Petrobras (PETR4) desiste oficialmente de vender polo para PetroReconcavo – mas RECV3 fecha em alta

A estatal anunciou hoje encerramento de processo de desinvestimento em diversos polos, medida que já era esperada pelo mercado

Camille Bocanegra

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A Petrobras (PETR4) informou nesta segunda (4) o encerramento do processo de desinvestimento em diversos polos, como Bahia Terra, Urucu e do Campo de Manati. Como esperado por analistas, a venda do polo Bahia Terra para o consórcio formado por PetroReconcavo (RECV3) e Eneva (ENEV3) não se concretizou.

Entre os motivos da descontinuidade do processo, a estatal, em nota, citou “a aderência estratégia ao portfólio, bem como o perfil de rentabilidade”. Entre os ativos atingidos pela medida, está também a Petrobras Operaciones (S.A), subsidiária da petrolífera na Argentina.

Novos elementos estratégicos

Na nota, a Petrobras também informou que os contratos de venda ainda não haviam atingido o momento da assinatura e que a decisão foi tomada com base em “novos elementos estratégicos aprovados pelo Conselho de Administração”. Vale lembrar que o presidente da companhia, Jean Paul Prates, já havia sinalizado que a venda poderia não ocorrer, de fato.

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A decisão é parte da revisão da política de venda de ativos da Petrobras, que tem sido revista desde a mudança de governo. Pela nota divulgada, a medida faz parte da nova estratégia da estatal no segmento da Exploração e Produção.

“A companhia deverá ‘maximizar o valor do portfólio com foco em ativos rentáveis, repor a reservas de óleo e gás, inclusive com a exploração de novas fronteiras, aumentar a oferta de gás natural e promover a descarbonização das operações’ “, diz a nota oficial.

Em relação aos demais ativos, a Petrobras esclareceu que a permanência no portfólio será alvo de reavaliações periódicas, considerando premissas de rentabilidade, aderência estratégia, oportunidades de descarbonização e estágio de vida produtiva. Caso haja demais processos de desinvestimentos aprovados, a estatal garantiu que serão comunicados ao mercado.

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Segundo o Goldman Sachs, não houve surpresa no anúncio, uma vez que o posicionamento da companhia indicava a mudança de sentido em relação aos processos de desinvestimento.

“Acreditamos que o anúncio de hoje está alinhado com os comentários da Petrobras sobre a reavaliação das vendas de ativos e corrobora nossa visão de que é mais provável que prossiga com os processos que já foram assinados antes da mudança na gestão”, afirmou o Goldman Sachs em relatório.

No setor, a PRIO (PRIO3) continua sendo a principal escolha para o banco. Para PetroReconcavo, a recomendação é neutra, enquanto há indicação de compra para Petrobras.

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Reação neutra para RECV3

Em relação ao impacto para PetroReconcavo, já havia a expectativa, por parte do banco, de que a reação do mercado fosse neutra, uma vez que a transação já não constava nos modelos de análise das ações. O relatório também destacou que não houve, por parte da Petrobras, a exclusão da possibilidade de estabelecimento de parceria com a PetroReconcavo, o que beneficiaria a companhia.

A hipótese também havia sido comentada por Marcelo Magalhães, CEO da PetroReconcavo. Magalhães reconheceu, em agosto passado, que havia a possibilidade de estabelecimento de parceria estratégica ou, até mesmo, uma compra de fatia minoritária por parte da RECV3.

A ação Petrobras PN fechou em queda nesta segunda, com baixa de cerca de 1,04%, enquanto as ações da RECV3 fecharam com avanço de 1,36%, a R$ 23,88 (hoje também marcou a estreia das ações no Ibovespa). Já a Eneva caiu 0,75%.