Petrobras (PETR4): as falas de Joaquim Silva e Luna um dia após a sua demissão da estatal

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes também se pronunciaram sobre a troca do militar por Adriano Pires, anunciada na noite de segunda-feira

Equipe InfoMoney

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Um dia após a sua demissão da Petrobras (PETR3;PETR4), que ainda será oficializada após a Assembleia da estatal a ser realizada em 13 de abril, Joaquim Silva e Luna deu diversas declarações em evento, que podem ser entendidas como recados para os responsáveis pela sua saída da estatal, apesar do até agora CEO da companhia não ter falado abertamente sobre a sua demissão.

Ele discursou nesta terça-feira (29) durante a inauguração da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados da Justiça Militar da União, no Superior Tribunal Militar (STM), em Brasília.

Silva e Luna reservou-se a dizer aos jornalistas que o motivo de sua demissão é “complexo”. “Vou passar por um período de silêncio. Pretendo conversar com toda a imprensa, colocar informações e tirar dúvidas, até pela reputação da empresa que pode estar sendo arranhada”, respondeu, ao confirmar que fica no cargo até o dia 13.

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O executivo ressaltou ainda que a empresa não exerce mais o monopólio e que precisa praticar preços de mercado. A poucos dias de deixar o cargo, ele reforçou o que vem falando insistentemente nos bastidores: “A aplicação de preços de mercado garante o abastecimento do País.”

O CEO demitido da Petrobras explicou que outros importadores não trazem cargas para o mercado brasileiro se a Petrobras praticar preços abaixo do praticado lá fora, e que por isso é necessário manter os preços dos combustíveis alinhados com o mercado externo.

“É preciso que o abastecimento deixe de ser uma preocupação e passe a ser uma oportunidade para outros agentes”, disse ele ao encerrar sua fala.

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Dificuldades de explicar preços para a sociedade

Ele ainda afirmou que, passados 25 anos da abertura do setor de petróleo e gás natural, a Petrobras ainda tem dificuldade de explicar para a sociedade que precisa operar como uma empresa privada, já que compete com outras petroleiras no mercado interno e internacional. Dessa maneira, justificou Silva e Luna, a estatal não pode fazer política pública nem partidária, o que, segundo o general, “tem gente que não entende”.

Silva e Luna lembrou que, em 2018, a empresa recebeu R$ 6,8 bilhões do governo para segurar os preços do diesel e acabar com a greve dos caminhoneiros, que chegou a parar o País, dando a entender que, como segue os preços do mercado, uma redução deveria vir novamente do governo, e não da estatal.

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Destacou ainda que as decisões na Petrobras não são monocráticas e que existem 21 órgãos de controle fiscalizando suas ações, sendo uma das empresas mais controladas do mundo, afirmou.

“Decisões tomadas são coletivas, não há lugar para aventureiros”, afirmou Silva e Luna, destacando que pelo desempenho dentro das regras do livre mercado a estatal recebeu no ano passado nove prêmios de conformidade e governança.

Para ele, o Brasil “não pode correr riscos de tabelar preços de combustíveis”. Silva Luna apontou que o fato de as empresas internacionais não estarem se interessando em leilões no setor no País se deve ao fato de o mercado ficar com “medo de intervenção no preço da empresa”.

“Todo mundo se recolheu”, disse o presidente da companhia, referindo-se a leilões realizados no ano passado.

“Empresas que tabelaram combustíveis tiveram perda de capacidade de investimento”, afirmou o presidente da estatal aos militares. “Essa dívida ‘monstra’ da Petrobras foi de tabelamento de preço.”

Silva e Luna defendeu que riscos a desabastecimento e estabilidade regulatória dos preços afasta o investidor da empresa e do mercado de óleo e gás no Brasil.

Bolsonaro e Guedes também se pronunciam

A saída do general da reserva ocorre após Bolsonaro ter criticado a alta de cerca de 25% no preço do diesel anunciada pela Petrobras no início do mês, quando também reajustou o valor da gasolina em quase 19%, na esteira da alta do petróleo no mercado internacional.

Questionado em meados deste mês, Bolsonaro afirmou que existia a “possibilidade” de substituição de Luna.

Silva e Luna será o segundo presidente da Petrobras a deixar a companhia devido a rusgas envolvendo preços de combustíveis. Em 2021, o então presidente da estatal Roberto Castello Branco saiu em condições semelhantes.

Para o lugar do militar foi indicado o economista Adriano Pires, também contrário à interferência do governo na estatal.

O presidente Jair Bolsonaro classificou como “coisa de rotina” a segunda demissão de um presidente da Petrobras em seu governo. “É coisa de rotina, sem problema nenhum”, destacou, depois de ser questionado pelo representante de um canal bolsonarista nas redes sociais que registra todas as manhãs suas interações com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a privatização da estatal não está na agenda, depois de o governo ter anunciado a indicação de Pires para a presidência da companhia. Pires é defensor histórico da paridade de preços da Petrobras em relação às cotações internacionais, e já defendeu a privatização da companhia.

Ainda segundo Guedes, a mudança da presidência da Petrobras não é um fator importante.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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