Santander (SANB11): inadimplência estabiliza, mas queda nas margens financeiras e provisionamento maior preocupam

Lucro superou estimativa de algumas casas, mas foi puramente "não operacional", segundo analistas

Mitchel Diniz

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As units do Santander (SANB11) abriram o pregão desta quinta-feira (28) em queda de mais de 2%, mas logo se recuperaram e terminaram a sessão em alta de 2,51%, a R$ 28,54. A volatilidade dos papéis ocorreu após a divulgação dos resultados do banco no segundo trimestre, divulgados hoje, antes da abertura do mercado.

No período, o Santander registrou uma queda anual de 2,1% no lucro gerencial (recorrente), para R$ 4,08 bilhões. O número veio acima da média projetada pelo consenso Refinitiv, de R$ 3,88 bilhões, mas ficou abaixo do que algumas casas previam.

O Bradesco BBI, por exemplo, esperava uma cifra de R$ 4,250 bilhões na linha final do balanço. Resultados como o retorno sobre investimento (ROE, que veio em 20,8%) e a margem financeira líquida (NII, de R$ 7,029 bilhões) frustraram as projeções da casa.

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“O NII mais fraco refletiu perdas significantes em operações de mercado devido à sensibilidade negativa às taxas de juros, apesar de boas margens com clientes, enquanto os gastos com provisões ficaram bem acima das nossas expectativas”, escreveram os analistas.

Santander: margem financeira

A margem financeira do Santander em operações com mercado ficou negativa em R$ 1,513 bilhão no segundo trimestre. “Eu não esperaria um número positivo para 2022”, disse Angel Santodomingo, diretor financeiro e de relações com investidores do Santander Brasil, em teleconferência com analistas.

No entanto, segundo o executivo, a margem negativa das operações de mercado deve continuar sendo compensada pelo desempenho positivo da margem com clientes. No segundo trimestre, essas receitas cresceram 3,1% na comparação com os três primeiros meses do ano, chegando a R$ 14,288 bilhões.

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Provisões

As despesas do Santander com provisões de empréstimos inadimplentes (PDD) cresceram 72,8% na comparação com o mesmo período do ano passado, para R$ 5,745 bilhões. Mas os executivos do banco chamaram atenção para a estabilização da inadimplência. Os índices de 15 a 90 dias  (4,2%) e acima de 90 dias (2,9%), consolidando Pessoa Física e Jurídica, ficaram estáveis em relação ao primeiro trimestre.

“É uma situação que não acontecia desde o segundo trimestre de 2020”, disse  Santodomingo. Segundo ele, a melhora no indicador reflete a estratégia de expansão cautelosa da carteira de crédito que cresceu 2,9% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, para R$ 468,538 bilhões.

Santodomingo disse ainda que o crescimento do índice de cobertura do banco, de 215% no primeiro trimestre para 224%, no segundo é exemplo de um “equilíbrio sólido”, fruto de esforços de provisionamento.

Balanço com impacto de decisões judiciais

Comparando com o primeiro trimestre de 2022, o lucro recorrente do Santander cresceu 2%. “Mas a ligeira expansão entre um trimestre e outro foi provocada, principalmente, por impactos de decisões judiciais, a reversão de provisões civis e trabalhistas e menores impostos no período”, pontuou o BBI.

Ainda que a casa reconheça que a margem financeira líquida do banco veio positiva, os analistas destacam que o aumento dos gastos com provisionamento em um momento de estabilidade da inadimplência pode ser uma distorção provocado por um alto volume de renegociações. O Bradesco BBI tem classificação neutra para SANB11 e preço-alvo de R$ 37.

Avaliações mistas dos resultados

Os analistas Renan Manda e Matheus Guimarães, da XP, avaliam que o Santander apresentou resultados saudáveis, mas com alguma deterioração na qualidade geral. “Embora possamos ver uma reação positiva para a ação, esperamos que a pressão contínua em sua margem financeira e provisões mais altas impeçam resultados melhores ​​no curto prazo”, afirmam. A XP tem recomendação de venda para SANB11 e preço-alvo de R$ 30,14.

O Itaú BBA avalia que o resultado do banco no segundo trimestre foi negativo, ainda que o lucro recorrente tenha vindo acima da cifra projetada pela casa, de R$ 3,6 bilhões. Para os analistas, porém, o resultado mais forte foi puramente “não operacional”. A casa também chama atenção para o alto volume de renegociações, na casa de R$ 4 bilhões.

O ROE, ainda que tenha sido estável em relação ao primeiro trimestre, não deve ser visto como um vetor de valor pelo mercado, segundo os analistas. Por outro lado, o BBA chama atenção para a queda de 1,9% nas despesas operacionais do banco.

“O opex menor não vai necessariamente ser visto em outros bancos, mostrando que o Santander pode ser competitivo em momentos de receitas mais fracas”, afirma a equipe de análise. O BBA tem avaliação market perform para SANB11 e preço-alvo de R$ 39,05.

O Credit Suisse acredita que o resultado pode ser negativo para as ações e também disse que a qualidade do lucro do banco é baixa. A redução dos custos operacionais foi ofuscada por uma margem financeira líquida mais baixa e custos com provisionamentos.

“Após os resultados de Santander, reiteramos Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) como nossos top picks“, dizem os analistas. A avaliação do Credit para SANB11 é neutra, com preço-alvo de R$ 35.

O Morgan Stanley, por sua vez, destacou o lado positivo do balanço: a estabilidade dos índices de inadimplência. A avaliação da casa para SANB11 é overweight.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados