Por que projetos DeFi como Aave e Curve querem ter suas próprias stablecoins?

Movimento mostra a importância desses ativos e da inovação que a concorrência impulsiona dentro das criptomoedas

CoinDesk

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*Por Daniel Kuhn

Há uma velho ditado que diz que é preciso ter três exemplos para que algo seja considerado uma tendência. Bem, ao menos duas plataformas proeminentes baseadas em Ethereum (ETH) estão projetando novas stablecoins – o que mostra a importância desses ativos e da inovação que a concorrência impulsiona dentro das criptomoedas. No mínimo, é mais do que uma moda passageira.

No domingo, os membros da comunidade Aave (AAVE) votaram a favor do desenvolvimento de uma stablecoin nativa, chamada “GHO”, para a plataforma de empréstimos descentralizada.

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O movimento acontece cerca de uma semana depois que Michael Egorov, fundador do protocolo open source Curve (CRV) confirmou que sua equipe estava trabalhando em seu próprio ativo com preço estável.

Stablecoins são um tipo de token em blockchain que busca paridade com moedas fiduciárias, como o dólar ou o euro. Normalmente, em finanças descentralizadas (DeFi), onde atuam Aave e Curve, esses tokens são equilibrados com uso de “supercolaterais” em cripto. Em outras palavras, há mais criptomoedas no protocolo do que a stablecoin vale.

As stablecoins também são inconfundivelmente uma das inovações mais importantes do universo cripto e, historicamente, uma de suas subeconomias de mais rápido crescimento. Hoje, há mais de US$ 150 bilhões em stablecoins em circulação, de acordo com o provedor de dados CoinGecko.

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Dois ativos atrelados ao dólar de empresas/consórcios centralizados concorrentes, Tether (USDT) e USD Coin USDC, representam mais de dois terços desse mercado.

O universo DeFi já possui uma série de stablecoins, que servem como parte fundamental dessa economia descentralizada. Elas são usadas em pares de negociação, como forma de proteger o capital das flutuações de preços e obter rendimento por meio de empréstimos. A maior e mais antiga stablecoin “nativa do DeFi” é a DAI, da plataforma MakerDAO (MKR).

Embora todas as stablecoins baseadas em blockchain permitam negociações sem intermediários, as stablecoins verdadeiramente descentralizadas são executadas por algoritmos – e não por empresas formais –, e se alinham mais com o espírito cripto da inclusão financeira programável.

Tether e Circle às vezes bloqueiam transações ou endereços, por exemplo, o que é visto como negativo por parte da comunidade mesmo que seja para combater fraudes.

Por que o uso de stablecoins faz sentido

A ideia de entrar no mundo das stablecoins parece fazer sentido do ponto de vista de negócios para os protocolos Aave e Curve. Nenhum dos tokens foi ainda construído, mas ambos provavelmente gerarão receitas e atrairão usuários para a plataforma.

No caso da Aave, o objetivo é cobrar juros sobre empréstimos feitos em “GHO”, com esse rendimento indo para a organização autônoma descentralizada (DAO) dessa plataforma. Os tomadores também poderão ganhar juros sobre a garantia que colocarem para cunhar o token.

Proposto pela Aave como uma melhoria do protocolo, 99,9% dos usuários apoiaram a ideia. Enquanto isso, os usuários da Curve também passaram a apoiar uma stablecoin nativa para o protocolo, em meio a uma “guerra de stablecoins”. Na Curve, contudo, o lançamento ainda não foi votado formalmente.

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Depois que a equipe de desenvolvedores da Curve começou a falar publicamente sobre seus planos, a comunidade do protocolo Aave aparentemente foi estimulada a votar na “GHO”.

Ser o primeiro pode ter suas vantagens. Todas as guerras de stablecoins são, em linhas gerais, uma “luta” dentro do DeFi sobre qual token pode atrair mais usuários e manter mais liquidez para garantir sua estabilidade de preço.

Dito isso, a Aave foi criticada no passado por se expandir para uma ampla gama de mercados não relacionados – como mídias sociais. Embora uma stablecoin possa gerar lucros e oferecer outras vantagens aos usuários, ela também tem o potencial de enfraquecer a marca principal – a Aave, afinal, é um protocolo de empréstimos, algo distinto de uma stablecoin.

Todo cuidado é pouco

A situação, embora ainda não seja uma tendência, lembra um pouco o “Verão DeFi” de 2020, quando diversos protocolos lançaram tokens de governança. Seria interessante ver o que acontece com o mercado de stablecoins subcolateralizadas (que têm garantias menores do que seu valor de mercado) se mais protocolos entrarem no jogo, principalmente em um momento em que o capital e os usuários estão saindo de ativos de risco.

Também vale a pena lembrar o quão feio foi aquele verão, com protocolos sendo lançados especificamente para sugar os usuários de concorrentes usando premiação com novos tokens.

Não cabe a mim dizer se os usuários ou o DeFi como um todo seriam melhor atendidos se a MakerDAO fosse menos proeminente – ou se cada exchange descentralizada tivesse uma stablecoin nativa, como a Binance Coin (BNB) é para a Binance.

Por ora, a promessa do DeFi é a de que os mercados abertos impulsionam a inovação, mesmo que haja riscos maiores. E provavelmente é muito cedo para chamar o mercado de supersaturado até que a exchange Sushi, que gerou intriga no passado por tentar imitar a Uniswap (UNI) sem sucesso, decida cunhar sua própria stablecoin.

* Daniel Kuhn é repórter e editor-assistente da seção de Opinião do CoinDesk. Ele também escreve um resumo diário de notícias e escreve uma coluna duas vezes por semana na newsletter “The Node”, do CoinDesk.

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