Reação às decisões de Fed e Copom; IGP-M, arrecadação e mais destaques desta 5ª

Confira os assuntos econômicos, corporativos e políticos que devem mexer com os mercados nesta quinta-feira (19)

Equipe InfoMoney

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Como esperado, o Federal Open Market Comittee (FOMC) do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil apresentaram suas decisões de corte e de alta das taxas de juros, respectivamente.

Por lá, o Fed cortou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual na quarta-feira, dando início ao que se espera que seja um ciclo firme de flexibilização da política monetária, com uma redução maior do que a habitual nos custos de empréstimos, em movimento que vem após crescente inquietação com a saúde do mercado de trabalho.

“O Comitê (Federal de Mercado Aberto) adquiriu maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2% e julga que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão mais ou menos equilibrados”, disseram formuladores de política monetária em sua declaração, que teve a divergência da diretora Michelle Bowman, que defendeu um corte de apenas 0,25 ponto percentual.

Em coletiva à imprensa após a decisão, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que não vê nenhuma indicação de recessão ou mesmo de uma desaceleração econômica à frente. “Não vejo nada na economia agora que sugira que a probabilidade de uma recessão — desculpe, de uma desaceleração — seja elevada”. Powell afirmou, ainda, que, mesmo que as pressões inflacionárias tenham claramente diminuído, ele não está pronto para dizer que as pressões sobre os preços definitivamente arrefeceram.

“Não estamos dizendo que a missão está cumprida ou algo parecido” quando se trata de levar a inflação de volta a 2%, disse Powell em coletiva de imprensa após a mais recente reunião de política monetária do Fed. “Mas devo dizer que estamos animados com o progresso que fizemos” para levar a inflação de volta à meta, disse ele.

Já por aqui, o Copom decidiu elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano, em decisão unânime de sua diretoria, passando a ver um cenário com risco mais elevado de alta da inflação à frente.

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“O Comitê avalia que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação”, afirmou o Comitê de Política Monetária (Copom) em comunicado.

No comunicado, o BC ressaltou que o ritmo de ajustes futuros nos juros básicos e a magnitude total do ciclo agora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da dinâmica dos preços no país “em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

Após os anúncios, das decisões, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica do Federal Reserve veio atrasado, mas deve iniciar um ciclo de cortes duradouro que deve seguir “sem surpresas” em 2025 e 2026 e que dará alívio doméstico ao Brasil.

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Questionado por jornalistas na Fazenda sobre a alta de 0,25 ponto percentual na taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, Haddad disse que não se surpreendeu com o ajuste, mas que não irá comentá-lo até ler a ata da reunião. Hoje, as atenções se voltam para a reações do mercado e do dólar após as movimentações de ontem.

Para analistas de mercado, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de curto prazo devem passar por ajustes limitados nesta quinta. A alta de 25 pontos-base, conforme os profissionais, já era largamente esperada e estava precificada na curva a termo, o que limita os ajustes nas negociações de quinta-feira. Ainda assim, o tom do comunicado foi considerado hawkish (duro com a inflação), não descartando a possibilidade de aumento de 50 pontos-base da Selic no próximo encontro do colegiado, em novembro, caso a evolução da inflação e das expectativas não sejam favoráveis.

No mercado de câmbio, os profissionais avaliam que o viés para a quinta-feira é de queda do dólar ante o real, ainda que com intensidade limitada.

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Dólar, Ibovespa e juros: como o mercado reagirá nesta 5ª às decisões de Fomc e Copom?

O que vai mexer com o mercado nesta quinta

Agenda

O ministro Fernando Haddad se reunirá, na parte da tarde, com Edimilson Alves, Diretor Executivo da ABIFUMO. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, e outros diretores da autarquia participam de café da manhã com Caio Oliveira de Sena Bonfim, Medalhista Olímpico, em evento fechado à imprensa. Já o presidente Lula cumpre agenda no Maranhão, onde participa da cerimônia de assinatura do Termo de Conciliação, Compromissos e Reconhecimentos Recíprocos, relativo ao Acordo de Alcântara.

Brasil

8h – FGV: IGP-M (2a prévia) (set)
10h – CNI: Sondagem da Indústria da Construção
10h30 – Arrecadação federal de agosto

EUA
9h30 – Índice de atividade do Fed Filadélfia (set)
9h30 – Pedidos de auxílio desemprego (semanal)
11h – Vendas casas usadas
15h – Tesouro: Resultado Fiscal Mensal (ago)

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Reino Unido

8h: BoE decide política monetária

China

22h30 – PBoC decide sobre juros

Mercados Internacionais

Os índices futuros dos Estados Unidos operam em alta nesta quinta-feira (19), devido às expectativas de que o corte de 0,5 ponto percentual na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) guiará a maior economia do mundo em direção a um pouso suave. A taxa passou a oscilar dentro de uma banda entre 4,75% e 5,00%.

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As bolsas da Ásia-Pacífico também fecharam em alta, com investidores avaliando a decisão do Fed de cortar as taxas de juros em meio ponto percentual. O Banco Central de Hong Kong também reduziu sua taxa básica de juros pela primeira vez em quatro anos após o corte do Fed.

X voltou?

Uma atualização da rede social X tornou a plataforma acessível a muitos usuários no Brasil nesta quarta-feira, contornando uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que havia suspendido o uso do aplicativo no país após descumprimento de ordens judiciais pela empresa do bilionário Elon Musk.

Usuários do X relataram o acesso às contas da plataforma desde a manhã. Um dos que aproveitou a brecha foi o ex-presidente Jair Bolsonaro, que, em uma longa postagem, chegou a criticar indiretamente o ministro do STF Alexandre de Moraes, responsável pela decisão de bloqueio do X.

Economia

Saídas criativas


Diante de restrições do arcabouço fiscal, a gestão Luiz Inácio Lula da Silva passou a implementar saídas criativas para aumentar gastos, além de incorporar receitas ao Orçamento sem a concordância do Banco Central, com especialistas apontando riscos à credibilidade das contas do governo.

Somente do início de agosto até agora, o governo criou sob pressão das redes sociais uma renúncia tributária para medalhistas olímpicos, apresentou modelo para financiar um bilionário vale-gás fora do Orçamento e orientou aprovação no Congresso de medida que incorpora dinheiro esquecido nos bancos como reforço para atingir a meta fiscal -nos três casos em dissonância com normas fiscais vigentes.

“Por um lado tem uma tentativa de flexibilizar regras para cumprir a meta fiscal no papel, mas conseguir gastar mais. E por outro lado, há também um esforço de estimular o financiamento de políticas públicas por fora das despesas primárias via mecanismos de financiamento,” disse o economista e pesquisador do Insper Marcos Mendes.

Lula: economia vai crescer mais de 3,5%

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que a economia brasileira vai crescer ao menos 3,5% este ano, acima das mais recentes estimativas do mercado e do próprio governo.

“A economia vai crescer acima de 3%, e vai chegar acima de 3,5%”, disse Lula em discurso durante cerimônia de sanção da Lei Geral do Turismo, no Palácio do Planalto.

Analistas consultados pelo Banco Central na mais recente pesquisa Focus estimaram projeção de crescimento de 2,96% do PIB brasileiro neste ano.

Política

Proposta de paz para Rússia e Ucrânia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou na quarta-feira por telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e ambos debateram a proposta de Brasil e China para colocar fim à guerra entre Rússia e Ucrânia, informou o Palácio do Planalto em nota.

De acordo com o comunicado, Lula e Putin também discutiram sobre a reunião dos Brics que será realizada em outubro na cidade russa de Kazan, além de outros temas da agenda bilateral entre os dois países.

Financiamento de aéreas

 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta quarta-feira a nova Lei Geral do Turismo, que permite o financiamento do setor aéreo com um aporte de 6 bilhões de reais por meio do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), informou o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor).

“O novo normativo garantirá aporte de 6 bilhões de reais ao modal de transporte aéreo por meio de financiamento às companhias brasileiras. Os recursos serão transformados em melhorias para elevar a qualidade do turismo e melhor experiência dos passageiros”, disse o ministério em nota.

Administrado pelo MPor, o fundo poderá ser utilizado por empresas aéreas para empréstimos, aquisição de querosene de aviação e para o desenvolvimento de projetos de combustíveis renováveis.

Corporativo

H&M no Brasil

A rede sueca de moda H&M irá abrir as primeiras lojas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro na segunda metade de 2025, de acordo com reportagem do jornal Valor. As primeiras unidades serão inauguradas nos shoppings da Allos (ALOS3), Iguatemi (IGTI11) e Multiplan (MULT3).

Recuperação judicial

 A AgroGalaxy Participações (AGXY3) informou na quarta que seu conselho de administração aprovou ajuizamento de pedido de recuperação judicial da companhia.

O pedido foi ajuizado em segredo de Justiça e será oportunamente submetido à ratificação de assembleia de acionistas, disse a companhia.

(Com Reuters, Estadão e Agência Brasil)