Santander quer dobrar crédito para empresas, mas lembra que não está imune ao macro

Executivos afirmam que a instituição financeira tem agenda de crescimento pronta - mas também depende de demanda de crédito

Mitchel Diniz

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Durante a apresentação para analistas dos resultados do quarto trimestre de 2024, considerados positivos pelo mercado, o Santander Brasil (SANB11) deixou clara sua intenção de dobrar o tamanho de sua carteira de pessoa jurídica (PJ) em pequenas e médias empresas nos próximos anos. Porém, grifou que esse deverá ser um crescimento cauteloso e seletivo, levando em consideração o cenário macroeconômico, que levou a um crescimento da inadimplência de curto prazo nesse segmento.

“A gente tem quase R$ 80 bilhões em carteira [de pequenas e médias] aqui e podemos ter R$ 150 bilhões daqui a alguns anos. A gente também pode crescer em alguns milhões, continuamos direcionalmente voltados para isso”, afirmou Mario Leão, CEO do Santander Brasil, ressaltando que “estratégia é algo que visa horizonte de cinco a dez anos”.

A carteira de crédito ampliada do Santander totalizou R$ 682,693 bilhões no 4T24, um aumento de 6,2% na comparação ano a ano.

O Santander terminou 2024 com 69,5 milhões de clientes. Houve um crescimento de 8% em clientes ativos e de 15% em correntistas que tem o banco como principal instituição financeira.

Em conversa com os jornalistas, o executivo deixou claro que o banco vai priorizar rentabilidade, extraindo mais valor da base de clientes já existente.

Leão lembra que o Santander chegou a ser chamado de “menos ambicioso” em termos de crescimento de sua carteira total por alguns analistas, devido à sua postura mais cautelosa em relação à expansão.

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“A gente já via sinais de que não fazia sentido pensar em crescimento de dois dígitos de crédito – e eu continuo achando isso”, disse o executivo. “Onde a gente quis crescer a gente cresceu, até mais que o mercado. […] Eu escolhi crescer na financeira, eu escolhi crescer em pequenas empresas”. Leão afirma que a agenda de crescimento do banco está sendo trabalhada.

“Sob a ótica das carteiras, a gente quer crescer e estamos preparados para isso. Fizemos os ajustes necessários e agora depende mais da demanda”, complementou Gustavo Alejo, CFO. “Estamos tecnicamente ajustados para um ano de 2025 que pode ter várias características”.

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“A gente tem trazido novos clientes de melhor qualidade, na média, do que a gente tinha antes”, disse o CEO. “Não temos buscado um mar aberto amplo e irrestrito”. Recentemente, o banco extinguiu a marca Van Gogh, migrando o cliente de “média alta” renda para o Select, junto com os correntistas de alta renda.

“A gente investiu muito em redesenhar nosso processos de crédito, a disciplina é diária. Com o macro desafiador, como está agora, vamos continuar fazendo testes e tomando decisões todos os dias”, afirmou Leão. “Vamos continuar sendo bastante seletivos com o input adicional de um macro um pouco mais difícil”.

Leão disse disciplina não quer dizer freio ao crescimento. “Estamos nos cobrando a ter tecnicidade e rigor cada vez mais altos na gestão”, explicou.

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O CEO do Santander Brasil lembrou que “todos os bancos têm sensibilidade ao macro”, mas diz que a instituição tem trabalhado para ter uma sensibilidade menor ao cenário, sobretudo os juros, com operações de hedge. Ainda assim, Leão acredita que o atual cenário ainda não tem um “impacto material” para o banco.

No crédito massificado, Leão afirma que a agenda é de crescimento com foco em rentabilidade. “Isso não quer dizer que vamos crescer em todos os produtos e no mesmo ritmo que fizemos nos últimos anos”.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados