,55%).

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No radar da Petrobras ainda, segundo o Globoa companhia vai alterar a forma de divulgação dos próximos planos de negócios. No lugar de uma entrevista coletiva com executivos da estatal e detalhamento de todos os pontos, haverá apenas a publicação na internet, como fazem outras companhias, para evitar o acesso de pontos estratégicos da petroleira para os concorrentes. A diretoria da estatal apresentará ao conselho de administração três propostas de corte nos investimentos para o período de 2015 a 2019: R$ 44,1 bilhões, R$ 66,2 bilhões e R$ 88,2 bilhões.

Ainda sobre a petroleira, em audiência que durou cerca de uma hora e meio, o juiz americano Jed Rakoff disse que decidirá em até duas semanas o destino da ação coletiva de investidores que se sentiram lesados pela Petrobras. Durante a audiência, a Petrobras alegou que o assunto não pode ser julgado nos Estados Unidos. Os investidores que entraram com a ação, liderados por um fundo de pensão com sede em Liverpool, na Inglaterra, alegam que o escândalo de corrupção apurado na operação Lava Jato reduziu em vários bilhões de dólares o valor de mercado da Petrobras.

Cemig
Já sobre a Cemig, ontem as ações da elétrica desabaram 8% após 
decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) negar pedido de renovação de concessão da hidrelétrica de Jaguara. Em comunicado, a companhia disse que respeita a decisão e aguarda a publicação do resultado do julgamento para tomar as medidas judiciais cabíveis. Desde a decisão, as ações da Cemig já caíram 11,83%. 

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O Santander afirma que a notícia é negativa “já que companhia terá menos energia para vender no mercado à vista e compensar o impacto negativo do déficit da produção hidrelétrica”. Assim, os investidores provavelmente pedirão uma nova estratégia da administração para o futuro da Cemig “já que o guidance divulgado em maio inclui a renovação dos contratos de concessão”. 

Vale e siderúrgicas
As ações das companhias mineradoras e de siderurgia intensificam as perdas nesta tarde. A Vale (VALE3, R$ 19,32, -2,42%; VALE5, R$ 16,50, -3,23%), CSN (CSNA3, R$ 5,34, -4,47%) e Usiminas (USIM3, R$ 14,80, -5,55%; USIM5, R$ 4,24, -3,64%). Destoou um pouco do movimento os papéis da Gerdau (GGBR4, R$ 7,53, -0,40%), embora também registrassem perdas. Hoje, o preço do minério de ferro caiu 0,54%, a US$ 62,19, no porto de Qingdao, na China. 

No noticiário do setor, a Gerdau suspenderá temporariamente os contratos de 100 trabalhadores da sua fábrica em Charqueadas, na região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O motivo da suspensão é a baixa demanda, já que o principal cliente é a indústria automobilística, informa o jornal O Estado de S. Paulo.

Já sobre a CSN, segundo a coluna Radar, da Veja, a reconciliação entre a siderúrgica e o governador do Rio de Janeiro, Fernando Pezão, continua. Depois do governador do Rio visitar a sede da empresa, agora foi a vez da dupla Benjamin Steinbruch e Ciro Gomes irem ao Palácio da Guanabara. Além de uma dívida bilionária com o governo carioca, Pezão recentemente autuou a CSN por infrações ambientais.  

Transmissão Paulista (TRPL4, R$ 39,20, -2,02%)
A notícia de que algumas mudanças de metodologia estudadas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) poderiam afetar os negócios de companhias de transmissão de energia geraram cautela no mercado e pressionam, principalmente, as ações da Transmissão Paulista, que já desabam 6,5% desde a véspera. 

Na terça-feira, a agência reguladora havia anunciado que iniciaria uma audiência pública para discutir a transferência das Demais Instalações de Transmissão (conhecidas como DITs dentro do setor) das companhias de transmissão para as distribuidoras. Essa categoria é composta por linhas que podem operar em tensões abaixo dos usuais 230 kV. A notícia pode trazer impactos significativos nos resultados da companhia paulista.

“Apesar de a transferência fazer sentido do aspecto técnico, é importante que ocorra nas condições certas”, alertaram os analistas do BTG Pactual em relatório a clientes. As projeções deles são de que a companhia perca R$ 237 milhões das Receitas Anuais Permitidas para concessionárias de transmissão de energia elétrica. “Se nossos números de lucratividade estão certos, a transferência iria tirar R$ 2,00 por ação TRPL4, o que corresponde a uma desvalorização de 4,77% em comparação com o fechamento do último pregão.

Marfrig (MRFG3, R$ 5,38, -2,18%)
Após registrar forte alta de 46,87% desde o dia 8 de junho e ver seus papéis subirem ainda mais após a venda da Moy Park para a JBS, as ações da Marfrig registram seu segundo dia de baixa na Bovespa. Desempenho negativo que também acompanhou a JBS (JBSS3, R$ 15,35, -3,82%): terceira queda consecutiva das ações. Analistas comentaram nos últimos dias que, embora a compra da Moy Park tenha um efeito neutro para a ação, o papel vem caindo por conta do receio do mercado de que a Operação Lava Jato chegue no frigorífco.    

Na segunda, analistas ressaltaram que a venda é positiva para a Marfrig, já que ajuda a diminuir sua alavancagem, e neutra para a JBS. Na ocasião, o Bank of America Merrill Lynch elevou a recomendação da Marfrig de underperform (desempenho abaixo da média) para compra, com novo preço-alvo de R$ 7,00 por ação. 

Sabesp (SBSP3, R$ 15,74, -0,82%)
As ações da Sabesp caem pelo terceiro pregão consecutivo. 
A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta quinta-feira financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de R$ 747,45 milhões para obra da Sabesp de interligação das represas de Jaguari (Bacia do Paraíba do Sul) e Atibainha (Sistema Cantareira), em São Paulo. 

Os recursos serão destinados a apoiar a interligação das represas, com o objetivo de aumentar a disponibilidade hídrica do sistema de abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo, com a recuperação das represas do Sistema Cantareira, segundo comunicado do BNDES. O custo total da obra será de R$ 830,5 milhões. Além do empréstimo do banco, o volume de recursos restante será investido pela própria Sabesp. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, descartou a possibilidade de haver rodízio de água neste período seco, principalmente porque estão sendo feitas obras para aumentar a oferta de água já nos próximos meses.

Marcopolo (POMO4, R$ 2,41, -3,21%)
As ações da Marcopolo registraram queda forte hoje. No radar da empresa, o Conselho de Administração aceitou pedido do diretor geral, José Rubens de la Rosa, para antecipar seu processo sucessório, tendo nomeado Francisco Gomes Neto em sua substituição.

Gomes Neto, anteriormente vice-presidente das Américas da Mann Hummel, passará a exercer a função a partir de 3 de agosto, segundo comunicado divulgado pela Marcopolo nesta quinta-feira.

BTG (BBTG11, R$ 29,19, -2,21%)
O BTG Pactual viu suas ações registrarem nova baixa após caírem 3,7% ontem na Bovespa. Na véspera, as ações haviam caído em meio à notícia de que um bilhete de Marcelo Odebrecht destinado aos seus advogados e que foi apreendido citava o nome de André Esteves, controlador e presidente do BTG Pactual.

Telefônica (VIVT4, R$ 43,47, +0,86%) e TIM (TIMP3, R$ 10,60, +1,53%)
Em um dia negativo na Bovespa, as ações do setor de telefonia registraram altas hoje. O tema da consolidação no setor de telecom voltou à cena depois que a francesa Vivendi informou que elevou sua participação na Telecom Italia, tornando-se a maior acionista da empresa controladora da TIM, possuindo agora 14,9% das ações ordinárias da Telecom Italia, e substituiu a Telefónica como a maior acionista da companhia.

Em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, o presidente-executivo da Vivendi, Arnaud de Puyfontaine, não descartou a venda da TIM Brasil: “somos muito abertos e flexíveis: o importante é tomar uma decisão que traga valor no longo prazo”. 

Bancos 
Em meio ao cenário de tensão com relação à Grécia e os números piores do que o esperado com relação à economia, com destaque hoje para a queda da arrecadação de impostos, em 4%, os bancos têm um novo dia de queda.

Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 34,35, -1,72%), Bradesco (BBDC3, R$ 27,70, -0,43%; BBDC4, R$ 28,62, -0,63%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 23,58, -1,26%) e Santander (SANB11, R$ 16,63, -1,42%) tiveram um novo dia de queda na Bovespa. 

Veja também: Esqueça Itaú e Bradesco: Santander vai do inferno ao céu após “troca” de ações

Direcional (DIRR3, R$ 4,80, +3,45%)
Driblando as perdas da bolsa, as ações da Direcional caminharam para sua terceira alta seguida. Contribui para a alta da empresa o relatório divulgado pelo BTG Pactual, que iniciou a cobertura do setor imobiliário e colocou a Direcional entre as três ações que ele recomenda compra.

Vale mencionar que as outras duas empresas com a mesma recomendação estão vendo suas ações caírem hoje: Eztec (EZTC3, R$ 14,91, -3,87%) e Even (EVEN3, R$ 3,28, -0,61%).

Daycoval (DAYC4, R$ 9,14, +19,63%)
As ações do Banco Daycoval dispararam após a companhia anunciar ao mercado que pretende fazer uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) pelas ações com intuito de cancelamento de registos da companhia. 

Segundo fato relevante divulgado na quarta-feira (24) após o fechamento o mercado, os controladores – Sasson Dayan, Salim Dayan, Carlos Moche Dayan, Morris Dayan e Rony Dayan – querem pagar R$ 10,00 por ação, o que equivale a um prêmio de 30,89% em relação a cotação de fechamento das ações  que foi de R$ 7,64.

O alvo da OPA são 62.009.312 ações e levando em conta o preço por ação, de R$ 10,00, o preço desembolsado pelos acionistas será de mais de R$ 620 milhões. Porém a oferta será realizada somente se o valor correspondente ao piso da faixa do preço por ação for igual ou inferior ao preço por ação. 

O motivo da OPA é a baixa liquidez da ação e que o cancelaramento de registro e a saída do nível 2 do mercado resultará em benefício ao acionista minoritário.

Analistas do BTG Pactual calculam, em relatório, o valor total da transação em cerca de R$ 620 milhões, se oferta for totalmente aceita por minoritários. O BTG espera que maior parte da oferta seja financiada pelos controladores e o processo completo pode demorar 4-6 meses.  “Não vemos capital ratio do banco caindo abaixo de 16% após transação”.