Por que a adesão da BlackRock é decisiva para as criptomoedas

Gestora de recursos com US$ 10 trilhões sob gestão prepara entrada no mercado cripto

CoinDesk

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*Por George Kaloudis

Ler qualquer reportagem ou dado sobre o mercado de criptomoedas é como olhar para dentro de uma casa a partir de várias janelas diferentes: pode ser uma perspectiva útil, mas nenhuma dessas visões, por si só, vai oferecer o panorama geral.

No artigo desta semana, eu quis trazer três histórias aparentemente desconexas da semana passada e uni-las.

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O tapete mágico de Aladdin

Ian Allison, repórter do CoinDesk, relatou que a BlackRock, gestora de recursos com US$ 10 trilhões sob gestão, pode estar planejando oferecer trading de criptomoedas para seus clientes através da Aladdin, plataforma integrada de gestão de investimento da empresa.

Isso vai de encontro ao que Larry Fink, CEO da BlackRock, disse em julho do ano passado, quando indicou que havia “pouca demanda“ dos clientes para os ativos de criptomoedas — não é tão surpreendente assim, dado que esses clientes incluem fundos de pensão, dotações e outros tipos de capitais conservadores com horizontes infinitos.

No entanto, uma das fontes entrevistadas afirmou: “Eles estão vendo o fluxo que as outras pessoas têm e querem começar a ganhar dinheiro com isso”. Ainda assim, é um pouco surpreendente a oferta potencial da Aladdin aparentar se estender além do Bitcoin (BTC), embora não esteja claro que outros “ativos de criptomoedas” a BlackRock vai oferecer a seus clientes. O BTC se estabeleceu como o ativo blue chip das criptomoedas (ou seja, o de maior valor) em 2020, na época em que a MassMutual realizou uma compra de US$ 100 milhões da moeda.

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Talvez a BlackRock tenha mudado de ideia quando o valor total de mercado das criptomoedas se fixou entre US$ 1,5 trilhão e US$ 3 trilhões no ano passado. Ou quando a Jump Trading finalmente entrou no universo cripto, em setembro de 2020.

Um outro motivo: filhos da geração Z importunaram tanto seus pais ricos com essa história de criptomoedas que a chave virou. O catalisador não é importante, mas a notícia é. A BlackRock não iria explorar algo se não houvesse demanda. Além disso, a Aladdin equipa o backoffice com pelo menos US$ 20 trilhões de ativos, equivalente a 10% das ações e dos títulos. E não dá pra ignorar a magnitude da BlackRock dizer, um dia, que “criptomoedas são OK”. 

Eu sei que investidores são pensadores independentes, mas não é de todo mal quando uma gigante de US$ 10 trilhões corrobora suas opiniões.

Aonde vai o Bitcoin?

Desde 22 de janeiro deste ano, a quantidade de Bitcoin em exchanges tem diminuído todos os dias. Essa métrica do relatório semanal da casa de análise Glassnode chamou minha atenção.

Esse tipo de coisa acontece em ciclos para o Bitcoin. Algumas vezes, investidores não querem se arriscar, então vendem as moedas, o que aumenta a entrada em exchanges. Outras vezes, eles querem segurar, então as saídas de exchanges aumentam.

Não é à toa que esse período de três semanas de saídas aconteceu durante a subida do BTC de US$ 33 mil para US$ 45 mil, já que uma menor quantidade de Bitcoins em uma exchange, em teoria, diminui a pressão para vender.

Tem alguém vendendo Bitcoin?

Se tiver, certamente não é a mineradora de capital aberto Marathon (MARA). Pelo menos foi o que a empresa tuitou no dia 14 de fevereiro, em resposta a um artigo da Bloomberg que deu a entender que mineradoras estavam vendendo moedas, um “preocupante indício de comoção financeira”. Em teoria, mineradoras lucram ao minar Bitcoin e imediatamente vendê-lo pela moeda local para pagar as despesas (a maioria dos proprietários de imóveis e das contas de energia e água não aceitam dinheiro mágico da internet). Na realidade, várias dessas empresas com grande capital não precisam vender Bitcoin o tempo todo.

Ainda assim, apesar do tuíte da Marathon, as mineradoras de fato venderam moedas a partir de 5 de fevereiro até o último final de semana, após acumulação desde 19 de novembro. Mas a atividade não chega a ser “preocupante”.

Períodos mais curtos de vendas de patrimônio por parte de mineradoras não estão muito associados com o tipo de fraqueza de preço que preocuparia um investidor experiente. Além disso, o último período prolongado de vendas por mineradoras foi de janeiro a março de 2021, época acentuada pela incrível performance de preço e a primeira vez que o Bitcoin bateu US$ 60 mil. 

Tudo está delicadamente conectado

Essas três últimas narrativas estão levemente ligadas.

Algumas pessoas acham que os bitcoiners estão tentando reconstruir o sistema financeiro com código e que, ao longo do caminho, esses programadores estão descobrindo por que as coisas são do jeito que são. Em parte, eu concordo, mas na maioria das vezes discordo. O Bitcoin é diferente e o sistema que esses desenvolvedores estão construindo tem sua própria categoria. É justamente por isso que faz todo sentido a BlackRock se envolver com Bitcoin e outras criptomoedas.

As mineradoras são a infraestrutura comercial do Bitcoin. Sem elas, as transações não aconteceriam e novos Bitcoins não seriam emitidos. No entanto, não são as mineradoras que facilitam os livros de ofertas que precificam o BTC em dólar, Ether, Dogecoin ou qualquer outra. Isso fica a cargo das exchanges, dos traders e dos market makers (os formadores de mercado).

Alguns veem as mineradoras como análogas ao Federal Reserve e Departamento do Tesouro americano, cunhando moedas para circulação na economia. Também são comparadas à Visa, porque permitem pagamento de transações. Mas nem tanto. A questão é: o Bitcoin não se encaixa perfeitamente em nenhuma das categorias que temos.

Empresas suplementares às mineradoras incluem exchanges de criptomoedas que facilitam a negociação no mercado secundário de ativos cripto. Exchanges são importantes — estão entre as empresas mais valiosas do setor — pois fornecem valor relativo ao Bitcoin e, portanto, aos diversos ativos alternativos inspirados nele.

Em seu papel de gestora de ativos, a BlackRock se considera uma das partes mais importantes na facilitação do trading do mercado de valores imobiliários do governo, que fortalece a política monetária dos Estados Unidos. Essa é uma posição digna de se vangloriar na economia global. Dito isto, além de ajudar a movimentar instrumentos financeiros conforme a necessidade do Fed, a BlackRock participa de outras empresas suplementares onde pode lucrar, como comprando e vendendo ações, commodities e imóveis em nome desses negócios ou de seus investidores.

Mas a BlackRock ainda é só isso: uma empresa suplementar do Fed e da máquina econômica. Uma empresa suplementar com um bastante capital (e casas). No fim das contas, as criptomoedas apenas representam uma nova classe de ativos em que a gestora ainda não teve o prazer de lucrar. É por isso que parece estar se estendendo além do Bitcoin. A BlackRock ainda não precisa de criptomoedas, mas não faz mal se envolver agora.

*George Kaloudis é analista da CoinDesk Research.

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