Por que as exchanges descentralizadas são importantes para o mercado cripto

As DEXs, como também são chamadas, oferecem os mesmos serviços que as corretoras centralizadas, mas com algumas vantagens

CoinDesk

(Bianca Holland/Pixabay)

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*Por Jackson Wood

Em 2012, como um estudante de economia entusiasmado, decidi que queria investir parte do dinheiro que tinha em Bitcoin (BTC). Era um processo complicado que envolvia dirigir até o Walmart e enviar uma ordem de pagamento na MoneyGram para uma empresa chamada ZipZap, que então enviaria meu dinheiro para uma firma chamada BitInstant.

Depois de algumas semanas, a BitInstant depositaria meu BTC em minha carteira na exchange japonesa Mt. Gox. Todo o processo levou mais de três semanas, e eu sempre me perguntei como essa moeda digital inovadora iria substituir a concorrência com um procedimento tão demorado e complexo.

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Logo após minha primeira experiência com Bitcoin, exchanges centralizadas como Coinbase, QuadrigaCX e Bitstamp entraram em cena. Essas empresas tinham contas bancárias, o que significava que estavam essencialmente conectadas ao sistema financeiro moderno e facilitavam significativamente a compra de criptomoedas.

Essas corretoras centralizadas pareciam funcionar perfeitamente – mas isso durou pouco tempo. Em 2014, a Mt. Gox foi atacada e mais de 850 mil Bitcoins foram roubados. A Bitstamp foi hackeada em 2015 e a plataforma de negociação de criptomoedas BTC-e foi fechada em 2017. Já a infame QuadrigaCX foi hackeada – por seu proprietário e CEO – em 2018 e foi fechada, tendo perdido todas as moedas de seus clientes no ano seguinte.

Nem todas as exchanges centralizadas tiveram problemas. Muitas que atualmente estão em funcionamento têm operações comerciais bem-sucedidas, bem como clientes satisfeitos. Essas corretoras, no entanto, também têm pontos negativos. Elas são obrigadas a obedecer às normas de Know your customer (KYC, na sigla em inglês) do país em que residem, têm limites em termos de tamanho de ordens no book de ofertas e exigem que o usuário confie no negócio, algo muitas vezes visto como negativo por usuários antigos de criptomoedas.

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A combinação dessas questões, juntamente com o desenvolvimento dos smart contracts (contratos inteligentes autoexecutáveis), deu origem a uma solução elegante: uma plataforma construída inteiramente no mercado cripto de maneira totalmente descentralizada – uma exchange descentralizada, conhecida também pela sigla DEX.

Quais são os benefícios das DEXs

DEXs são contratos inteligentes muito complexos, mas têm objetivos simples: fornecer liquidez para quem deseja negociar criptomoedas. A DEX mais popular é a Uniswap (UNI), que foi construída inteiramente na blockchain do Ethereum (ETH). A Uniswap oferece uma plataforma de negociação descentralizada para qualquer usuário que deseja negociar tokens baseados em Ethereum.

As DEXs têm alguns benefícios significativos em relação às exchanges centralizadas. Elas não exigem KYC e operam 24 horas por dia, 7 dias por semana. Elas também fornecem aos investidores a possibilidade de fazer “yield farming” (bloqueio de criptos para ganhar juros), processo que facilita as negociações na DEX em troca de uma pequena taxa.

E o código do contrato inteligente (a Uniswap foi escrita com a linguagem de programação Solidity) é aberto e transparente, permitindo que os nativos do setor cripto simplesmente verifiquem o software em vez de confiar em um negócio centralizado.

DEXs, no entanto, também têm algumas desvantagens. Nelas, as transações são irrevogáveis, e os usuários só podem negociar ativos em uma única cadeia – a Uniswap está apenas no Ethereum, por exemplo. Além disso, nessas exchanges há um risco permanente de “rug pull”, um tipo de fraude em que os desenvolvedores “vendem” um projeto como sério e atraem vários compradores, mas depois liquidam suas posições e somem, deixando os investidores no prejuízo.

Como essas DEXs funcionam

As exchanges centralizadas (tanto as do setor cripto como do mercado tradicional) usam livro de ofertas, um sistema que funciona bem há mais de dois séculos. As DEXs, por outro lado, utilizam duas inovações para fornecer serviços a seus usuários: pools de liquidez e criadores de mercado automatizado (AMM, na sigla em inglês).

Essencialmente, as DEXs fornecem liquidez – conjuntos de ativos emparelhados – que os traders podem usar para trocar um token por outro. Os pools de liquidez são contratos inteligentes que os traders utilizam para entrar e sair de certos tokens com base em seus objetivos. Já os formadores de mercado automatizado são contratos inteligentes complexos dentro dos smart contracts do pool de liquidez. Em resumo, eles controlam o preço de certos pares de negociação de criptomoedas e aumentam ou diminuem o valor com base na oferta e demanda no mercado.

O contrato inteligente que rege os pools de liquidez conta com uma fórmula específica para determinar o preço de cada token. A fórmula é X * Y = K. X e Y são representados por tokens e K representa a constante. Esta fórmula rege essencialmente todo o processo.

Os pools não oferecem aos traders apenas acesso à liquidez descentralizada, mas também oportunidades de investimento para aqueles que desejam fazer staking (prática de manter as criptomoedas na rede para ganhar recompensas). Quando um usuário troca ativos por meio de um pool, uma taxa muito pequena é paga aos indivíduos que estão fornecendo a liquidez.

Para colocar isso em termos comuns do mercado tradicional, aqueles que contribuem com capital ganham essencialmente uma taxa semelhante à de um formador de mercado. Os pools de liquidez, especialmente os novos, oferecem rendimentos muito altos aos investidores. Esse conceito é chamado de yield farming, e fornece oportunidades de renda para aqueles que entendem o processo.

No quarto trimestre de 2021, por exemplo, a Uniswap processou US$ 238,4 bilhões em negócios, um aumento de 61% em relação ao terceiro trimestre. Um total de US$ 681,1 bilhões foi negociado por meio de pools de liquidez da DEX em 2021.

Aprendizado

A principal conclusão é que as DEXs fornecem todos os mesmos serviços que as exchanges centralizadas, mas o fazem de maneira anônima e sem a necessidade de confiar em uma terceira parte. A tecnologia agora permite que isso exista fora de qualquer setor regulamentado e aumenta o acesso a esses serviços financeiros para todos.

Antes da criação do Ethereum, os traders eram forçados a usar um sistema centralizado para trocar e negociar qualquer ativo. Os contratos inteligentes abriram as portas para um sistema financeiro totalmente aberto e sem necessidade de confiança que, se usado corretamente, tem a chance de trazer benefícios econômicos a todos os participantes.

*Jackson Wood é consultor financeiro da Freedom Day Solutions.

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