Preocupação com coronavírus aumenta e derruba mercados pelo mundo: o que fazer agora?

Equipe de análise da XP destaca importância de um portfólio diversificado para lidar com forte volatilidade do mercado

Lara Rizério

Passageiros em viagem na pandemia (Crédito: Cleber Mendes/ Agência O Dia/ Estadão Conteúdo)

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SÃO PAULO – A sessão desta quarta-feira (26) é de baixa bastante expressiva para a bolsa brasileira na volta do Carnaval. Durante as duas sessões em que a bolsa brasileira esteve fechada, o índice de ADRs brasileiro Brazil Titans 20 registrou forte queda de 6,71%, enquanto o ETF brasileiro EWZ teve baixa de 6,33% em meio aos temores cada vez maiores com a disseminação do coronavírus. Os ativos brasileiros negociados no exterior acompanharam os mercados globais, que também tiveram queda entre 6% e 7% nas duas últimas sessões (veja mais clicando aqui).

Após semanas de recorde, as altas nas bolsas americanas começaram a deteriorar à medida que as cadeias de suprimento globais se mostraram mais impactadas do que o inicialmente previsto e com o brusco crescimento dos casos confirmados fora da China. No fim de semana, a preocupação aumentou depois que uma onda de casos foi relatada na Coreia do Sul, Irã e Itália, gerando paralisação de algumas atividades nos países, enquanto as autoridades tentam manter os recentes surtos sob controle.

Conforme destacou em relatório a XP Investimentos, tal movimento dos mercados mostrou uma corrida clara para ativos de menor risco, sendo quatro os principais indicadores dessa elevada aversão. Tratam-se de i) procura por títulos americanos, fazendo com que o rendimento de dez anos atingisse o menor nível da história, a 1,328%, ii) o forte rali no ouro, que atingiu na segunda-feira o maior valor em sete anos, próximo de US$ 1.700, iii) grande aumento da volatilidade, com o índice VIX atingindo o seu nível mais alto desde 2018, em 26,6% e iv) a alta do dólar, por conta de fluxos elevados de capitais para mercados de menor risco.

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A equipe de análise da XP ressalta que, nos últimos dias, moedas de países como África do Sul, Turquia, Rússia, Chile e outras perderam entre 1% e 2% de valor frente ao dólar, o que também pode se repetir por aqui. “Esperamos que a cotação do dólar siga pressionada frente ao real brasileiro, dado que os fundamentos seguem suportando a moeda americana”, avalia.

Em meio ao surto de coronavírus se espalhando por outros países e elevando os temores sobre os efeitos na economia global, Alberto Bernal, estrategista macro global da XP, destacou que os governos no mundo devem agir para conter não só a propagação da doença, mas os severos impactos na atividade no primeiro trimestre. Assim, tanto Europa quanto China devem elevar o nível de estímulos à economia no curto prazo, podendo aliviar os impactos quando forem anunciados.

Nesta quarta-feira, o governo de Hong Kong já anunciou um pacote de auxílio de quase US$ 1.300 para cada residente permanente que tiveram suas finanças impactas pelo vírus e pelos protestos que se alastraram por Hong Kong no final de 2019, totalizando quase US$ 10 bilhões de injeção de liquidez na economia local. “Esse pode ser apenas o primeiro sinal de vários outros estímulos que virão em outros países”, destaca Bernal.

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Volatilidade e impacto para o investidor

Durante esse período de forte volatilidade e aversão ao risco do mercado, o que o investidor deve fazer? Conforme destaca a XP, é muito importante manter uma carteira diversificada, com exposição não apenas a renda variável, ajudando o investidor a tolerar a volatilidade de preços no curto prazo.

No curto prazo, a expectativa é de que haja fortes baixas das ações da Bolsa. Porém, empresas com bons fundamentos devem se manter sólidas no longo prazo.

Enquanto o coronavírus se propaga, a principal preocupação para as empresas no prazo mais curto se refere ao potencial impacto que uma desaceleração econômica, a partir das economias impactadas pelo coronavírus, possa ter em seus resultados. Os principais sinais foram dados no setor de tecnologia na última semana, após a Apple afirmar que não atenderá às projeções de receita para o trimestre por conta do coronavírus.

Para o mercado brasileiro, caso os impactos do surto se prolonguem no médio prazo, a pressão deve continuar principalmente para ações ligadas à economia global, como empresas de commodities – caso de Suzano (SUZB3), Vale (VALE3) -, frigoríficos exportadores – caso de JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3), BRF (BRFS3) -, companhias aéreas e de turismo- como Gol (GOLL4), Azul (AZUL4) e CVC (CVCB3) -, além de empresas domésticas de consumo que possam ter seus resultados deteriorados a depender do impacto para a economia brasileira.

Por outro lado, avalia a equipe de análise, ações de empresas reguladas, como elétricas e saneamento, podem ser boas oportunidades, já que não são dependentes da economia e pagam dividendos robustos.

Conforme destacou Warren Buffett em entrevista à CNBC e em carta aos investidores da Berkshire Hathaway, o longo prazo não mudou com o coronavírus. Porém, o curto prazo deve ser de forte volatilidade para os mercados.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.