Santander (SANB11): Pico da inadimplência já passou, diz CEO

Executivo reforçou conservadorismo da carteira do banco, ainda que veja chances de crescer em linhas mais arriscadas

Mitchel Diniz

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Uma das informações mais aguardadas nos resultados do Santander Brasil (SANB11) referentes ao segundo trimestre de 2023 eram os dados de inadimplência. O banco reportou um crescimento considerado marginal na carteira de empréstimos não performados com mais de 90 dias, de 3,2% em março para 3,3% ao final de junho. O avanço já era esperado – mas os investidores já olhavam para frente: queriam saber se a inadimplência havia chegado ao pico.

Nesse sentido, a mensagem do CEO do Santander Brasil, Mario Leão, foi animadora. “A gente está confortável em dizer que o pico da geração da inadimplência já passou”, afirmou, respondendo às perguntas dos jornalistas após a apresentação dos resultados.

“Se muda de forma material o cenário macro de novo, para pior, naturalmente o portfolio vai se comportar de forma menos benigna, mas não estamos observando isso”, complementou.

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Desde 2021, o Santander Brasil tem adotado uma postura mais conservadora em relação à concessão de crédito. Leão afirma que o banco vai manter o foco em empréstimos com garantia, como consignado, financiamento imobiliário e crédito rural. Admite que o banco quer crescer linhas nas quais aceitou cair, mas sem abrir o apetite de forma ampla.

Usando o exemplo do cartão de crédito, Leão disse que o banco poderá voltar a oferecer limites que não vem oferecendo – mas, para clientes que já estão na base do Santander. Segundo o executivo, o objetivo do banco é maximizar rentabilidade de bases de cliente, com segmento de alta renda e empresas.

“É bom crescer a base, mas essa não é uma corrida sobre quem tem mais cliente. É sobre ter mais vinculação e principalidade”, afirmou o CEO.

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O executivo também expressou o desejo do banco em fazer com o que o retorno sobre patrimônio (ROE) retorne aos patamares de outrora, entre 15% e 20%, mas reconhecesse que isso vai levar “um certo número de trimestres”.

“Certamente não será este ano que o retorno sobre patrimônio vai chegar aos níveis desejados”, afirmou. Sem dar guidance, o executivo diz que o banco quer recuperar ROE com um portfólio de negócios diferente, menos dependente de baixa renda e mar aberto.

“Não vamos buscar cliente mar aberto com a mesma fome que tivemos no passado”, disse o CEO. “Clientes novos são bem vindos mas vamos sempre buscar aquisição qualificada”.

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Os números do Santander Brasil no 2T23

O Santander reportou lucro líquido recorrente foi de R$ 2,309 bilhões no segundo trimestre, montante 45% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2022.

O retorno gerencial sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) foi de 11,24% no 2T23, queda de -961 pontos-base quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

A margem financeira bruta do banco, que reflete os ganhos com operações que rendem juros, foi de R$ 13,579 bilhões, alta de 6,3% em um ano. O desempenho foi puxado pela margem com mercado, que apresenta o resultado da tesouraria do banco. Houve nova perda, de R$ 843 milhões, mas o número foi 44% melhor que o observado um ano antes, e 28% mais forte que o do trimestre anterior.

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Na visão dos analistas, o Santander Brasil apresentou melhora em seus números, mas ainda tem longo caminho a percorrer.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados