Petrobras (PETR4): Fim de venda de ativos e possível recompra de refinaria seriam negativas para tese da estatal, diz Citi

Petroleira anunciou ontem a desistência de vendas de diversos polos, enquanto notícias apontam que a empresa estuda recompra da refinaria de Mataripe

Camille Bocanegra

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - MAY 12: A person walks by The Petroleo Brasileiro SA (Petrobras) headquarters on May 12, 2023 in Rio de Janeiro, Brazil. Brazilian President Lula Da Silva said on Thursday that his administration is working to reduce the price of gas in Petrobras and that the government will keep its stake at the company. (Photo by Buda Mendes/Getty Images)
RIO DE JANEIRO, BRAZIL - MAY 12: A person walks by The Petroleo Brasileiro SA (Petrobras) headquarters on May 12, 2023 in Rio de Janeiro, Brazil. Brazilian President Lula Da Silva said on Thursday that his administration is working to reduce the price of gas in Petrobras and that the government will keep its stake at the company. (Photo by Buda Mendes/Getty Images)

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Enquanto há um maior otimismo recente do mercado com a Petrobras (PETR4), os analistas também destacam os riscos para a tese da estatal, sendo um dos maiores o plano de investimentos (e desinvestimentos) da companhia.

Assim, o recente anúncio de desistência de venda de diversos ativos, entre eles o polo Bahia Terra para o consórcio entre PetroReconcavo (RECV3)-Eneva (ENEV3), pode ser vista como uma má notícia para investidores, de acordo com relatório do Citi.

Na segunda, a petrolífera anunciou o fim do processo que previa a venda dos polos Bahia Terra, Urucu e Campo de Manati, assim como a Petrobras Operaciones (S.A.), subsidiária da estatal na Argentina.

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Em análise do anúncio, o Citi entende que o fim do plano de desinvestimento, somado à possível recompra da Refinaria de Mataripe (ex-Rlam), podem trazer impacto negativo para a tese de investimento da Petrobras.

“Nós acreditamos que a companhia deveria seguir o foco na exploração de ativos nas áreas de pré-sal e águas profundas, devido ao melhor retorno e bom histórico”, disse o banco.

O Citi relembrou ainda que, quando cortou a recomendação para os ADRs (recibo de ações negociado na Bolsa de Nova York) da estatal, no começo de agosto, mencionou que um dos maiores riscos para a tese de investimento dizia respeito ao plano de investimentos da empresa e ao retorno dos novos investimentos. O banco tem recomendação neutra para os ADRs PBR (equivalente aos ordinários), com preço-alvo de US$ 14, ou um valor 3% abaixo do fechamento da véspera.

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Acordo com Mubadala Capital aproximaria de refinaria

A possível recompra da antiga Rlam ganhou destaque após comentários de apoio de Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, e de notícias de que a negociação estaria mais próxima de ocorrer neste sentido após acordo com o grupo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes, anunciado na véspera.

De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, a recompra da refinaria na Bahia seria estudada pela nova gestão da Petrobras desde “o primeiro dia”. Como apurou a agência, a parceria sobre negócios de biorrefino aproximaria as partes para futuros movimentos na direção da estatal retomar o ativo.

Na segunda, a estatal anunciou a assinatura de um MoU (memorando de entendimentos) com Mudabala na área de biocombustíveis. Isso de forma a desenvolver estudos abrangendo futuros negócios no segmento de downstream.

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“Para que o Brasil aumente as vendas de bioprodutos, a regulamentação deve evoluir para permitir fontes diversificadas, rompendo com o lobby de algumas indústrias”, entendeu o Bradesco BBI sobre a parceria em si.

Contudo, os olhos do mercado estão voltados para um possível movimento da estatal para recomprar a ex-Rlam. Segundo a Reuters, recomprar o ativo do Mubadala, vendido ao fim de 2021 durante o governo Bolsonaro, dependerá primeiramente de avanços em negociações da petroleira junto ao órgão antitruste Cade, com quem a estatal havia se comprometido a vender todas as suas refinarias fora dos Estados do Rio e São Paulo, disseram as fontes.

Investimentos é um dos pilares da tese para Petrobras

Em agosto, quando quatro grandes bancos (Bradesco BBI, BTG Pactual, Bank of America e UBS BB) elevaram a recomendação das ações da estatal de neutra para compra, a estratégia de investimentos, junto com a disciplina de capital, era um dos pilares da tese de investimento, como contamos aqui. 

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Outros pontos analisados pelas instituições foram a política de dividendos e a política de preços. Os riscos, contudo, foram considerados menores do que o imaginado.

Em relação aos investimentos, tanto o BTG quanto o UBS BB avaliavam que a empresa muitas vezes não atinge o guidance de capex e que, mesmo em um cenário de alta do gasto do capital, ainda assim o balanço seguiria saudável.

“Contudo, estamos assumindo que eles não alterarão a estrutura de alavancagem e a alocação de capital da Petrobras no curto/médio prazo”, entendia o BTG Pactual. Os riscos maiores esperados eram principalmente relacionados à governança, destacou a análise.

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Para o UBS BB, a possibilidade de despesas de caixa inesperadas poderiam impactar o potencial de dividendos.

Nesta segunda, a ação da Petrobras fechou em queda mas, na manhã da terça, apresentava recuperação, também seguindo o avanço nos preços do petróleo.