Por que o Ibovespa caiu “apenas” 0,38% mesmo com a turbulência na Petrobras?

Resultados e principalmente alta no exterior restringiram perdas do mercado por aqui, ainda que o Ibovespa tenha ficado de fora do dia de forte ânimo global

Equipe InfoMoney

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A turbulência na Petrobras (PETR3;PETR4) com a saída do CEO Jean Paul Prates trazendo incerteza para a companhia afetou a Bolsa brasileira nesta quarta-feira (15). O Ibovespa, benchmark da Bolsa brasileira, chegou a cair 1,16%, ameaçando perder os 127 mil pontos, mas passou a registrar uma baixa modesta no início da tarde que se prolongou até o fim da sessão, enquanto os ativos PETR3 e PETR4 caíram entre 6% e 7%. O Ibovespa fechou em baixa de 0,38%, a 128.027 pontos, dando a sensação de um pregão relativamente tranquilo para quem olhasse apenas para os números do fim do dia.

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Algumas fatores explicam essa reação a princípio modesta, sendo que algumas passam a ter por uma avaliação sobre as mudanças na Petrobras. Ainda que a saída repentina de Prates e a indicação de Magda Chambriard desencadeiem receios sobre interferência política na estatal, também há a avaliação de parte dos analistas de mercado de que a política de dividendos e de preços de combustíveis não deve ser alterada. Este é o caso da Bradesco BBI, que vê que eventuais mudanças geralmente são fontes de embate que podem potencialmente entrar em conflito com a Lei das Estatais do Brasil e/ou com acionistas minoritários e autoridades legais locais/internacionais (como a SEC).

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“Se o diagnóstico estiver correto, as ações poderão se recuperar gradualmente, como em casos anteriores de momentos agitados para a Petrobras”, avaliou o banco. Assim, ainda que em forte queda, as ações da Petrobras amenizaram as perdas de mais de 9% registradas na mínima do dia, o que também ajudou a diminuir as perdas do índice.

Além disso, algumas ações repercutiram o noticiário micro, caso de JBS (JBSS3), que disparou após uma avaliação positiva dos resultados.

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Mais importante ainda, o noticiário externo também restringiu as perdas na sessão, ainda que não as tenha evitado. Nos EUA, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,3% no mês passado, após avançar 0,4% em março e fevereiro, de acordo com o Departamento do Trabalho. Nos 12 meses até abril, o índice teve alta de 3,4%, de 3,5% em março. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,4% no mês e de 3,4% no comparativo anual.

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice subiu 0,3% em abril, de alta de 0,4% em março. Em 12 meses, o núcleo aumentou 3,6%. Esse foi o menor avanço anual desde abril de 2021 e seguiu-se a um aumento de 3,8% em março.

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Após os dados, os contratos futuros dos juros nos EUA precificavam chance de 73% de um corte na taxa de juros norte-americana pelo Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve, em setembro, de 69% antes do relatório.

“Ao todo, os dados de inflação continuam a mostrar rigidez nas categorias de serviços, o que pode ser uma restrição para o início do ciclo de flexibilização no curto prazo”, ponderou Francisco Nobre, da XP Macro. “Ainda assim, quando se analisa a vasta gama de indicadores da atividade e do mercado de trabalho, torna-se mais claro que a economia global dos EUA está arrefecendo, o que deverá eventualmente reduzir as pressões sobre os preços”, afirmou.

Ainda na pauta norte-americana, as vendas no varejo ficaram estáveis em abril, ante previsão no mercado de alta de 0,4%, com preços mais altos da gasolina afetando as compras de outros produtos, indicando perda de força dos gastos do consumidor.

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Com isso, os mercados acionários globais saltaram enquanto os rendimentos dos Treasuries caíram para mínimas de cinco semanas nesta quarta, com alívio por aqui e impulsionando principalmente ações sensíveis a juros na B3, caso de construção e varejo. Mas, vale ressaltar que a Bolsa brasileira, mesmo tendo um certo alívio, ficou de “fora da festa” global após os dados americanos. O índice de referência S&P 500 e o índice de tecnologia Nasdaq registraram recordes de fechamento nesta quarta-feira, com ambos avançando mais de 1%, enquanto por aqui o Ibovespa teve queda.

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“É possível dizer que a decisão tende a trazer efeitos também para o quadro macro, em um momento que já era difícil, com o Copom rachado na decisão sobre a Selic em maio e toda a situação no Rio Grande do Sul”, afirma o economista André Perfeito.

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, avalia que uma troca de comando como foi o caso dessa, por pressão política, é ruim na visão do investidor estrangeiro, que quando aloca em bolsa brasileira tem preferência por ações de empresas que possuem boa liquidez dentro do mercado doméstico. “Da mesma forma que é mais fácil dele ingressar na nossa bolsa comprando esse tipo de empresa, a saída também é mais fácil”, ressaltou.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)