Rússia e Ucrânia indicam avanço em negociações; Zelensky fala em conversas ‘mais realistas’

Porta-voz do Kremlin disse que é possível chegar a um entendimento para a Ucrânia assumir um 'status neutro' — ou seja, não fazer parte da Otan

ANSA Brasil

Ucrânia no mapa (Imagem: Getty Images)

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Após quase três semanas de guerra, Rússia e Ucrânia deram sinais de avanço nas negociações nesta quarta-feira (16), embora os dois lados reconheçam que ainda estão longe de chegar a um ponto em comum.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que as conversas com os russos agora estão “mais realistas” e que “todas as guerras terminam com um acordo”. “Com certeza há espaço para compromissos, mas ainda precisamos de tempo para que as decisões sejam no interesse da Ucrânia”.

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O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que é “possível” chegar a um entendimento para a Ucrânia assumir um “status neutro” — ou seja, não fazer parte da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

O modelo é inspirado em Áustria e Suécia, que não integram a aliança militar, mas estão alinhadas com o Ocidente no campo geopolítico. “Essa é uma opção que está sendo discutida agora e que pode ser considerada um compromisso”, afirmou o porta-voz do regime de Vladimir Putin.

Mas Mikhailo Podolyak, assessor de Zelensky, disse em seu canal no Telegram que a “Ucrânia está em guerra direta com a Rússia e o modelo só pode ser ucraniano”, sem copiar outro país.

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“O que isso significa? Em primeiro lugar, garantias absolutas de segurança. Isso significa que os signatários das garantias não ficariam de fora no caso de um eventual ataque à Ucrânia, como acontece hoje, mas teriam um papel ativo no conflito e nos abasteceriam com suprimentos imediatos e a necessária quantidade de armas”, explicou Podolyak.

Além disso, o assessor do presidente destacou que a Ucrânia precisa de “garantias firmes e diretas” de que o espaço aéreo do país será interditado no caso de uma eventual agressão.

Na terça-feira (15), o próprio Zelensky admitiu publicamente pela primeira vez que a Ucrânia não poderia fazer parte da Otan, uma das exigências da Rússia para interromper a invasão. “É a verdade e isso precisa ser reconhecido”, afirmou o presidente na ocasião.

A Rússia também cobra a desmilitarização do país vizinho e o reconhecimento da soberania da região do Donbass e da anexação da Crimeia pelo país em 2014 (as duas regiões têm uma grande quantidade de habitantes russos).

Em pronunciamento nesta quarta, o premiê do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou já ter dito “claramente” a Putin que a Ucrânia “não entrará na Otan no futuro próximo”. “Mas as decisões sobre o futuro da Ucrânia cabem ao povo ucraniano e ao presidente Zelensky, seu líder eleito — e nós o apoiaremos”.

Milhões de refugiados e crianças mortas

Até o momento, a guerra na Ucrânia já deixou cerca de 3,1 milhões de refugiados, sendo que 1,9 milhão fugiu pela fronteira com a Polônia, o principal país de destino dos deslocados.

A Rússia domina importantes territórios no sudeste ucraniano e, na manhã desta quarta, usou navios para bombardear o litoral de Odessa, que tem o principal porto do país e é a terceira maior cidade (com cerca de 1 milhão de habitantes).

Com o cerco a Mariupol e a queda de Kherson, o desembarque russo em Odessa é tido como iminente. Segundo Zelensky, quase 30 mil pessoas foram evacuadas das regiões de Sumy, Kharkiv e Donetsk só na terça, sendo 20 mil em Mariupol, que está cercada pelas tropas da Rússia e por rebeldes do Donbass.

As Forças Armadas da Ucrânia também denunciaram novos bombardeios contra prédios residenciais em Kiev (a capital), Kharkiv (a segunda maior cidade do país) e Zaporizhzhia (que tem a maior usina nuclear da Europa, já tomada pelos russos logo no começo da guerra).

A invasão da Rússia já matou ao menos 103 crianças e deixou mais de 100 feridas, segundo a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova. “Os invasores matam pelo menos cinco crianças a cada dia”.